Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

SARAMAGO E AS FÚRIAS PRIVATIZADORAS DO BEM PÚBLICO

José Saramago, prémio Nobel da Literatura descreveu esta febre privatizadora do que deve ser património de todos, de forma muito acutilante e satírica:«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.» José Saramago - Cadernos de Lanzarote

BANHO DE SANTA ROSA NA FONTE SANTA EM QUARTEIRA

No Dia 30 de Agosto, dia de Santa Rosa, vindos com antecedência em burros e carroças da Nave do Barão e do Barrocal Algarvio, eram muit@s @s que se reuniam na Fonte Santa em Quarteira, para participar no banho santo, que segundo a crença popular tinha poderes curativos para muitas doenças e más formações, mas sobretudo doenças da pele, dores e reumatismo. Os muitos visitantes aqui reunidos montavam arraiais nas imediações da Fonte Santa e formavam uma espécie de feira com comidas e diversões, onde não faltava a música e os bailaricos. No o blogue Marafações de uma louletana é citada a “Monografia do Concelho de Loulé” (1905),onde Ataíde de Oliveira se refere à Fonte Santa: “Ao Sul da freguezia de S. Clemente de Loulé existe uma copiosa fonte, chamada a Fonte Santa, cujas águas são de maravilhosos effeitos para doenças cutâneas, para dôres e mais doenças rheumaticas.”Segundo algumas investigações históricas o romanos já teriam utilizado este local para fins termais.As propriedades destas águas cloretadas sódicas e bicarbonetadas cálcias, foram investigadas nos anos trinta do século passado, e comprovadas pelo Instituto de Hidrologia de Lisboa que emitiu em 1967 o seguinte parecer:" recordam algumas águas da Estremadura, de cronograma bastante aproximado, como Cadafais, Pedrógão, Verride, Convento da Visitação, S. Marçal, Vimeiro e Zambujal”, sendo eficazes no combate de doenças tais como “reumatismo, doenças de pele, afecções digestivas […]”.Hoje este património natural que era acessível a todos os que queriam usufruir das suas virtudes, foi confiscado para usufruto apenas dos residentes nos empreendimentos turísticos ali construídos.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

POSSO TER DEFEITOS - Contributo para a FELICIDADE

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…” Augusto Cury Dez leis para ser feliz da Editora Sextante. Ano 2003

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ELOGIO DOS MENTIROSOS DA NAVE DO BARÃO

NAVE DO BARÃO FOI PIONEIRA NOS APANHADOS

Hoje em dia inventam-se apanhados, para fazer rir os espetadores explorando a ingenuidade ou generosidade dos que desprevenidos caem nas "armadilhas" programadas, utilizando por vezes recursos bastante sofisticados. Esta tradição sempre foi muito forte na Nave do Barão, havia grandes especialistas na arte de enganar forasteiros incautos e até as pessoas da própria aldeia. Isso acontecia geralmente em lugares públicos, perante uma plateia atenta e cúmplice, que sabia conter o riso e colaborar na encenação. Assisti a muitos desses "apanhados" e preveni muitas vezes amigos meus que me visitavam ou comigo iam passar alguns dias, mas apesar desses avisos, geralmente caiam como "patinhos".Uma das vezes que tenho na memória, passou-se com o meu amigo Francisco Branco que veio ter comigo para que fôssemos ver aquelas verdadeiras maravilhas da natureza, que eram as ninhadas de coelhos bravos, que faziam criação dentro de melancias na Lagoa da Nave.Eu conhecia as "artes" da aldeia e muito prontamente disse-lhe que tudo isso era pura invenção... Acham que ele acreditou em mim? Tive que ir com ele de bicicleta ao pé das ditas melancias para ele ver com mos seus próprios olhos e verificar que tinha sido vítima de mais um "apanhado". São tantas as histórias que se contam, sobretudo de três grandes especialista já falecidos (Tio Chico Inês, Tio Joaquim Guerreiro e Tio Zé da Avó) que valia a penar compilá-las e publicar em livro. Apesar da fama que a Nave tinha nas redondezas de "arrabolar" mentiras, nunca faltou imaginação para convencer os visitantes com novas e mirambulantes histórias. Partiram os grandes mestres e ficaram as sementes, mas hoje a tradição já não é o que era....

domingo, 25 de agosto de 2013

ALGARVIO ou ALGARAVIO?

