Uma janela aberta para o mundo


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quarta-feira, 7 de maio de 2014

O VINHO- uma dádiva dos deuses

Não se sabe ao certo onde de onde é originária a vinha nem como surgiu o vinho, considerado uma uma "dádiva dos deuses" e a "essência da própria vida", mas supõe-se que possa ter surgido na Ásia Central, na região compreendida pela Arménia e antiga Pérsia. Admite-se que o vinho tenha resultado da fermentação ocasional de uvas que faziam parte do regime alimentar dos povos primitivos e o primeiros registos que dão conta da utilização de vinho para rituais religiosos, foram encontrados no antigo Egipto, o que indicia a existência de vinhas e de produção vinícícola, naquela região,  provavelmente há cerca cinco mil anos.
Na Península Ibérica os pioneiros da vinha e do vinho terão sido os Tartessos, povo que habitava na região da actual Andaluzia, a desenvolver há cerca de 4000 anos a viticultura, para consumo próprio, mas sobretudo para fins comerciais na região do Mediterrâneo.
Foram mais tarde os Fenícios que viriam a apoderar-se da atividade comercial dos Tartessos, incluindo naturalmente o nétar dos deuses.
Sabe-se que nos Gregos, no Séc. VII a. C., instalaram-se na Península Ibérica e desenvolveram a arte de produzir vinho. Os Celtas que também por cá estiveram e tinha familiaridade com a atividade vinícula, terão trazido novas castas e introduziram a técnica da tanoaria, onde o vinho era guardado para ser consumido ao longo do ano.
Região dos Tartessos

Grego bebendo 
Moeda Fenícia
Atribui-se ainda aos Romanos a modernização da vinha, através do o aperfeiçoamento o cultivo da vinha recorrendo a novas variedades e aplicando a técnica da poda nas videiras então existentes.
Com as invasões Árabes as atividades agrícolas, onde se incluíam as vinhas, foram incentivadas, sendo o vinho o principal produto exportado. A atividade vinícula deverá ter sofrido algum recuo nos séculos XI e XII, com o domínio dos Almorávidas e Almoadas,que levavam mais a peito os preceitos do Corão, que proibia o consumo do vinho.
Com a fundação de Portugal e a conquista definitiva do Algarve, alargaram-se as áreas de produção vinícola e vinho era um dos principais produtos exportados, tendo particular destaque no período dos descobrimentos e da expansão portuguesa, seguindo o vinho nos convés das naus acomodadas em toneis, sendo muito apreciado o vinho "torna viagem" devido ao seu aperfeiçoamento ao longo das demoradas viagens marítimas.
Os romanos e o vinho

Reconquista cristã
Cavalaria Árabe
D. Dinis, o lavrador
No século XVIII, com o impulso de Marquês de Pombal, a vitivinicultura ganhou maior relevância, sobretudo com os investimentos na Região do Douro e a produção do famoso vinho do Porto.
O vinho teve ao longo da história de Portugal uma enorme importância nas exportações mas no final do Século XIX, a vinha sofreu um revés ao ser atacada pela praga da "filoxera", importada de França e só viria a recuperar no início do Século XX, com a introdução de castas mais resistentes e a aplicação de caldas preventivas.
O vinho é omnipresente na poesia popular que lhe dedica imensas preciosidades, inspirou escritores (Fialho de Almeida," O País da Uvas", Miguel Torga, "As vindimas", Alves Redol uma triologia "Horizonte serrado", "Os Homens e as Sombras" e "Vindima de Sangue" e diversos poetas, entre eles Luís de Camões do qual reproduzimos um poema.
Com as recentes descobertas da importância do vinho para a saúde humana, nomeadamente por conter resveratol (presente sobretudo na pele e grainhas das uvas vermelhas), poderoso antioxidante e antiinflamatório, que atua conjuntamente com os genes. retardando o processo de envelhecimento cerebral, muscular e cardíaco.
No vinho como quase tudo na vida, devemos evitar os excessos porque o alcoolismo tem efeitos negativos provocando algumas doenças  no estômago, fígado e instestino.
A ciência vem no entanto dar aos que dedicaram odes ao vinho, cantaram as suas qualidades e o classificaram como uma "dádiva divina". Até Jesus Cristo, inspirando-se certamente nos antigos cultos egípcios, o tornou obrigatório nas práticas religiosas cristãs. Maomé não teria a mesma opinião, talvez por observar os efeitos negativos que o consumo excessivo de vinho provocava entre os muçulmanos.
Nau Portuguesa

Marquês de Pombal



Cada vez que vejo vir
Barcos à meia ladeira,
Lembram-me as moças de Cuba
E o vinho da Vidigueira.

Quinze e quinze são trinta.
São trinta! Não há vinho como o da Quinta.

É falar no escusado
Meter a mulher a caminho.
Provaste já o novo vinho?

Era no seco tempo que nas eiras
Ceres o fruto deixa aos lavradores:
Entra em anstreia o sol, no mês de Agosto;
Bago das uvas tira o doce mosto.

Luís Vaz de Camões




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