Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

QUE TAL UMAS PAPAS DE XERÉM?

As papas fazem parte da tradição gastronómica algarvia e eram antigamente frequentes na mesa dos camponeses, utilizando naturalmente a farinha de milho moído em pequenas mós, movidas com a força do braço dentro de uma alcofa larga chamada caparão.
Além da farinha de milho moída juntavam-se outros ingredientes disponíveis, carne de porco da salgadeira, chouriças, e quando havia berbigão o conquilhas.
Eram confecionadas em tachos de barro, colocados em cima de uma trempe à lareira que estava  sempre acesa no outono e inverno.
São fáceis de preparar, sendo necessário no entanto o cuidado de ir pondo a farinha aos poucos na água a ferver para não grumar e fazer godilhões. Durante a cozedura é necessário estar por perto e ir mexendo de vez em quando evitando colar ao fundo. Quando fazem um género de "barriga de velha" é sinal de que estarão prontas para ir à mesa.  Para dar mais gosto às papas é feito previamaene em azeite uma fritura de bocadinhos de toucinho ou de chouriço, onde se junta a água com uma pitadinha de sal.
Para os mais pequenos eram muitas vezes acrescentado açúcar, tornado o prato mais apetitoso para o gaiatos.
O berbigão ou as conquilhas, eram colocados com casca e uma vez no prato eram "pescados" com os dedos ou a colher, dando mais paladar e enriquecendo este prato tradicional.
Há hoje na cozinha algarvia uma grande variedade de receitas das papas de Xerém incluindo carnes, marisco, a que se junta a água da cozedura,mas também presunto e até um copo de vinho branco, tornando este prato ainda mais apetecido pelos turistas.
É um bom prato para aquecer os dias frios que se avizinham...Experimente... é comer  e chorar por mais...
A farinha de milho está hoje disponível em todos os supermercados e sugere-se a aquisição de um lote mais moído e outro menos moído, porque essa mistura é a ideal para a confeção das papas de Xerém.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

OUTONO poema de Manuel da Fonseca

Outono chega
esvaído
sonolento.
Voam folhas lentas
nas mãos do vento.
Outono chega.
Desabrocha a flor esvanecida
na carne dos doentes
quebrantos
nos corpos da mulheres,
tristezas nos adolescentes
e os velhos morrer
resignados
quando o Outono chega
cheio de legenda
como ao sol-posto 
um dobre de finados.
In Poemas Completos

domingo, 10 de novembro de 2013

A AGRICULTURA BIOLÓGICA

O que é a Agricultura Biológica?
Trata-se de um modo de produção agrícola que não recorre à aplicação de pesticidas nem adubos químicos de síntese, nem ao uso de organismos geneticamente modificados, também conhecida no Brasil e Inglaterra por "agricultura orgânica", por "agricultura ecológica" em Espanha ou "agricultura natural" no Japão.
Quais as vantagens da Agricultura Biológica?
Respeita o ambiente, promove a biodiversidade não destruindo os habitats, evita a poluição dos solos por não utilizar pesticidas e químicos de sintetização, fornece  alimentos mais saudáveis com menos custos energéticos e favorece o equilíbrio ecológico.
Que técnicas utiliza a Agricultura Biológica no seu modo de produção? Pratica a rotação de culturas, utiliza adubos orgânicos resultantes de compostagem, fertiliza os solos pelo enterramento de plantas herbácias seleccionadas, escolhe criteriosamente as espécies a semear ou plantar tendo em conta o tipo de solo, o clima, a época de sementeira e a disponibilidade de água, aposta nas consociações de espécies compatíveis, recorre à acção fitossanitária de algumas plantas e promove a ação de microorganismos e animais benéficos na luta contra as pragas.
Porque surge associada a Joaninha à Agricultura Biológica?
Porque a joaninha é um precioso auxiliar na luta contra os pulgões, que constituem uma autêntica praga, sugando a seiva das plantas. A joaninha tem um aspeto simpático mas é um animal muito voraz que chega a comer trinta pulgões por dia, desempenhando uma missão muito útil na Agricultura Biológica.
Há formação específica para a Agricultores Biológicos?
Foi criada a Associação Portuguesa de Agricultura Biológica(AGROBIO) que realiza ações de formação em todo o país, direcionadas para áreas específicas e tem desenvolvido interessantes atividades de sensibilização e promoção da Agricultura Biológica.
Está sediada na Calçada da Tapada, nº 39, R/C Dto, em Lisboa junto à Tapada da Ajuda.
http://www.agrobio.pt, o mail é agrobio@agrobiopt, telefones 213641354/213623585 e fax 213623586.

sábado, 9 de novembro de 2013

A FONTE DA LAGOA DA NAVE DO BARÃO

Quem hoje conhece a Nave do Barão, esta aldeia do Barrocal abrigada entre dois montes, com gente simpática e hospitaleira, está longe de imaginar as canseiras dos residentes há algumas décadas atrás, antes de haver água canalizada  e de muitos agricultores terem perfurado a terra mãe, trazendo para a superfície a água do que é hoje considerado o maior aquífero subterrâneo do Algarve.
Se recuarmos cem anos, quando ainda não tinha sido construído o poço na Lagoa da Nave, veríamos os residentes a percorrer o atribulado Caminho da Fonte, a cavalo dos seus burritos e machos, aparelhados com albardas, escangalhas e cântaros, subindo a encosta íngreme do monte, para ir buscar água às fontes que brotavam junto à Ribeira de Salir. No regresso com os amimais carregados com os tradicionais cântaros de barro, faziam o percurso contrário a pé, acompanhando o passo dos muares, que por vezes tropeçavam nas pedras do caminho, quebrando as vasilhas e perdendo o precioso líquido.