Ainda segundo os apontamentos de Frei João de S. José , os habitantes do Algarve chamavam-se algaravios e com o passar do tempo, na gíria popular passou a ser mais utilizado o termo algarvio, mas ainda hoje não se considera errado o uso do termo mais antigo. Para o bem e para o mal o algarvio ou a algarvia é sinónimo de falador(a), tagarela, loquaz. Algarviado quer dizer difícil de entender e algaraviada uma mistura confusa de vozes. Apesar da homogeneização e da descaracterização cultural provocada pela massificação promovida pelos poderosos meios de comunicação social, o Algarve e os Algarvios continuam a ser uma região e um povo singulares.O futuro a nós pertence. Saibamos preservar as nossas raízes, cruzando tradição e progresso, reinventando a nossa futura identidade cultural.

ALGARVE UM REINO À PARTE

D. Sancho I, depois da conquista de Silves em 1189, apesar de grande parte do Algarve ainda se encontrar sob domínio árabe, passou a designar-se “Rei de Portugal e de Silves” mas também com algum exagero “Rei de Portugal, de Silves e do Algarve”. Talvez este alargamento tivesse especial significado porque Silves era então capital do reino Islâmico a Sul da Península Ibérica. Depois de conquistas e reconquista de algumas praças, com grande protagonismo de D. Paio Peres, o Algarve foi definitivamente conquistado aos mouros, no reinado de D. Afonso III, no ano de 1249. No entanto, apenas em 1267, no Tratado de Badajoz, foi reconhecida a posse do Algarve como sendo território português, devido a pretensões do Reino de Castela. E a partir daí e até à implantação da República em 1910, todos os reis se intitulavam de Portugal e do Algarve e com os descobrimentos, também de aquém e de além mar.
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REI D. AFONSO III ALGARVE UM REINO À PARTE? Apesar desta distinção o Algarve nunca teve autonomia administrativa, tendo estatuto semelhante a outras regiões de Portugal, mas aparecendo nos mapas antigos como uma região demarcada do resto de Portugal. Porque se manteve então esta diferenciação durante tantos séculos? Parece estar associada à ideia de que se tratava de uma região do país que se diferenciava pela sua cultura mais marcada pela presença árabe e pelas especificidades do clima destacados por Frei João de S. José, há mais de quatrocentos anos: “É comummente de bons ares e livre de enfermidades, por causa dos ventos do mar, que cursam nele, e também é fertilíssimo em figo, vinho, passa, amêndoa, e outros mantimentos, tem muitos azeites, e pão de que se sustenta. Há nele infinita caça e grande cópia de gado, e assi em seus rios, como no mar alto se mata muito pescado. É terra muito deleitosa e aprazível, de fontes abundantes e frescos bosques, e de muitas palmeiras, das quais faz em curiosos lavores, muito conveniente e acomodada para a vida humana” Citação do caderno nº 3 Revista de História Económica e Social, edição da recentemente extinta Livraria Sá da Costa...............................

ORIGEM DE ALGARVE

Mapa de 1561.A ORIGEM DO TERMO ALGARVE.Tendo em conta os registos de Frei João de S. José, que coligiu em quatro volumes a Corografia do Reino do Algarve em 1577, o termo seria inspirado no nome atribuído na Arábia e na Pérsia aos mouros que viviam a poente no norte de África a quem chamariam Algarbi d’aquém e aos Mouros que viviam na parte ocidental norte do Mediterrâneo seriam Agarbi d’além. De facto o termo (الغرب, al gharb)significa em árabe o oeste, o poente, ou o ocidente.

