Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

sábado, 22 de agosto de 2015

O CASAMENTO DAS PROFESSORAS NO ESTADO NOVO- Memórias tristes


Há ainda quem,  como o ministro Nuno Crato, tenha nostalgia da escola do Estado Novo e queira fazer regressar a Escola Pública a esses tempos sombrios de triste memória. Saudade da autoridade imposta pela palmatória, dos exames como única forma de avaliação, das orações matinais cantadas em côro, do militarismo obrigatório na Mocidade Portuguesa, do culto de Salazar omnipresente,do retrato do ditador ao lado do crucifixo, da ideologia fascista nos manuais escolares...
Mas quem tem memória viva desses tempos, em que as professoras não podiam casar sem autorização do Ministro da Educação, os professores eram mal pagos e não recebiam ordenado durante as férias escolares, eram expulsos do ensino por defenderem ideais democráticos e pretenderem  constituir um sindicato para defender os interesses dos professores e educadores...não quer regressar ao passado.


sábado, 1 de agosto de 2015

EM JEITO DE HOMENAGEM À SRª MARIA JACINTA

Maria da Conceição Guerreiro, que alguns sobrinhos tratavam carinhosamente por Tita, tinha uma forma singular de ser, de estar e de ser solidária com aqueles que procuravam a sua ajuda e os seus sábios conselhos.Ela e o seu falecido marido, o Sr. Joaquim Valente apadrinharam por batismo, casamento e crisma muitas crianças e jovens, correspondendo aos pedidos de vizinhos, familiares e amigos.
Foi professora regente em algumas localidades do interior algarvio, merecendo o carinho e reconhecimento das aldeias onde leccionou e das crianças que ensinou, constando do seu espólio muitos poemas e testemunhos escritos por alunos seus.
Com o Sr. Joaquim Valente, que faleceu inesperadamente à porta do Centro de Saúde de Salir, promoveu, antes do 25 de Abril, com a colaboração dos residentes na sua aldeia natal, a Nave do Barão, diversas iniciativas festivas, procurando sensibilizar os representantes do poder central e do poder local, para trazerem para esta aldeia do interior mais progresso e desenvolvimento.
Mas tardaram as promessas dos governantes do antigo regime, feitas em jantares serranos bem condimentados e regados com os famosos vinhos baronenses.
Apesar das muitas diligências, reiteradas nas Festas da Espiga, foram os ventos de liberdade que trouxeram a estrada alcatroada, a camioneta da carreira, a energia elétrica, a água canalizada e a recolha do lixo.
Passados alguns anos da sua morte, continua a ser recordada com saudade por aqueles que a conheceram e com ela privaram momentos de partilha e amizade.
A Casa da Tita, procurou guardar memória desta grande senhora, preservando o património legado ao seu sobrinho Joaquim António e criando um pequeno espaço museológico dedicado aos antigos proprietários. 
Entre os vários documentos escritos, publicamos algumas quadras feitas pela Srª Maria Jacinta, como era carinhosamente tratada:
Foi na Nave do Barão que nasci
Onde vivo com alegria;
Com grande satisfação
Faço o meu dia a dia.

Nela me sinto bem
Com alegria e emoção,
Na companhia dos meus pais
Que amo do coração

Na Nave há uma Lagoa
Que trago no coração,
De lá vem o melhor vinho
Que existe na região.

É o vinho mais afamado
Como este não há igual,
Afirmo com toda a certeza
Que é o melhor vinho de Portugal.

Tem sido muito apreciado
Na Festa da Espiga em Salir,
Todos o têm provado
E pedem para repetir.