Foi entretanto construído o Poço na Alagoa da Nave, a que agora chamam Fonte da Nave do Barão e o percurso em busca de água para consumo doméstico, passou a ser feito por caminhos mais direitos e menos atribulados, mas ainda assim a uma razoável distância da localidade. À chuva, ao frio ou nos calores inclementes do verão, lá iam homens e mulheres nos seus burros, transportando dois ou quatro cântaros em cada viagem.
Algumas famílias construíram cisternas para armazenar a água das chuvas, que se esgotava com a chegada do tempo quente e era preciso ir abastecer os cântaros para os consumos domésticos e os animais ao Poço da Alagoa.

A água era então um bem precioso gerido com muita moderação. Os banhos, quase sempre com regularidade semanal, eram dados em alguidares, sendo a mesma água por vezes utilizada por várias pessoas.
Hoje é difícil aceitar estas restrições mas recordo-me perfeitamente de que a água posta na bacia para lavar as mãos, chegava a servir para várias pessoas.
No final dos anos sessenta surgiram os primeiros furos, que transformaram a agricultura exclusivamente de sequeiro em hortas de regadio.
Antes desta descoberta, tinham os residentes da Nave do Barão as suas hortas próprias ou arrendadas, em terrenos irrigados pela Ribeira de Salir, por detrás do monte que abriga a Nave do Vento Norte.
Foi já depois do 25 de Abril, depois de tantos pedidos e promessas durante  ditadura do Estado Novo, que a povoação da Nave do Barão experimentou a água canalizada, com todos os benefícios que lhe estão associados.Quem nos visita no inverno e vê o imenso lençol de água acumulada na Lagoa da Nave não pode imaginar as privações que houve em tempos, no consumo da água, esse recurso maravilhoso que todos devemos preservar na Terra. Hoje em dia, com a generalização dos químicos para adubar a terra e combater as pragas, estamos a contaminar as águas subterrâneas onde a água é captada, comprometendo a qualidade da água e o nosso futuro coletivo. 




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

VESPAS ASIÁTICAS O TERROR DAS COLMEIAS

A vespa asiática também conhecida por vespa mandarinia (velutina nigotorax) é chamada no Japão a vespa do inferno.
Foram-se espalhando pela Europa, invadiram Espanha e começaram a chegar a Portugal pelo norte, mas estão a espalhar-se rapidamente pelo centro e sul do país.
É maior que uma vespa normal, chega a atingir 5 cm de comprimento e o ferrão pode ter 6 mm.
Estão a destruir as colmeias com uma técnica de caça eficaz. Esperam nas colmeias que cheguem as abelhas carregadas de pólen, capturam-nas, cortam-lhes a cabeça, as patas e o ferrão e transportam-nas para os seus ninhos, onde as comem. Apenas três dezenas destas vespas samurais podem extreminar em pouco tempo uma colmeia de 30 000 abelhas.
Esta praga, além de estar a destruir as colmeias e a prejudicar os apicultores, são um perigo para a saúde pública,pois já se registaram mortes de pessoas na China, em França e Canadá, devido às picadelas destas vespas.
O Instituto para a Conservação da Natureza  e a Federação de Apicultores Portugueses , apelam a quem vir os ninhos destas vespas, (que geralmente são bolas penduradas na árvores de grande dimensão, mas podem assumir outras formas), para tirarem fotos e enviarem via mail, para que sejam identificados e destruídos estes ninhos.
Nesta batalha todos somos importantes para eliminar ou diminuir o perigo desta vespa perigosa. Se tiver conhecimento de situações contacte imediatamente o ICN icnf@icnf.pt e a FAP sap1951sap@gmail.com.
No sítio do Pomar em Salir foi encontrado um ninho de grandes dimensões, forrando uma parede como se fosse um trabalho artístico feito em papel cinzento claro. Mais recentemente na Nave do Barão foram identificados dois ninhos destas vespas perigosas em tocas de árvores.
É muito importante que todos colaboremos nesta fase de combate à propagação desta praga, que além de destruir as colmeias constitui um perigo para a segurança das pessoas.
Na Nave do Barão o Damásio foi picado por uma destas vespas no pescoço e ficou atordoado com a dor e o veneno injetado.

domingo, 3 de novembro de 2013

ADEUS MANUEL ALVES, ATÉ SEMPRE...

Foi há muito que nos conhecemos
no fervilhar da nossa juventude inquieta,
povoados de promessas e sonhos;
como o tempo passa tão depressa...
Almada das vivências partilhadas,
unidos na amizade e na esperança,
na encantatória aventura da educação,
para construção de um mundo melhor.
Recordo com estranha nostalgia,
 a tua voz serena ecoando na noite,
na Rádio Castelar, de boa memória.
E essa entrega de alma e coração
por uma escola diferente sonhada,
fraternal, solidária, humanizada.
Na lonjura do teu olhar,
com esse jeito singular de ser,
esse modo fraterno de abraçar
a vida, a pedagogia, a utopia,
nesta luta sempre inacabada
de tecer o destino aqui e agora.
Partiste com dor e mágoa,
deixando em nós o vazio e a revolta.
Tão cedo te levou o anjo negro..
com tanto futuro por reinventar.
Não sei para onde foste,
montado no teu cavalo branco alado
entre neblinas e maresias...
Anda cá Manuel, ....quero dar-te um abraço
ao som daquela linda canção do Zeca:
"Amigo maior que o pensamento".

