Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

terça-feira, 26 de abril de 2011

JOAQUIM AMARO - História de vida


O tio Joaquim Amaro foi vítima de AVC e está desde segunda feira internado no Hospital de Faro.
Fazemos votos para regresse rapidamente ao nosso convívio, completamente restabelecido.
Com 84 anos, todos o conhecem e estimam na Nave do Barão, uma vida dividida entre Portugal e Argentina, agricultura e pastorícia.
Coração generoso, amigo dos seus amigos, partiu com 21 anos para a Argentina em busca de uma vida melhor.
De lá regressou quase tão pobre como partira depois de vinte anos esforçados de trabalhos agrícolas.
Regressado à sua aldeia natal fez pela vida em diversas actividades escolhendo a pastorícia de cabras e ovelhas, com as quais passava dias e dias na várzea e no barrocal.
Foi há pouco mais de dois anos, cansado de uma vida de trabalho, que vendeu as últimas ovelhas do seu rebanho, dedicando-se agora ao cultivo do seu pequeno quintal e ao convívio com os homens e mulheres da aldeia.
No passado sábado aproximou-se com o seu passo lento e apoiado pelo cajado, trazendo nas mãos ramos de ameixoeiras de qualidade para enxertar umas jovens amendoeiras que tenho no quintal.
Com a sua imensa sabedoria foi-me ensinando com paciência os vários passos da arte de enxertar por casca e borbulha.
Olhou com muita atenção para a árvore a enxertar, agarrou num dos ramos de ameixeiras de Alcobaça, retirou com mestria a pele formando uma anilha da casca.
Depois escolheu na amendoeira um tronco com espessura semelhante, ripou com muito cuidado a pele sem a danificar, encaixou no tronco nu a anilha e voltou a utilizar a pele do ramo enxertado para cobrir e proteger o enxerto.
Foi uma aula notável e espero ter aprendido esta lição que me deu com paciência e amizade.
Obrigado Tio Joaquim Amaro!
Agora resta-nos esperar que a natureza faça o seu caminho e que numa amendoeira possam vir a nascer suculentas ameixas.