JOAQUIM DA BARRADA- Dedicado aos emigrantes da Nave do Barão

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ARROZ DE POLVO À MODA DE SALIR

Este ano a pesca do polvo está em alta e os preços mais económicos. Deixamos hoje a sugestão de arroz de polvo à moda de Salir,registado nesse grande livro da Cozinha Tradicional Portuguesa,da autoria de Maria de Lurdes Modesto,(p.278) que é diferente de todas as receitas conhecidas.
PARA 4 PESSOAS: 1 POLVO; 2 DL DE VINHO TINTO;1 CEBOLA;1,5DL DE AZEITE;2 DENTES DE ALHO, 3 TOMATES; 1 PIMENTO; SAL; PIMENTA: 1 MALAGUETA PIRIPIRI; 1 CHÁVENA ALMOÇADEIRA DE ARROZ.............................. Prepara-se o polvo e coze-se num pouco de água com vinho tinto (pode usar a panela de pressão).Depois de cozido, corta-se o polvo em rodelinhas. Reserva-se o líquido em que o polvo cozeu.Faz-se um refogado bem apurado com o azeite, a cebola e os alhos picados, o tomate sem pele e sem grainhas e em bocados e o pimento em tiras. Tempera-se com sal, pimenta e malagueta. Mede-se o arroz e rega-se o refogado com o líquido em que o polvo cozeu, sendo a porção 3 vezes o volume do arroz. Deixa-se levantar fervura. rectificam-se os temperos e adiciona-se o arroz lavado e escorrido. Deixa-se cozer em lume brando. O arroz deve ficar bem molhado.Nota:No final pode polvilhar com salsa ou coentros, apurando o paladar e melhorando a apresentação do prato, que poderá ir à mesa num recipiente de barro. SUGESTÃO PARA POUPAR TRABALHO E ENERGIA: Pode cozer dois polvos e com o segundo, fazer uma salada de polvo, para servir fresca nestes dias quentes. . Pique 1 cebola e 1 ramo de salsa e junte ao polvo cortado em bocadinhos. Regue a salada com o azeite e vinagre. Tempere com sal e pimenta e acompanhe com ovo cozido e tomate cortado em bocados. BOM APETITE...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

FONTE BENÉMOLA - O JARDIM DE ÉDEN NO ALGARVE

Das margens da Ribeira de Benémola, rompe uma fonte sob uma íngreme rocha, deitando tão grande porção de água e com tal ímpeto e violência, que chega a cortar a própria ribeira e vai buscar a margem fronteira” Ataíde de Oliveira – 1905. O Jardim de Éden, o paraíso de onde se imagina que Adão e Eva foram expulsos, devido ao pecado original, fica situado nas freguesias de Querença e Tôr, e foi rebatizado de Fonte da Benémola, um local de rara beleza. Perto da aldeia típica de Querença, a Fonte Benémola é uma das maravilhas da natureza ainda pouco conhecida. Aqui se conserva a vegetação original do Barrocal e a abundante fauna que aqui mora está relacionada com a água que perdura durante todo o ano, onde com alguma paciência se podem avistar várias espécies e entre elas a lontra. As águas da Fonte Benémola sempre tiveram uma feição divinatória, por isso eram muitos os habitantes da região, entre eles os baronenses e baronesas, que montados do seus burricos iam beber estas águas frescas e cristalinas. E de lá traziam religiosamente nos alforges ou escangalhas, barris ou cântaros cheios do precioso líquido, que era bebido com devoção para cura de determinadas doenças. Para quem gosta de caminhar, existe no local um percurso pedestre, devidamente assinalado, que permite usufruir plenamente deste magnífico recurso natural.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