JS







sexta-feira, 1 de novembro de 2013

CAÇADA AO JAVALI TERMINA COM ALMOÇO DE LEBRE

Foi no domingo passado que a Associação de Caçadores da Nave do Barão organizou uma batida ao Javali. Encontraram-se cedinho para o pequeno almoço reforçado, partiram pelos montes com os seus canitos e foram bater terreno na esperança de poderem alvejar algum dos muitos javalis que habitam por aqui. Mas os bichanos têm também o seu instinto de sobrevivência e conseguiram escapar do cerco que lhe foi montado. Os caçadores chegaram "murchos", com um "chibo" na bagagem.
Mas o petisco já estava garantido com duas lebres que haviam caçado antes, fazendo as delícias de cerca de três dezenas de almoçaristas, com a habitual arte culinária da Marieta. 
Foi mais um momento de agradável convívio bem regado com vinho da Nave, desta vez da colheita de Manuel Rosa, que trepa com muita facilidade e ajudou à animação da festa.
Na Nave do Barão, tal como na mítica aldeia de Obélix, os momentos coletivos terminam sempre com uma ágape e opípara refeição mas desta vez os javalis não fizeram parte da ementa, apesar de serem abundantes e de fazerem bastantes estragos nas hortas da região.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A LENDA DE GIL DA PENA E A CONQUISTA DE FARO

Segundo a lenda transcrita por Ataíde de Oliveira na Monografia de Loulé:
"...Quando ho mestre dom paio corrêa que era vassalo d'El-Rei dom afonso soube que ia lho foyo aguardar entre loulé e almodover e na vila de salir e alli se viu El-Rei com elle e as gentes todas juntas foram cercar faraó."
ora por essa ocasião deu-se um caso que ainda hoje se conta em Salir desde aqueles antigos tempos. Apresentou-se a El-Rei um mancebo de Salir, pedindo que o alistasse etre os seus homens de armas. El-Rei respondeu-lhe: ainda és muito novo, pois nem ainda seguras um pente na barba. Ficou o mancebo descontente e voltou pouco tempo depois, repetindo o pedido feito.
- Já te disse: és muito novo, pois não seguras um pente na barba. O mancebo então tirou um pente do bolso e afincou-o na barba, ficando os dentes metidos na carne. Admirou-se o monarca deste procedimento e ordenou que fosse alistado entre os seus soldados. No cerco de Faro o rapaz de Salir fez proezas inauditas, chamando a atenção do próprio monarca, que estava pasmado de tanta bravura numa criança. Ao findar o combate, chamou o rei o mancebo e abraçou-o deante dos seus soldados exclamando: - Ah Gil, Gil, quem de ti tivera mil!
O rapaz chama-se Gil.


domingo, 20 de outubro de 2013

ENTARDECER NA NAVE DO BARÃO


Silhueta levemente ondulada
adormece dolente de verde matizada
em leito de claro azul de cetim,
salpicado de nuvens carmesim,
trespassadas por ogiva viajante
em busca de destino distante,
rasto de branco esfumado
rectilíneo traço no céu rasgado.
Sinfonia de cânticos cruzados,
ecos de melódicos trinados.
Bando de charnecos barulhentos
com desajeitados movimentos, 
procuram aconchego e malhada
em árvore frondosa, abrigada.
O olho-de-dragão espreita radiante,
ensaiando a despedida no horizonte.
Lavra em mim estranha e doce nostalgia
com ocres, luz, sombras, magia,
e o chão dos sentidos, por momentos
é fecundado por delicados sentimentos.


Nave do Barão 18/10/2013














sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CAMALEÃO ALGARVIO, UMA MARAVILHA DA NATUREZA

O camaleão é uma das maravilhas da natureza, dos quais existem 80 espécies estando presentes em África a sul do Saará mas também no sul de Portugal e Espanha.Trata-se de uma variedade de lagarto que deverá ter surgido há 100 milhões de anos e hoje é uma das espécies protegidas.
Apesar de parecer um monstro do tempo dos dinossauros é bastante pacífico. Quando se sente ameaçado incha para se tornar maior, abre a boca e sopra para intimidar mas é completamente inofensivo.
É impressionante a capacidade de mudar de cor e de movimentar os olhos, independentemente um do outro ,o que lhe permite uma visão de quase 360º.
No Algarve podem ser encontrados camaleões nas zonas arborizadas entre Armação de Pera e Vila Real de Santo António. Alguns turistas que visitam o Algarve no verão, capturam os camaleões algarvios, levando-os como mascote e estes acabam por não sobreviver muito tempo devido às alterações do habitat e às condições climatéricas.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

OS ESTADOS UNIDOS RESPIRAM DE ALÍVIO

Depois de 16 dias de braço de ferro os Republicanos e Democratas chegaram a acordo para reabrir os serviços do Governo Federal e autorizar o aumento do limite de endividamento. O resultado deste conflito que paralisou a maior economia do mundo e ameaçava contagiar toda a economia mundial, foi desfavorável aos republicanos, que caíram nas sondagens, atingindo a mais baixa popularidade da sua história (28%).
Trata-se de uma solução temporária que poderá vir a conhecer novos episódios a 15 de janeiro e 15 de fevereiro. Obama, que teve o bom senso de referir que o sucesso se deveu à capacidade negocial das duas partes, saiu vencedor e o grupo ultra-conversador Tee Party saiu claramente derrotado.
A luta irá continuar e novas dificuldades surgirão para criar entraves ao plano de saúde de Barack Obama.

