Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

QUE TAL UMAS PAPAS DE XERÉM?

As papas fazem parte da tradição gastronómica algarvia e eram antigamente frequentes na mesa dos camponeses, utilizando naturalmente a farinha de milho moído em pequenas mós, movidas com a força do braço dentro de uma alcofa larga chamada caparão.
Além da farinha de milho moída juntavam-se outros ingredientes disponíveis, carne de porco da salgadeira, chouriças, e quando havia berbigão o conquilhas.
Eram confecionadas em tachos de barro, colocados em cima de uma trempe à lareira que estava  sempre acesa no outono e inverno.
São fáceis de preparar, sendo necessário no entanto o cuidado de ir pondo a farinha aos poucos na água a ferver para não grumar e fazer godilhões. Durante a cozedura é necessário estar por perto e ir mexendo de vez em quando evitando colar ao fundo. Quando fazem um género de "barriga de velha" é sinal de que estarão prontas para ir à mesa.  Para dar mais gosto às papas é feito previamaene em azeite uma fritura de bocadinhos de toucinho ou de chouriço, onde se junta a água com uma pitadinha de sal.
Para os mais pequenos eram muitas vezes acrescentado açúcar, tornado o prato mais apetitoso para o gaiatos.
O berbigão ou as conquilhas, eram colocados com casca e uma vez no prato eram "pescados" com os dedos ou a colher, dando mais paladar e enriquecendo este prato tradicional.
Há hoje na cozinha algarvia uma grande variedade de receitas das papas de Xerém incluindo carnes, marisco, a que se junta a água da cozedura,mas também presunto e até um copo de vinho branco, tornando este prato ainda mais apetecido pelos turistas.
É um bom prato para aquecer os dias frios que se avizinham...Experimente... é comer  e chorar por mais...
A farinha de milho está hoje disponível em todos os supermercados e sugere-se a aquisição de um lote mais moído e outro menos moído, porque essa mistura é a ideal para a confeção das papas de Xerém.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

OUTONO poema de Manuel da Fonseca

Outono chega
esvaído
sonolento.
Voam folhas lentas
nas mãos do vento.
Outono chega.
Desabrocha a flor esvanecida
na carne dos doentes
quebrantos
nos corpos da mulheres,
tristezas nos adolescentes
e os velhos morrer
resignados
quando o Outono chega
cheio de legenda
como ao sol-posto 
um dobre de finados.
In Poemas Completos

domingo, 10 de novembro de 2013

A AGRICULTURA BIOLÓGICA

O que é a Agricultura Biológica?
Trata-se de um modo de produção agrícola que não recorre à aplicação de pesticidas nem adubos químicos de síntese, nem ao uso de organismos geneticamente modificados, também conhecida no Brasil e Inglaterra por "agricultura orgânica", por "agricultura ecológica" em Espanha ou "agricultura natural" no Japão.
Quais as vantagens da Agricultura Biológica?
Respeita o ambiente, promove a biodiversidade não destruindo os habitats, evita a poluição dos solos por não utilizar pesticidas e químicos de sintetização, fornece  alimentos mais saudáveis com menos custos energéticos e favorece o equilíbrio ecológico.
Que técnicas utiliza a Agricultura Biológica no seu modo de produção? Pratica a rotação de culturas, utiliza adubos orgânicos resultantes de compostagem, fertiliza os solos pelo enterramento de plantas herbácias seleccionadas, escolhe criteriosamente as espécies a semear ou plantar tendo em conta o tipo de solo, o clima, a época de sementeira e a disponibilidade de água, aposta nas consociações de espécies compatíveis, recorre à acção fitossanitária de algumas plantas e promove a ação de microorganismos e animais benéficos na luta contra as pragas.
Porque surge associada a Joaninha à Agricultura Biológica?
Porque a joaninha é um precioso auxiliar na luta contra os pulgões, que constituem uma autêntica praga, sugando a seiva das plantas. A joaninha tem um aspeto simpático mas é um animal muito voraz que chega a comer trinta pulgões por dia, desempenhando uma missão muito útil na Agricultura Biológica.
Há formação específica para a Agricultores Biológicos?
Foi criada a Associação Portuguesa de Agricultura Biológica(AGROBIO) que realiza ações de formação em todo o país, direcionadas para áreas específicas e tem desenvolvido interessantes atividades de sensibilização e promoção da Agricultura Biológica.
Está sediada na Calçada da Tapada, nº 39, R/C Dto, em Lisboa junto à Tapada da Ajuda.
http://www.agrobio.pt, o mail é agrobio@agrobiopt, telefones 213641354/213623585 e fax 213623586.