GAIOLA DOURADA- Um sucesso no Cinema

Este filme que o cineasta luso-descendente Ruben Alves dedicou aos seus pais emigrantes em França, retrata com humor mas também com alguma seriedade a vida do José e de Maria, emigrantes em França há mais de três décadas, ela porteira num bairro de classe média francesa e ele um trabalhador da construção civil, reconhecido pela sua competência.Tornou-se um sucesso em França visto por mais de um milhão de pessoas e em Portugal está quase a atingir os 300 mil espetadores. O argumento de co-autoria do próprio realizador com Jean-André Yerlès e Hugo Gélin, evoca a vida de muitos emigrantes que partiram na década de sessenta, da Nave do Barão e doutras regiões do nosso país, em busca de uma vida melhor. Os dramas da emigração, o trabalho duro, o modo como os portugueses são olhados pelos franceses as saudades da sua terra Natal,os filhos entretanto nascidos em França divergindo culturalmente dos seus pais, os conflitos de expetativas entre as novas gerações e os seus pais, o regresso à terra mãe, ... convidam-nos para um olhar mais atento e uma reflexão mais profunda sobre o fenómeno da emigração no nosso país. Se ontem eram os governantes a criar resistência à partida dos portugueses para terras distantes, hoje é um primeiro ministro e a sua equipa governativa que incentiva os jovens,muitos altamente qualificados, a procurar os caminhos da emigração, desbaratando o investimento que as famílias e o país fizeram na educação da mais bem formada geração que jamais conhecemos. Em tempo de crise e de mágoa pelas políticas responsáveis pelo empobrecimento e infelicidade do nosso povo, este filme ajuda a reencontrar a esperança e alegria de viver, graças a um excelente elenco de artistas portugueses e franceses. Elenco: Rita Blanco, Joaquim de Almeida,Roland Giraud, Chantal Lauby,Barbara Cabrita, Lannick Gautry, Maria Vieira,Jacqueline Corado,Jean-Pierre Martins,Alex Alves Pereira,Sergio da Silva,Nicole Croisille,Bertrand Combe,Ludivine de Chastenet,Alexandre Ruscher,Paul Ruscher,Alice Isaaz,Ruben Alves,Oliver Rosemberg,Yann Roussel.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

ARJAMOLHO-REFEIÇÃO FRESCA PARA DIAS QUENTES

Arjamolho ou Gaspacho à moda da Nave do Barão: (PARA 4 PESSOAS) 3 dentes de alho pequenos, sal grosso, 3 tomates grandes e bem maduros, 1 pimento verde ou vermelho pequeno, 400g de pão tipo alentejano, duro, vinagre, 4 colheres de sopa de azeite, orégãos. Esmague o alho com um pouco de sal grosso e azeite . Coloque esse molho numa travessa funda, junte um pouco de água bem fria, um pouco de miolo de pão esfarelado, orégãos esmagados entre as mãos, azeite e vinagre a gosto. Pique ou corte os tomates , corte o pimento em tiras bem finas e parta o pão em pedaços pequenos. Junte tudo na travessa de forma a cobrir com água os ingredientes. Pode servir com sardinhas assadas, carapaus assados ou fritos. Algumas opções que poderá ainda experimentar: Juntar cubos de gelo. Moer um tomate e juntar ao molho inicial. Tirar as sementes e a pele dos tomates. Moer tudo com a varinha mágica, ficando um género de gaspacho à Andaluz. EXPERIMENTE … VAI ADORAR!