BREVE HISTÓRIA DA BURKA




burka, traje islâmico que cobre o rosto e corpo da mulher, tem a sua origem num culto à divindade Astarte, deusa do amor, da fertilidade e da sexualidade, na antiga Mesopotâmia.
Em homenagem à deusa do amor físico, todas as mulheres, sem excepção, tinham de se prostituir uma vez por ano, nos bosques sagrados em redor do templo da deusa.

Para cumprirem o preceito divino sem serem reconhecidas, as mulheres de alta sociedade acostumaram-se a usar um longo véu em protecção da sua identidade.
O véu tornou-se habitual entre as mulheres judias, tornou-se, também, uma referência das damas cristãs em Bizâncio e na Idade Média ocidental. O Profeta Mohammad (s.a.w.) instituiu o uso do véu no século VI, na Arábia, para que as muçulmanas também gozassem da mesma dignidade das demais seguidoras entre os povos do Livro, isto é, da Torá e do Evangelho. Deste modo, numa época selvagem e belicosa, onde a lei mal se delineava, o véu era uma salvaguarda que protegia as mulheres . Porém, mais do que isso, o seu uso simbolizava a elevação espiritual da condição feminina, assim como o turbante concedia aos homens a sacralização da cabeça
Com base na origem histórica da burka, Mustapha Atatürk, fundador da moderna Turquia (1923 – 1938), no quadro das profundas e revolucionárias reformas políticas, económicas e culturais, que introduziu no país, desejoso de acabar, de uma vez por todas com a burka, serviu-se de uma brilhante astúcia para calar a boca dos fundamentalistas da época.
Pôs definitivamente um fim à burka na Turquia com uma simples lei que determinava o seguinte:
«Com efeito imediato, todas as mulheres turcas têm o direito de se vestir como quiserem, no entanto todas as prostitutas devem usar a burka».
No dia seguinte, ninguém mais viu a burka na Turquia. Essa lei ainda se mantém em vigor.
Os fundamentalistas islâmicos, com a sua interpretação própria do Corão, nos países onde predominam não fazem a separação entre a política e a religião, procuram impor o uso da burka, obrigando as mulheres andar com o corpo completamente coberto, mostrando apenas os olhos e perdendo todos os direitos civis e políticos, sendo inclusivamente impedidas de frequentar a escola.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A CONQUISTA DO CASTELO DE SALIR

Convidamos o visitante a recuar ao ano 646 d.H, do calendário islâmico (1248/49 d.C) e passear pela fortificação de Selir,  edificada em taipa (misto de barro, cal, areia e cascalho),onde quatro torres altaneiras unem as muralhas de uma fortificação retangular. Nas ruas estreitas, com vista panorâmica para os terrenos férteis, deambulam certamente homens morenos com "jdellebia "(túnica) de cores claras e turbantes, cruzando-se com mulheres vestidas com túnicas negras e burca, transportando alcofas com cereais recolhidos na várzea, ou frutos das hortas cultivadas ao longo da ribeira. O ritmo deste mundo rural seria interrompido de acordo com o ritual islâmico, pela voz do "imam", chamando para a oração numa pequena mesquita local. Ao nono mês do calendário lunar islâmico,(onde os anos têm 354 ou 355 dias e os meses 28 ou 29 dias) cumprem no Ramadão o jejum ( ( صَوْم ) e toda a comunidade suspende as refeições entre o nascer e o por do Sol. Entretanto as tropas do rei D. Afonso III juntam-se aqui, precisamente no coração do Algarve, em local resguardado, com os homens comandados por D. Paio Peres Correia, depois de terem conquistado as praças fortes de Cacela e Tavira. Não é difícil adivinhar uma peleja muito dura e o resultado do confronto entre os fieis de Maomé e de Cristo. Segundo a tradição oral muitos mouros foram refugiar-se na Rocha da Pena e terão vivido nas grutas e nesse pequeno planalto, com os animais e os víveres que conseguiram trazer na fuga. As tropas vencedoras,como era usual, apropriaram-se dos alimentos guardados nos silos escavados nas rochas,(que estavam no interior das casas) e naturalmente das jóias e outros bens dos mouros derrotados e cativos. De acordo com os vestígios encontrados nas escavações arqueológicas, a tomada do Castelo de Salir deve ter sido acompanhada de destruição e incêndios de grandes dimensões. Para termos uma ideia sobre este agregado urbano, podemos visitar a parte que foi tornada visível e preservada no Núcleo Museológico de Salir, que reúne um interessante espólio arqueológico encontrado no local e na região. Segundo os vestígios descobertos sob uma rua, este povoado tinha então canalização de água e saneamento, que podem ser indicadores de qualidade de vida e salubridade dos seus habitantes.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