sábado, 9 de novembro de 2013

A FONTE DA LAGOA DA NAVE DO BARÃO

Quem hoje conhece a Nave do Barão, esta aldeia do Barrocal abrigada entre dois montes, com gente simpática e hospitaleira, está longe de imaginar as canseiras dos residentes há algumas décadas atrás, antes de haver água canalizada  e de muitos agricultores terem perfurado a terra mãe, trazendo para a superfície a água do que é hoje considerado o maior aquífero subterrâneo do Algarve.
Se recuarmos cem anos, quando ainda não tinha sido construído o poço na Lagoa da Nave, veríamos os residentes a percorrer o atribulado Caminho da Fonte, a cavalo dos seus burritos e machos, aparelhados com albardas, escangalhas e cântaros, subindo a encosta íngreme do monte, para ir buscar água às fontes que brotavam junto à Ribeira de Salir. No regresso com os amimais carregados com os tradicionais cântaros de barro, faziam o percurso contrário a pé, acompanhando o passo dos muares, que por vezes tropeçavam nas pedras do caminho, quebrando as vasilhas e perdendo o precioso líquido.

Foi entretanto construído o Poço na Alagoa da Nave, a que agora chamam Fonte da Nave do Barão e o percurso em busca de água para consumo doméstico, passou a ser feito por caminhos mais direitos e menos atribulados, mas ainda assim a uma razoável distância da localidade. À chuva, ao frio ou nos calores inclementes do verão, lá iam homens e mulheres nos seus burros, transportando dois ou quatro cântaros em cada viagem.
Algumas famílias construíram cisternas para armazenar a água das chuvas, que se esgotava com a chegada do tempo quente e era preciso ir abastecer os cântaros para os consumos domésticos e os animais ao Poço da Alagoa.

A água era então um bem precioso gerido com muita moderação. Os banhos, quase sempre com regularidade semanal, eram dados em alguidares, sendo a mesma água por vezes utilizada por várias pessoas.
Hoje é difícil aceitar estas restrições mas recordo-me perfeitamente de que a água posta na bacia para lavar as mãos, chegava a servir para várias pessoas.
No final dos anos sessenta surgiram os primeiros furos, que transformaram a agricultura exclusivamente de sequeiro em hortas de regadio.
Antes desta descoberta, tinham os residentes da Nave do Barão as suas hortas próprias ou arrendadas, em terrenos irrigados pela Ribeira de Salir, por detrás do monte que abriga a Nave do Vento Norte.
Foi já depois do 25 de Abril, depois de tantos pedidos e promessas durante  ditadura do Estado Novo, que a povoação da Nave do Barão experimentou a água canalizada, com todos os benefícios que lhe estão associados.Quem nos visita no inverno e vê o imenso lençol de água acumulada na Lagoa da Nave não pode imaginar as privações que houve em tempos, no consumo da água, esse recurso maravilhoso que todos devemos preservar na Terra. Hoje em dia, com a generalização dos químicos para adubar a terra e combater as pragas, estamos a contaminar as águas subterrâneas onde a água é captada, comprometendo a qualidade da água e o nosso futuro coletivo. 




