Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
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sábado, 7 de setembro de 2013

Uma parte do Tio Chico Inês de 1964

Na venda do Tio Pires havia uma mercearia e o telefone público que estavam ao cuidado da Tia Maria da Luz e a parte da taberna gerida por ele, com balcão, bancos e cadeiras e uma mesa de matraquilhos. A taberna era também o local onde estava a televisão (a única da aldeia) alimentada por um gerador a petróleo. Como a Nave do Barão fica num vale o Tio Pires resolveu instalar a antena no cerro em frente para poder captar imagens da RTP


Depois de uma manhã de trabalho, os homens encalorados almoçavam  e marcavam encontro na Venda do Pires.

Entrou um caixeiro viajante que devia vir abastecer a venda do Tio Pires ou a mercearia e mal pisou a soleira da porta, o Tio Chico Inês mudou de logo de conversa e alterou o tom de voz para dar ênfase à narrativa.
- Era uma bicha de meter respeito. Nunca se tinha visto uma cobra tão grande na região como aquela que mataram hoje da manhã ali nas Quatro Estradas. 
O Tio Pires, ajudando à festa continuou:
- Já telefonei para Faro a avisar que matámos uma bicha talvez maior que uma jibóia.
E o Tio Chico Inês continuou com aparente indiferença ao forasteiro que o ouvia com muita atenção:
-É uma coisa digna de ser vista,... já começaram a vir pessoas das redondezas para ver. A bicha devia ter engolido algum borrego porque tinha uma barrigada, ...
O homem mostrando-se cada vez mais interessado perguntou:
-Mataram uma cobra assim tão grande? Onde disse que está a bicha?
O Tio Chico Inês explicou onde ficava o cruzamento na várzea e o homem saiu apressado para poder contemplar o fenómeno.
Passado algum tempo, talvez cerca de meia hora, voltou dizendo que não tinha visto nada no local indicado nem avistou vivalma, muito menos o tal magote de pessoas de que falou.
O Tio Chico Inês não se desmanchou e explicou que devem ter sido uns entendidos vindos de Faro que vieram buscar o animal para um museu.
O vendedor olhou para o Tio Pires que confirmou que uma carrinha passou com uns indivíduos e perguntaram onde podiam encontrar o animal.
E o homem lá foi à vida dele com pena de não ter visto a cobra gigante ...
Dentro da venda, quando ele se afastou, ficaram a rir ... e a comentar ...


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