O AZEITE E A VERDADE VÊM SEMPRE AO DE CIMA

O Azeite  foi sempre um alimento de excelência e até aparece como símbolo de sabedoria, pois de quem se dizia que bebiam azeite, eram considerados  os mais inteligentes.
Rico em proteínas, hidratos de carbono, minerais, fibras, potássio, cálcio, magnésio e alguma vitamina A, é considerado a melhor gordura por ser poliinsaturada, impedindo a formação de resíduos gordos nas nossos tecidos e prevenindo as doenças cardiovasculares.Mas as vantagens do azeite não se ficam por aí pois tem na sua composição oleuropeína que ajuda a combater a osteoporose e a perda de massa óssea. É ainda um poderoso antioxidante que melhora o funcionamento das células e retarda o seu envelhecimento.O fígado, o aparelho circulatório, o estômago, os rins, os ossos, a pele e os intestinos são os órgão mais beneficiados pelo consumo de azeite, tornando o organismo mais saudável e juvenil. Para quem sofre de cálculos biliares, prisão de ventre, problemas circulatórios e azia no estômago é tradição recomendar-se uma colher de azeite virgem em jejum. O Azeite Virgem tem melhor qualidade e menor acidez, porque é fabricado com as azeitonas bem maduras, postas a murchar durante alguns dias, sem estarem amontoadas, em local fresco.
Além de um bom tempero na gastronomia mediterrânica, o azeite é também utilizado em tibornas. Na Nave do Barão é utilizado para barrar o  pão quente, juntamente com alho triturado, temperado com sal ou açúcar (para crianças), servindo de entrada para as refeições, ou ainda como lanche ou pequeno almoço.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA: O Boticário II (Alimentação Preventiva) de Augusto Pinto e http://pt.wikipedia.org

domingo, 13 de outubro de 2013

O TEMPO DA AZEITONA

O fruto da oliveira e a própria olea europaea aparecem em diversos povos associados a curiosas dimensões mágicas e divinatórias.
No antigo Egipto o cultivo  da oliveira teria a benção de Isis, a deusa que era protetora da natureza e considerada mãe e esposa modelo.Na Bíblia, quando do dilúvio, uma pomba anunciava a boa nova trazendo um ramo de oliveira no bico e o azeite seria associado ao Espírito Santo.
Os gregos e os romanos também consideravam o azeite uma dádiva dos deuses e Estrabão, historiador e filósofo grego, no seu tratado de Geografia com 17 volumes, daria conta da plantação de oliveiras na Lusitânia.Esta árvore mediterrânica, que teria a designação antiga de ulveira cujo fruto seria a oliva, receberia mais tarde por influências árabes o nome de azeitona.O azeite seria um dos produtos exportados e pela importância económica figura no foral de Silves, em 1266.no Algarve esta cultura milenar sofreu evidente declínio a partir dos anos sessenta e oitenta do século passado, conhecendo alguma estabilidade nas últimas décadas, sofrendo no entanto a produção de azeite oscilações em função das condições mais ou menos favoráveis do clima e da mão de obra disponível.
Na Nave do Barão e um pouco por todo o Algarve, além do fabrico do azeite, as azeitonas são também colhidas e tratadas para conserva em salmoura, fazendo parte da nossa gastronomia.São famosas as azeitonas algarvias britadas ou retalhadas. Aqui na nossa aldeia as azeitonas muito maduras e caídas no chão são aproveitadas e depois "curtidas" com sal e temperadas pelas mulheres que fazem um molho muito especial, transformando-se num petisco delicioso.
Bibliografia consultada: Etnografia Portuguesa, Volume II, de Leite de Vasconcelos; Valorização do Pomar de sequeiro Tradicional Algarvio, Edição da Universidade do Algarve.

APARIÇÃO NO CASTELO DE SALIR ?


10 de Outubro, 11h e 17m
As sombras do branco casario projetavam-se nas ruas estreitas e o Sol espreitava entre o novelo de nuvens no céu azul claro, emprestando magia aos vestígios do antigo Castelo. Uma estranha melodia despertou a minha atenção para a diáfana silhueta feminina, que vagueava descalça sob as ruínas das muralhas, penteando os longos cabelos louros com um pente dourado, irradiando um feixe luminoso que me encandeou por momentos.
Surpreendido e incrédulo fechei os olhos e voltei a olhar para aquela esbelta figura, que se insinuava com movimentos suaves, como que a ensaiar uma dança, levitando e transportando na mão esquerda uma flor opalina, que projetava no ocre da muralha de taipa o holograma do Selo de Salomão. Dúvida, espanto e inquietação conviviam dentro de mim.Ensaiei dois passos no pavimento vítreo sobre as escavações arqueológicas, fui possuído por uma estranha vertigem, voltei a olhar ansioso como que para confirmar a minha visão, mas apenas as rochas encimadas dos muros com história me responderam. À entrada do moderno edifício que guarda os tesouros antigos do Castelo de Salir, um rosto simpático com olhar brilhante e sorriso luminoso, recebeu-me com simpatia e forneceu-me imensa documentação. Era nem mais nem menos a Sofia Pintassilgo, a nossa querida jovem baronense. Há tanto por descobrir neste lugar com história, devolvido à luz do dia graças ao trabalho de uma equipa dirigida pela arqueóloga Helena Catarino.
Que mensagem esconde esta exemplar de escrita tartéssica?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

BOAS NOTÍCIAS DA AMÉRICA


Nem tudo são más notícias vindas do outro lado do Atlântico...
O nosso conterrâneo Sérgio Guerreiro, que reside nos Estados Unidos, casou  a sua filha Jennifer no passado sábado, com muita alegria e entusiasmo.
Na foto podemos ver a linda noiva ao lado do pai feliz e janota.
Aos noivos e suas famílias os nossos votos das maiores felicidades.
Um abraço lusitano com o jeito e alma baronense.

