Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
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terça-feira, 20 de abril de 2021

RUINAS DE MILREU EM ESTOI- UM TESOURO A VISITAR

 Situada no sopé de Monte Figo, a cerca de 7 km de Faro, junto à simpática aldeia de Estoi foram construídas há quase dois mil anos a abastada VILLA ROMANA DE MILREU , um dos monumentos de maior valor patrimonial e arqueológico do Algarve, testemunho da presença romana e do estilo de vida de quem usufruiu deste local requintado durante o século I e IV depois de Cristo.



Não é difícil imaginar o ambiente aprazível com clima ameno onde homens, mulheres e crianças usufruiam dos benefícios das diversas piscinas com banhos frios (frigidárium), água tépida (tepidarium),agua quente(cadarium) e sauna (lacónios).

Esta valioso património  romano foi descoberto pelo sábio Estácio da Veiga que esboçou em 1871 a planta desta Villa Romana, que seria considerada património nacional em 1910 mas só viria a merecer a devida atenção e reabilitação nas últimas décadas do século XX e ter um digno espaço de acolhimento e centro de interpretação há cerca de 20 anos.

Além dos locais de habitação constam também o lagar de azeite e de vinho e um templo romano para culto de deuses pagãos e mais tarde adaptado para culto cristão e depois para culto islâmico.

Interessante também a casa agrícola mais recente, construida em cima de uma parte das ruinas romanas no século XV com adaptações posteriores para apoiar as atividades agrícolas da região.

Entre o valioso espólio constam interessantes mosaicos sobretudo com fauna marinha com diversidade de peixes, moluscos e golfinhos, bustos de imperadores romanos, de Agripina, mãe de Nero e muitos artefactos de cerâmica, ferro e vidro.

Aqui foi encontrado, entre outros, o busto do imperador Adriano (117-138 d.C), que figura na lista dos bons imperadores e tinha curiosamente uma relação próspera com a sua esposa Vibia Sabina e simultaneamente uma relação apaixonada com o jovem grego Antínoo.


Quem ainda não conhece as Ruinas de Milreu fica o desafio para uma visita para descoberta e deslumbramento deste valioso
tesouro


 


sábado, 10 de abril de 2021

A JUSTIÇA QUE TEMOS ...





O conceito que temos sobre justiça enquanto defensora da integridade moral do Estado, do Governo e da República sai descredibilizado no acordão do juiz Ivo Rosa, que durante mais de três horas dissertou sobre a operação Marquês.
O Ministério Público foi claramente desautorizado e passado atestado de incompetência na organização do processo acusatório. Saem ilibados a grande maioria dos arguidos, caem todos os casos de corrupção envolvendo Sócrates que viu os 31 crimes de que era acusado, ser indiciado de apenas três crimes de branquamento de capitais e três crimes de falsificação de documentos.
Sócrates cantou vitória apesar de continuar arguido nestes seis casos que podem conduzir a penas de prisão de mais de 12 anos.
É sabido que o Ministério Público vai interpor recurso para o Tribunal da Relação, onde Ivo Rosa já viu serem anuladas algumas das suas deliberações e vamos ver este folhetim arrastar-se no tempo com muita probabilidade de prescrever com a morosidade da justiça.
Mas Sócrates apesar da aparente euforia foi com toda a clareza considerado corrupto pelo juiz que o ilibou dos crimes de corrupção, por ausência evidente de provas ou por não considerar legais as escutas ou os argumentos utilizados pelo Ministério Público.
Não se questiona o trabalho imenso que o juiz teve com o processo Marquês mas fica ideia de algum ajuste de contas com o MP e deixa a sensação de ter sido algumas vezes advogado de defesa dos arguidos. Quem teve a paciência de o ouvir fica a ideia de alguma parcialidade por ter utilizado na sua argumentação os depoimentos favoráveis a Sócrates e não tenha lido qualquer testemunho dos depoimentos de acusação.
Na interpretação subjetiva parece que a balança da deusa Dice pendeu favorável para o lado dos acusados, contribuindo para desacreditar ainda mais a Justiça e deixando terreno fértil para alimentar sentimentos populistas explorados pelos inimigos da Democracia e do Estado de Direito.