domingo, 18 de agosto de 2013

ALGARVE PLURAL- O FALAR ALGARVIO

Sendo uma província relativamente pequena, o Algarve é muito rico em diversidade geográfica e etnográfica e em dialetos, que se podem identificar ainda hoje em diferentes localidades costeiras ou do interior.À Beira Mar são evidentes as diferenças de sotaque no Sotavento(que vai de Vila Real de Santo António a Faro) dos Cuícas de Monte Gordo,o falar das gentes de Olhão e de Faro, ou no Barlavento (que vai de Faro a Sagres) as pronúncias de Portimão, Lagos ou Vila do Bispo. Mas no Barrocal,a faixa extensa compreendida entre o Litoral e a Serra também tem as suas diferenças linguísticas no modo de dizer e entoação.Ouvindo com atenção um salirense ou baronense e um habitante de Alte, de Messines ou de Silves percebem-se facilmente as diferenças de entoação e até utilização de alguns vocábulos específicos. Mas se formos para a Serra (zona com relevo e vegetação diferente, que se cruza com o Barrocal e faz fronteira com o Alentejo), notam-se as diferenças linguísticas entre Cachopo, Ameixial ou Monchique. Há mesmo alguns termos utilizados numa determinada região que não são reconhecidos noutros lugares. Os lacobrigenses utilizam por exemplo termos como condelipas,que na maior parte do Algarve são conhecidas por conquilhas,ou mochêques quando se referem aos moços. Em Olhos de Água usam adoxo para identificar as covas que ficam cheias de água nas rochas,na Serra riol quer dizer berlinde, os pescadores da Fuzeta usam calças a que chamam avaiós e para manifestar espanto usam Àvai!,os de Olhão mesmo ali ao pé usam Ah! Mãe! em sinal de admiração mas também de negação e Faro que não fica longe Uai! é o seu jeito de exclamar.Em Olhão usam mano para os amigos, salapica para pessoas ruívas sardentas, , em Monchique desmaiar, pode significar a entrada do Maio e encambulhar querendo dizer enganar. Podíamos enumerar muitas outras expressões utilizadas apenas localmente mas a verdade é que existe um imenso vocabulário específico da região algarvia, que se diferencia claramente de outras regiões do país e que figura na sua maioria no Dicionário do Falar Algarvio, da autoria de Eduardo Brazão Gonçalves, editado por Algarve em Foco Editora. Deixamos aqui o registo de alguns dos termos muito frequentes em todo o Algarve, que estão a cair em desuso, mas fazem parte do nosso património cultural:Alcagoita (amendoim) Barimbar (lixar),Dar d'vaia(avisar,saudar),Encambrunhar (enganar), Luzincu (pirilampo), Garofes (coisa nenhuma, comida imaginária),Griséu (ervilha), Marafado (levado da breca),Magana (velhaca), Malino (irrequieto), Nha(minha..), Ondepôs ou Undepôs( há pouco tempo),Papel (cena vergonhosa), Pelgona (mulher ociosa),Punhão ou Porça, (grosseria adocicada),Tarruta (pancada na cabeça),Tração (morte súbita), Rabaceiro (capaz de comer tudo), Zangarreiro (dá com a língua nos dentes), Xerém(farinha de milho), Xoxa (orgão genital feminino................................. Um exemplo do modo de falar dos pescadores de Olhão, extraído do livro Gente de Olhão, de António Algarve (P. 43), retrata bem um estilo linguístico típico:" E entom um dia tava è ccá assentade ó sol, do quental da cadêa, conde vê um pliça, com um gage que falou cómagente, da nossa fala e esse préguntô sê cria falar com o sôr Entoine.O gaje disse quéra do conselade.Iste é cá nam sê o quéra. Pegui em mim e fui com ele. ()Um dia tava ê cá dande de corpe da retrete, tôde descompôste cóme um homem tá conde tá fazendo o service,...".

sábado, 17 de agosto de 2013

OS ALGARVIOS SÃO MARAFADOS

Folheando o IV volume da Etnografia Portuguesa de Leite de Vasconcelos, descobrimos o retrato psicológico do Algarvio, que ainda hoje parece muito atual. "Os homens (algarvios) são laboriosos, ativos, industriosos....São em geral de boa índole, agasalhadores e hospitaleiros" p.587. "ao contário do Alentejano, tudo o interessa, de tudo fala, agita-se em permanência, com uma vivacidade quase infantil. No Algarve não há o silêncio e a impossibilidade: há o movimento constante, o falar, o cantar..." p.558.
"as mulheres algarvias são espitituosas e engraçadas, ataviam-se com graça;fabricam lindas obras de palma, pita, figo e rendas de linha" p.588 citando Silva Lopes...."no Algarve (...),os naturais não são capazes de estar um minuto calados" p588, citando Oliveira Martins"..." raça muito trabalhadora... de génio alegre, sempre cantando canções vivas e caratacterísticas, que estão em completa harmonia com a alegria da paisagem do Algarve" p.590, citando Tomás Cabreira." O Algarvio, se não fala arrebenta." notas do autor. p.592. Conta-se numa anedota da Mexilhoeira Grande que D. João VI, indo num navio com dois algarvios, prometeu quatro moedas de ouro para eles estarem calados uma hora. Eles estiveram uns minutos e disseram:- Não podemos estar sem falar,Real Senhor. Não queremos cá saber do dinheiro" p.593.
Fotos do jantar de Natal em 2007, na Associação Os Barões.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