"SHUTDOWN"- OS ESTADOS UNIDOS PARARAM

O Congresso americano não chegou a acordo sobre o acesso aos financiamentos que o Governo necessita para funcionar e paralisou o país. Ao contrário dos Romanos que paravam tudo menos a gastronomia,  durante as festas Saturnais (no nosso calendário o mês de Dezembro) e cessavam as guerras, nos EUA apenas os exércitos estão ativos por compreensíveis razões de segurança.
A discórdia entre Republicanos e Democratas é imaginem... devido à entrada em vigor da reforma da saúde, pelo qual se tem batido Obama.
O que está em causa é por esm prática uma lei aprovada que visa dar acesso dos pobres e desprotegidos à saúde, que atualmente têm como único destino morrer na rua por não terem dinheiro para serem assistidos no hospital. É um paradoxo que os republicanos tenham sido pioneiros, acabando com a escravatura e agora estejam neste braço de ferro desumano.Nós no Portugal pobrezinho mas com Serviço Nacional de Saúde universal, graças ao 25 de Abril, temos dificuldade em compreender estas coisas que são fazem parte do menú do tão propagado Sonho Americano.
Isto não é novidade porque aconteceu coisa parecida em 1995 e 1996 e toda a gente recebeu depois com retroativos o dinheiro das remunerações perdidas.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

RESULTADOS ELEITORAIS EM LOULÉ


Câmara Municipal
2013
2009
% votos
eleitos
votos
% votos
eleitos
PS
48,34 %
5
12991
32,62 %
3
PSD
34,94 %
4
9389
57,00 %
6
CDU
4,48 %
1204
1,92 %
II
2,69 %
723
--
CDS-PP
2,10 %
564
2,64 %
BRANCOS
4,38 %
1176
1,71 %
NULOS
3,08 %
828
1,22 %
ABSTENÇÃO
53,39 %
9
45,52 %
 Eleito pelo PS presidente Vitor Aleixo com + 4 vereadores  e o PSDelegeu 4 vereadores.
O PS conquistou maioria absoluta no Executivo Municipal.

Assembleia Municipal
2013
2009
% votos
eleitos
votos
% votos
eleitos
PS
45,77 %
14
12300
34,72 %
10
PSD
35,26 %
11
9475
51,20 %
15
CDU
4,81 %
1
1293
2,48 %
BE
4,06 %
1
1092
4,70 %
1
CDS-PP
2,47 %
663
3,48 %
1
BRANCOS
4,79 %
1286
2,17 %
NULOS
2,85 %
766
1,25 %
ABSTENÇÃO
53,39 %
9
45,53 %

 O PS obteve 14 deputados municipais, enquanto o PSD elegeu 11, a CDU elegeu 1 e o BE outro deputado. O CDS desta vez não estará representado.

VISITANDO AS FREGUESIAS DO CONCELHO
SALIR
Ganhou o PSD com 4 mandatos, número igual ao do PS, ficando a CDU com 1 eleito, a ser o fiel da balança.
ALTE
PSD elegeu 5 ficando com maioria absoluta, o PS com 3 e a CDU com 1.
AMEIXIAL
O PS elegeu 5, tendo a maioria absoluta e o PSD obteve 2 mandatos.
QUERENÇA/TÔR/BENAFIM
O PSD obteve 4 mandatos um grupo de independentes 3 e o PS 2.
QUARTEIRA
O PS obteve 8 mandatos, maioria absoluta e o PSD 5.
BOLIQUEIME
O PSD obteve 6 mandatos, maioria absoluta e o PS 3.
ALMANCIL
O PS obteve 7 mandatos,maioria absoluta, o PSD 5 e a CDU 1.
S. SEBASTIÃO
O PSD obteve 7 mandatos, maioria absoluta e o PS 6.
S. CLEMENTE
O PS obteve 9 mandatos, maioria absoluta e o PSD 4.

Nas freguesias de Loulé o PSD conquistou 5 e o PS 4, duas das quais têm número elevado de eleitores.
Em Salir e Querença,/Tôr e Benafim  o PSD vence mas com maioria relativa obrigando a eventuais entendimentos com a CDU em Salir e com os independentes na Tôr/Querença/Benafim.


sábado, 28 de setembro de 2013

IGREJA DE ALTE - Breve apresentação plurilingue

A igreja matriz de Alte foi construída no final do sec. XIII, consagrada à Nossa Senhora da Assunção mas o edifício que hoje podemos visitar remonta ao séc. XVI. Depois do terramoto de 1755 foi reconstruída, estando inscrito no pórtico à entrada o ano de 1829, que deve corresponder à data da recuperação definitiva. O portal que envolve a porta principal, tem uma interessante moldura em estilo manuelino, que merece ser vista com atenção.
O interior está decorado com painéis de azulejos  com motivos bíblicos em tons azul e branco e com talha dourada em estilo barroco.
As capelas laterais à esquerda evidenciam o estilo rococó e devem ter sido edificadas entre 1571 e 1789.
A capela de Nossa Senhora do Rosário, à direita, integra-se no estilo barroco e deve ter sido construída entre 1735 e 1751.
Dentro da capela de S. Sebastião à direita, os contornos são revestidos de azulejos policromados, estilo raro em Portugal mas que se praticava em Sevilha, remontam aos finais do séc. XVI. Este interessante edifício, situado em zona altaneira, está rodeado pelas características casas caiadas que são o orgulho de Alte, verdadeira Aldeia Cultural.

