Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A CONQUISTA DO CASTELO DE SALIR

Convidamos o visitante a recuar ao ano 646 d.H, do calendário islâmico (1248/49 d.C) e passear pela fortificação de Selir,  edificada em taipa (misto de barro, cal, areia e cascalho),onde quatro torres altaneiras unem as muralhas de uma fortificação retangular. Nas ruas estreitas, com vista panorâmica para os terrenos férteis, deambulam certamente homens morenos com "jdellebia "(túnica) de cores claras e turbantes, cruzando-se com mulheres vestidas com túnicas negras e burca, transportando alcofas com cereais recolhidos na várzea, ou frutos das hortas cultivadas ao longo da ribeira. O ritmo deste mundo rural seria interrompido de acordo com o ritual islâmico, pela voz do "imam", chamando para a oração numa pequena mesquita local. Ao nono mês do calendário lunar islâmico,(onde os anos têm 354 ou 355 dias e os meses 28 ou 29 dias) cumprem no Ramadão o jejum ( ( صَوْم ) e toda a comunidade suspende as refeições entre o nascer e o por do Sol. Entretanto as tropas do rei D. Afonso III juntam-se aqui, precisamente no coração do Algarve, em local resguardado, com os homens comandados por D. Paio Peres Correia, depois de terem conquistado as praças fortes de Cacela e Tavira. Não é difícil adivinhar uma peleja muito dura e o resultado do confronto entre os fieis de Maomé e de Cristo. Segundo a tradição oral muitos mouros foram refugiar-se na Rocha da Pena e terão vivido nas grutas e nesse pequeno planalto, com os animais e os víveres que conseguiram trazer na fuga. As tropas vencedoras,como era usual, apropriaram-se dos alimentos guardados nos silos escavados nas rochas,(que estavam no interior das casas) e naturalmente das jóias e outros bens dos mouros derrotados e cativos. De acordo com os vestígios encontrados nas escavações arqueológicas, a tomada do Castelo de Salir deve ter sido acompanhada de destruição e incêndios de grandes dimensões. Para termos uma ideia sobre este agregado urbano, podemos visitar a parte que foi tornada visível e preservada no Núcleo Museológico de Salir, que reúne um interessante espólio arqueológico encontrado no local e na região. Segundo os vestígios descobertos sob uma rua, este povoado tinha então canalização de água e saneamento, que podem ser indicadores de qualidade de vida e salubridade dos seus habitantes.


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