COMA AMÊNDOAS PELA SUA SAÚDE

Os miolos de amêndoa são um alimento muito saudável que devemos comer com regularidade. As amêndoas têm grandes quantidades de gordura, mas essa gordura é insaturada, o que significa que beneficia a saúde cardiovascular. Acão anti-inflamatória As amêndoas ajudam a reduzir a inflamação das artérias, que é um sintoma precoce da doença cardíaca. Benefícios do consumo frequente de amêndoa - Ajuda a prevenir doenças cardiovasculares. - Ajuda a baixar o colesterol. - Ajuda a subir o HDL (bom colesterol). - Ajuda a prevenir a diabetes. Outros benefícios Quando comida com pele, o miolo da amêndoa destaca-se do resto dos frutos secos pela quantidade de fibra, por isso tem um maior efeito laxante. As Amêndoas são ricas em: - Vitamina E e Vitaminas do complexo B que têm efeitos antioxidantes. - Magnésio que é um mineral importante no controlo da tensão arterial e dos batimentos cardíacos - Cálcio é importante para o fortalecimento dos ossos. In http://www.maisalgarve.pt

O DECLÍNIO DA AMÊNDOA DO ALGARVE

O cartão de visita do Algarve com amendoeiras em flor foi a imagem de marca do Algarve alguns anos atrás, mas o declínio do pomar de amendoeiras que deixou de ser rentável para os agricultores, conduziu-nos à paradoxal situação de termos que importar amêndoa dos Estados Unidos da América e de Espanha, para satisfazer as necessidades da famosa doçaria algarvia à base de amêndoa. Na Nave do Barão não se verificou uma diminuição significativa do número de amendoeiras e a Várzea continua a apresentar um lindo manto branco no final do inverno,o que faz as delícias não só de residentes mas também dos visitantes que espreitam no alto da Curva da Morte. Contudo este imenso pomar de amendoeiras não foi renovado, está praticamente abandonado e os residentes apanham apenas a amêndoa para consumo caseiro. O custo da mão-de-obra está a crescer, inversamente ao preço do produto, que em 2010 atingiu o valor mais baixo dos últimos 10 anos: 47 cêntimos por quilo. A concorrência de outros mercados, que modernizaram as técnicas de produção e de recolha,apesar da qualidade e do sabor ser claramente inferior, ditaram a extinção desta atividade agrícola que foi durante muitos anos fonte de rendimento para muitas famílias. Se em 1990 o Algarve produzia 13000 toneladas, em cinco anos a produção baixou drasticamente para 1000 toneladas, sendo atualmente residual a produção deste precioso fruto seco algarvio. O que fazer para reabilitar a amêndoa do Algarve? Seria um debate interessante a promover na nossa região, que deveria envolver a Universidade do Algarve, especialistas mas também os produtores interessados em explorar este nicho de mercado. Quem come um miolo de amêndoa está longe de imaginar as voltas que a amêndoa deu para a poder trincar e todo o trabalho necessário para colher, descascar, secar e partir a amêndoa. Para poupar o trabalho paciente de partir amêndoas podemos recorrer ao Sr. Manuel João do Purgatório, junto a Paderne, deixando as amêndoas com casca para depois sair partida e com o miolo quase limpo. Os interessados podem ligar para o número 289367162 ou 966951235 e recolher informação. Dados retirados do livro Valorização do Pomar Tradicional de Sequeiro do Algarve, editado pela Universidade do Algarve.
O ano de 2015 foi um excelente ano para a amêndoa do Algarve, graças a uma conjuntura favorável,,( não choveu durante a floração e os preços de compra são compensadores). a apanha da amêndoa foi muito incentivada aqui na Nave do Barão e noutras zonas do Algarve. Se os preços de compra se mantivessem  será natural que as amendoeiras ganhem um novo alento na nossa província, não só como cartaz turístico mas também como atividade agrícola compensadora.
Mas para contrariar este optimismo, veio o ano de 2016 e devido a uma conjugação de fatores climáticos adversos não há literalmente amêndoas na Nave do Barão nem em toda a região.
Parece infelizmente confirmar-se o mau presságio antigo... Em ano bissexto cabe tudo num sexto. Realmente não houve amêndoas nem uvas, as ameixas e azeitonas escassearam. As alfarrobas e os figos contrariaram este panorama sombrio, mas a maioria das culturas foram escassas este ano. Dos três frutos secos (alfarroba, amêndoa e figo) que eram a grande fonte de rendimento, apenas a alfarroba  continua a merecer a atenção dos produtores. O figo deixou praticamente de ter interesse comercial, sendo apanhado, seco e conservado apenas para consumo familiar ou utilizado nas destilarias para produção de aguardente de figo.