FRANÇAIS: Léglise principale d?Alte auait été tondée à la fin du XIIe siécle et était consagrée à Note Dame de l'Assomption.
L'eglise que nous pouvons visitter aujourd'hui est du XVIe siécle.
Elle a été endommagée para le trenblemen de terre de 1755, mais a été immediatement restaurée. Les derniers travaux on étés fiats em 1829, date qui est inscrite au dessus du portail da l'eglise. Le portail et la chapelle du chouer de l'eglise ont du type manueélin. Les azulejos figuratifs, em bleu e blanc, qui recouvrent le plafond et les murs de la chapelle principale sont du XVIIe siecle et son en style barrque.
Les quatre chapelles latérales de la net gauche ont étes taillées entre 17551 et 1789, période dominnée dans la région de l'Algarve par le style rococo. Nous avons, par exemple, la Chapelle du Morgado avec le symbole des Comtes d'Alte.
La peinture de la Chapelle de Notre Dame du "Rosário", qui se truve sur la net droite, s'integre dans le période barroque e a été faite entre 1735 et 1751.
Dans la Chapelle de St. Sébastien, sur la net droit, les contours sont revé tus de azulejos à surface lise et modéle polycromé, d'un style rare au Portugal. Ils datent du dernier quart du XVIe siécle ayant été fabriqué à Sevillle.
DEUTSCH: Die Kirche vom Alte stammt aus derm 13 Jahrundert und wurde Maria Himmelfahrt gewidmet. Das Gebaude, das wir heutzutage besuchen konnen, ist aus dem 16 Jahrhundert. Diese Kirche wuerde 1755 wahrend des Erdbebens beschadigth und sofort wieder restauriert.Die letzten groBen Repratuarbeiten tanden im Jahre 1829 statt, wie man an der Anschrift am Haupteingang feststellen kann.
Der Haupteingang und der Hauptaltarreum sind im manuelinischen Stil gabaut wordem. Die werBblauen Kachelin an der Decke und an den Wanden sind barrock und satammen aus dem 18. Jahrhundert.
Die vier Kleinen seitlichen Kapellen am linken Steitenschiff wurden zwischen 1751 und 1789, die Zeit des Rokoko an des Algarve, mit Schnitzwerk ornamentiert. Von diesen Altarbildern hebt sich die "Kapelle des Majorashern" hervor, uber der sich das Wappen vvder Grat«fen von Alte befindet.Das Altarlid der Heiligem"Rosário", an dem rechten Seitenschiff gehort der Barrockperiode an und wurde zwischen 1735 und 1751 hergestellt. In der Sankt Debastianskapelle am rechten Seistenschiff belinden sich Exemplare von flachen polycromen Kacheln, die fur Porugal ungewohlich sind. Se stammen aus dem letzten Viertel des 16. Jahrhunderts un gehoren zu clen wertvollsten sevilianischer herstellung an der Alarve.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A LENDA DE S.VICENTE, OS CORVOS DE LISBOA E O SACRO PROMONTÓRIO

Como viajou S.Vicente de Saragoça, mil anos depois da sua morte de Sagres para Lisboa, guardado por dois corvos e se tornou num dos santos mais influentes em Lisboa e no Algarve? 
...................................Diz a lenda que no tempo do Imperador Romano Diocleciano a Ibéria era governada
pelo delegado imperial Daciano que perseguiu os cristãos e torturou até à morte S.Vicente de Fora, por se recusar a fazer sacrifícios aos deuses Romanos.
Na imagem, S. Vicente estará sobre uma grade em brasas e o representante de Roma a assistir ao martírio.
Conta ainda a lenda que  os seus restos mortais foram bem guardados e quando os Mouros conquistaram aquela região espanhola, foram transportados numa arca resistente e enterrados perto de Sagres, junto ao Promontório que passou a ter o nome de Cabo de S. Vicente.
Reza ainda a história que D. Afonso Henriques, durante a conquista de Lisboa, prometeu construir um convento com o nome do mártir e aproveitou uma moratória de cinco anos de paz, assinada com o rei mouro Albojaque de Sevilha, para encomendar a cristãos valencianos que o ajudaram na batalha de Ourique,o resgate dos restos mortais de S. Vicente de Fora. Nesta expedição a arca já carcomida pela humidade transportou as relíquias até Lisboa e segundo a lenda, dois corvos algarvios, acompanharam a barca com os vestígios do santo. Chegados a Lisboa,(demorou algum tempo a translação), os supostos restos mortais do santo foram transportados secretamente para o mosteiro de S. Vicente, mas os corvos marafados continuaram nos seus postos de vigia, sem retirar as suas delicadas garras, da popa e da proa da embarcação. E conquistaram assim o direito de figurar como símbolo de Lisboa. Segundo o Frei João de S. José, no dia seguinte, os cónegos da Sé com solene procissão, "desviaram" os restos mortais de S.Vicente para a Sé Catedral de Lisboa. Relata ainda o mesmo autor, que 400 anos depois, os dois corvos continuavam a guardar o seu santo protetor e era tão forte esta relação amorosa, que quando um rapazito chamado João apedrejou as  pobres aves, ficou paralisado de braços e pernas. Mas ao que parece, graças às lágrimas do pai da criança junto do sepulcro do santo, o seu filho voltou a recuperar as suas anteriores capacidades, podendo continuar a fazer tropelias.Este santo protetor dos vinhateiros, enólogos e consumidores do sagrado nétar, deu ainda nome aos famosos Painéis de S. Vicente, pintados pelo mestre Nuno Gonçalves, mas essa história não cabe neste breve apontamento. 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