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

VESPAS ASIÁTICAS O TERROR DAS COLMEIAS

A vespa asiática também conhecida por vespa mandarinia (velutina nigotorax) é chamada no Japão a vespa do inferno.
Foram-se espalhando pela Europa, invadiram Espanha e começaram a chegar a Portugal pelo norte, mas estão a espalhar-se rapidamente pelo centro e sul do país.
É maior que uma vespa normal, chega a atingir 5 cm de comprimento e o ferrão pode ter 6 mm.
Estão a destruir as colmeias com uma técnica de caça eficaz. Esperam nas colmeias que cheguem as abelhas carregadas de pólen, capturam-nas, cortam-lhes a cabeça, as patas e o ferrão e transportam-nas para os seus ninhos, onde as comem. Apenas três dezenas destas vespas samurais podem extreminar em pouco tempo uma colmeia de 30 000 abelhas.
Esta praga, além de estar a destruir as colmeias e a prejudicar os apicultores, são um perigo para a saúde pública,pois já se registaram mortes de pessoas na China, em França e Canadá, devido às picadelas destas vespas.
O Instituto para a Conservação da Natureza  e a Federação de Apicultores Portugueses , apelam a quem vir os ninhos destas vespas, (que geralmente são bolas penduradas na árvores de grande dimensão, mas podem assumir outras formas), para tirarem fotos e enviarem via mail, para que sejam identificados e destruídos estes ninhos.
Nesta batalha todos somos importantes para eliminar ou diminuir o perigo desta vespa perigosa. Se tiver conhecimento de situações contacte imediatamente o ICN icnf@icnf.pt e a FAP sap1951sap@gmail.com.
No sítio do Pomar em Salir foi encontrado um ninho de grandes dimensões, forrando uma parede como se fosse um trabalho artístico feito em papel cinzento claro. Mais recentemente na Nave do Barão foram identificados dois ninhos destas vespas perigosas em tocas de árvores.
É muito importante que todos colaboremos nesta fase de combate à propagação desta praga, que além de destruir as colmeias constitui um perigo para a segurança das pessoas.
Na Nave do Barão o Damásio foi picado por uma destas vespas no pescoço e ficou atordoado com a dor e o veneno injetado.

domingo, 3 de novembro de 2013

ADEUS MANUEL ALVES, ATÉ SEMPRE...

Foi há muito que nos conhecemos
no fervilhar da nossa juventude inquieta,
povoados de promessas e sonhos;
como o tempo passa tão depressa...
Almada das vivências partilhadas,
unidos na amizade e na esperança,
na encantatória aventura da educação,
para construção de um mundo melhor.
Recordo com estranha nostalgia,
 a tua voz serena ecoando na noite,
na Rádio Castelar, de boa memória.
E essa entrega de alma e coração
por uma escola diferente sonhada,
fraternal, solidária, humanizada.
Na lonjura do teu olhar,
com esse jeito singular de ser,
esse modo fraterno de abraçar
a vida, a pedagogia, a utopia,
nesta luta sempre inacabada
de tecer o destino aqui e agora.
Partiste com dor e mágoa,
deixando em nós o vazio e a revolta.
Tão cedo te levou o anjo negro..
com tanto futuro por reinventar.
Não sei para onde foste,
montado no teu cavalo branco alado
entre neblinas e maresias...
Anda cá Manuel, ....quero dar-te um abraço
ao som daquela linda canção do Zeca:
"Amigo maior que o pensamento".

JS







sexta-feira, 1 de novembro de 2013

CAÇADA AO JAVALI TERMINA COM ALMOÇO DE LEBRE

Foi no domingo passado que a Associação de Caçadores da Nave do Barão organizou uma batida ao Javali. Encontraram-se cedinho para o pequeno almoço reforçado, partiram pelos montes com os seus canitos e foram bater terreno na esperança de poderem alvejar algum dos muitos javalis que habitam por aqui. Mas os bichanos têm também o seu instinto de sobrevivência e conseguiram escapar do cerco que lhe foi montado. Os caçadores chegaram "murchos", com um "chibo" na bagagem.
Mas o petisco já estava garantido com duas lebres que haviam caçado antes, fazendo as delícias de cerca de três dezenas de almoçaristas, com a habitual arte culinária da Marieta. 
Foi mais um momento de agradável convívio bem regado com vinho da Nave, desta vez da colheita de Manuel Rosa, que trepa com muita facilidade e ajudou à animação da festa.
Na Nave do Barão, tal como na mítica aldeia de Obélix, os momentos coletivos terminam sempre com uma ágape e opípara refeição mas desta vez os javalis não fizeram parte da ementa, apesar de serem abundantes e de fazerem bastantes estragos nas hortas da região.