ESTAMOS NA ALTURA DO VAREJO

Foto antiga com o Tio José Pires e o seu ajudante de campo. A tradição já não é o que era... Há alguns anos atrás os aldeãos acordavam muito cedo e antes do nascer do sol, ainda lusco fusco, ponham-se a caminho montados nos seus burricos, para ir apanhar amêndoas, alfarrobas e figos no montes que formam o vale cego que bordeja a Várzea de Nave do Barão.Durante a manhã traziam várias carradas com duas ou três sacas, atadas à albarda que vestia o dorso dos burros e machos.Levavam farnel e almoçavam à sombra das árvores,por vezes dormiam a folga abrigados do sol inclemente e voltavam à tarde já com o tempo mais fresco.Quando o varejo e apanha terminavam mais cedo dava para vir almoçar a casa o tradicional arjamolho, que refrescava a alma nestes dias com temperaturas altíssimas.Hoje os burritos desapareceram do quotidiano da aldeia, foram substituídos pelos tratores, as amêndoas e os figos deixaram de ser fonte de rendimento das famílias e o varejo é praticamente só feito para apanha das alfarrobas.O calor abrasador, utilizado para secar os figos e as amêndoas nas açoteias, esse continua a atingir valores muito altos, registando os termómetros talvez dos valores mais elevados de Portugal.Por isso não se vê vivalma nas ruas da Nave do Barão a partir do meio dia e até ao meio da tarde, sendo um período do dia aproveitado para recolher dentro de casa ou para ir refrescar e conviver no Café Barão, onde circula o jornal diário com as novidades da aldeia, por vezes "coloridas" com a imaginação popular e uma pitada de "invenção", para manter a tradição da mentira criativa, pelo qual a Nave é conhecida nas redondezas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

ALGUMAS SUGESTÕES PARA FAZER COM FIGOS

Pizas caseiras combinadas com presunto, queijo e rúcula, sanduíches e tostas com presunto,queijo ou salmão fumado, em iogurtes naturais juntando a gosto um pouco de mel, gelados caseiros, compotas, tartes e bolos, em saladas com diversos tipos de verdura. Experimente e surpreenda a sua família ou os convidados. Pode ainda levar à mesa figos secos flamejados com medronho.À noite e à luz das velas, além de deliciosa sobremesa ou aperitivo, ajuda a criar um ambiente de magia e exotismo. Se não conseguir arranjar figos na praça, porque são frutos muito perecíveis, dê um passeio nas redondezas, descubra algumas figueiras abandonadas, ou fale com os proprietários e peça autorização para colher alguns deliciosos figos maduros.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

