Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

terça-feira, 6 de maio de 2014

BREVE HISTÓRIA DO VINHO DA NAVE DO BARÃO

A fama do vinho da Nave do Barão já vem de longe e foi contemplado no Foral que o Rei D. Afonso III, concedeu a Loulé (1266?) , quinze anos depois da conquista definitiva do Algarve.
No referido foral o rei reservou para si "40 avençadas de vinha conforme foram demarcadas para meus reguengos, para aqueles que as receberam para mim".
Era por isso seguramente um dos vinhos que ia à mesa deste rei D. Afonso III e mais tarde do rei D. Dinis que o sucedeu.
De acordo com a historiadora Isilda Martins, in "O foral de Loulé", "nas vinhas o rei reservou, as melhores, nelas foram incluídas as da Nave do Barão e o seu segredo, ainda hoje mantido, do seu tão apreciado vinho"
Ao longo de séculos os baronenses tiveram o vinho como principal fonte de rendimento e a extensa várzea da Nave do Barão estaria completamente ocupada por vinhedos, que produziam o tão afamado vinho, que devido às técnicas de fabrico e à forte maturação das uvas no verão soalheiro e quente, atingia valores elevados de álcool, de tal forma que os forasteiros, depois de beberem dois copos do precioso nétar , ficavam completamente "almareados".
Mas no final do Séc. XIX as vinhas da Nave do Barão, como aconteceu de norte a sul de Portugal, foram atacadas pela Filoxera, (doença provocada pelo inseto Penphigus vitifoliae) propagada de França, eventualmente através de castas de lá importadas. Esta doença das vinhas que ataca a parte subterrânea da planta, deverá por sua vez ter chegado a França, oriunda da América.
Os produtores de vinho da Nave do Barão, que tinham no vinho a sua principal fonte de rendimentos, devem ter passado um mau bocado e eliminaram as vinhas quase todas, substituindo-as pelo pomar de sequeiro tradicional do Algarve, plantando amendoeiras, figueiras, alfarrobeiras e oliveiras.
A zona destinada a vinhas passou a ser na Lagoa da Nave, talvez porque devem ter verificado que nessa zona a temível doença não se fazia sentir com tanta intensidade, devido à sua proximidade do imenso espelho de água que ali se forma no inverno e se prolonga até ao mês de maio.
Apesar de ter reduzido imenso a área de vinha, houve quem desse continuidade à produção do famoso vinho da Nave do Barão, que hoje ainda é feito com recurso a técnicas antigas (o chamado vinho de bica aberta de cor rosada) mas também recorrendo à infusão temporária do mosto nos engaços, que fica com uma cor muito mais escura.
O Vinho da Nave do Barão, mantém as caraterísticas artesanais e a sua mística que vem de longe. Este cartão de visita vai ser a fonte de inspiração para o carro alegórico que vai desfilar na Festa da Espiga, que terá lugar em Salir no próximo dia 29 de Maio.


Sem comentários:

Enviar um comentário

A diversidade de pensamento é fundamental para o desenvolvimento humano. Deixe aqui o seu testemunho.