NASCIMENTO ÚLTIMO - poema de Ramos Rosa

Como se não tivesse substância e de membros apagados.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono, germinar na árvore.
 
Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva
densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono, na última nudez,
Respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que flui, o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.

RAMOS ROSA - Poesia e arte de ser Pessoa

Ramos Rosa , esse notável poeta nascido em Faro em 17 de outubro de 1924, faleceu hoje em Lisboa e será sepultado no Cemitério dos Prazeres, no Jazigo dos Escritores.
Despediu-se de nós com a frase "Estou vivo e escrevo sol", deixando-nos uma obra imensa onde a poesia tem uma expressão maior.
Frequentou o liceu de Faro, mas por razões de saúde não concluiu os estudos secundários. Foi um autodidata incansável, empregado de escritório por algum tempo, deu explicações de inglês e francês, tradutor, poeta e ensaísta, militante anti salazarista membro MUD juvenil, publicista e fundador das revistas literárias Árvore, Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia. A sua extensa obra literária mereceu reconhecimento internacional e nacional, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Pessoa em 1988 e prémios de poesia pela APE em 1989 e 2005.
Para conhecer mais sobre António Ramos Rosa consultar:  http://antonioramosrosa.blogspot.pt/

domingo, 22 de setembro de 2013

PÔR DO SOL EM FARO

Foto de Elisabete Luz
Já se está o Sol a pôr
Que é o rei das alegrias;
Como pode o Sol ser velho
Se nasce todos os dias.
Poesia popular

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A ASSOCIAÇÃO "OS BARÕES" - Precisa de brilhar de novo

As associações são como as pessoas, respiram em marés de esperança, crescem com as energias renovadas dos seus dirigentes e família associativa, morrem em ambientes  de contagiosos  desalentos e abandonos, reanimam-se com as entrega generosa e criadora do voluntariado.
Há alguns anos que a associação "Os Barões" vive uma profunda crise diretiva, deixando de ser a alma da aldeia que a gerou e hoje sobrevive apenas da carolice da Marieta, que lá vai pedalando na sua bicicleta para abrir portas e assegurar o serviço de Bar duas vezes por semana.
Sede da Associação Os Barões na Nave do Barão

É preciso renovar este projeto associativo, dando nova alma à coletividade e à Nave do Barão, mobilizando boas vontades dos baroneneses e das baronesas, contando especialmente com  a força anímica e a criatividade das novas gerações, que constituem um precioso capital humano que deve ser posto ao serviço deste valioso património cultural coletivo,verdadeira seiva desta aldeia rural, situada no coração do Algarve interior.
Vencedor da prova de vinhos caseiros, realizada em 2006, com o presidente da Mesa da Assembleia Geral 


terça-feira, 17 de setembro de 2013

POEMA DE MANUEL GUERREIRO da BRAZEIRA

MOTE:
Eu vou-me deixar da bebida
Para não fazer mais asneiras
Porque já conto na minha vida 
quarenta e quatro bebedeiras.
I
Apanhei uma em Salir
Apanhei uma na Beirada
No Cotovio outra dada
no Almarginho até cair.
Na Pena deu-me para dormir
Em Benafim grande torcida
Não deixo a de Alte esquecida
Em Messines já parecia uma pipa
E andava lá no Alto Fica
Eu vou-me deixar da bebida.
II
Apanhei uma em Loulé
Apanhei outra em Quarteira
Outra em Faro  em dia de Feira
No Barranco Velho não estava de pé
Outra em Castro lá no café
Outra na Corte Romeiras
Apanhei uma em Lameiras
Outra em Pedra Furada
Em Beja já não via nada
Mas vou-me deixar de asneiras.
III
Apanhei uma em Pêro Pinheiro
Outra no Monte Lavar
Em Sintra não podia andar
E apanhei uma no Barreiro
Apanhei uma no Carregueiro
Foi a de Alcácer muito parecida
A de Lisboa foi muito comprida
Apanhei outra nas Pedras Brancas,
Mas que grande meda de mantas
 Que eu já conto na minha vida.
IV
Apanhei uma na Tameira
Apanhei uma no Malhão
Apanhei outra no Barrancão
Apanhei outra na Sobreira
Apanhei uma na Brazeira
Na Cortinhola das primeiras
No Espargal até parti cadeiras
No Monte Ruivo deu-me para dançar
E mesmo agora acabo de contar
Quarenta e quatro bebedeiras.