CHAMA-LHE UM FIGO

O Figo, fruto generoso típico do Algarve, comido fresco no verão ou seco ao longo de todo o ano, está hoje menos presente devido à diminuição dos pomares de figueiras na região. A Ciência veio dar nova relevância a este fruto da dieta mediterrânea, confirmando as suas propriedades antioxidantes e medicinais (para a tosse, dores de garganta, infeções da boca e combate às baterias orais). Desde sempre foi considerado um fruto muito energético, utilizado pelos atletas no Jogos Olímpicos da Grécia antiga e recomendado a grávidas, mulheres na menopausa, a crianças, a pessoas em convalescença, com anemia ou fadiga, devido ao seu elevado teor em cálcio, ferro, potássio, fósforo e magnésio.
Tem um elevado poder energético mas surpreendentemente também pode ser utilizado para curas de emagrecimento.Comendo dois ou três figos frescos antes da refeição vai reduzir imenso o apetite e como é rico em fibras, protege ainda o intestino e tem uma função laxante. FIGOS COM BICHO? Havia aqui na Nave um ditado antigo muito engraçado... " olha-se para o cu do figo...se o estiver aberto é porque os bichos já saíram e se tiver fechado... é porque ainda não entraram". E dito isto lá iam os figos inteiros sem qualquer hesitação.

domingo, 4 de agosto de 2013

JOANA VASCONCELOS- No Palácio da Ajuda

Depois do sucesso da sua exposição em 2012 no Palácio de Versailles, o Palácio Nacional da Ajuda acolheu uma notável exposição desta jovem artista, que, graças à sua fértil imaginação, soube reinventar um percurso artístico singular que cruza habilmente tradição e progresso, inovando a partir de símbolos fortes da nossa cultura, recorrendo a uma diversidade de objetos que fazem parte do nosso quotidiano, conferindo-lhes uma nova dimensão estética que surpreende, deslumbra e inquieta. Sem a qualidade desejável, porque foram tiradas sem flash pelo Miguel Guerreiro, publicamos a seguir algumas das fotos recolhidas. A exposição tem sido um sucesso aproximando-se dos 200 000 visitantes, que constitui um redord notável para uma exposição de autor.
JOANA VASCONCELOS - At the Ajuda National Palace After her successful exhibition in 2012 at the Château de Versailles, the Ajuda National Palace hosted a remarkable exhibition of this young artist, who was able to reinvent a unique artistic journey thanks to her fertile imagination. This display gathers both tradition and progress, thereby showing innovation with key symbols of our culture and resorting to a diversity of objects that belong to our day-to-day, which endows them with a new, surprising, breathtaking and unsettling dimension as far as aeshetics goes. Despite the lack of quality of the photos because they were taken without flash, here are some of the ones we managed to gather.----------------------------------------------------------
- JOANA VASCONCELOS - Au Palais national d'Ajuda Après le grand succès de son exposition en 2012 au Château de Versailles, le Palais National d'Ajuda a accueilli une exposition remarquable de cette jeune artiste, qui, grâce à son imagination fertile, a été capable de réinventer un parcours artistique qui rassemble habilement la tradition avec le progrès. L'innovation de Vasconcelos est bien visible à travers l'utilisation des forts symboles de la culture portugaise et la diversité d'objets de la vie quotidienne, en leur conférant une nouvelle dimension esthétique étonnante, éblouissante et inquiétante. Les photos n'ont pas la qualité souhaitée car elles ont été prises sans flash. Voilà un échantillon des photos recueillies au Palais.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UMA INOVAÇÃO PARA UM MUNDO MELHOR- PLÁSTICO VIRA PETRÓLEO

Sendo o plástico derivado de petróleo, agora podemos inverter! Uma máquina para processar plástico, podendo ser separado em gasolina, óleo diesel ou petróleo. Os sacos plásticos dos supermercados vão valer ouro... O plástico regressa ao petróleo de onde veio. Engenho e perseverança japonesa. Ainda bem que há sempre alguém que consegue inventar algo que ajuda a reparar o que estragamos... O som é todo em japonês. Basta assistir lendo as legendas em inglês. Mesmo para quem não perceber japonês ou inglês, vale a pena ver. Grande descoberta! Ver clicando no endereço ao lado.