Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

EDUARDO LOURENÇO- Apontamentos do seu livro O Labirinto da Saudade

HONRAR O PENSADOR É DIFUNDIR O SEU PENSAMENTO


Partilho aqui alguns tópicos da leitura do livro "O labirinto da saudade" onde Eduardo Lourenço, recentemente falecido, que nos fala de Portugal e dos portugueses, com o seu saber e pensamento prospetivo. Sei que haverá vistantes deste Blogue que possam não estar de momento interessados mas deixo o desafio para a leitura e comentário para quem acredita que é útil APRENDER, APRENDER SEMPRE!!!
Estes apontamentos facilitam a leitura rápida mas podem ser um pouco simplistas e não dispensam a leitura desta obra notável.
Sobre a fundação de Portugal: O nascimento de Portugal foi traumática com sacrilégios maternos e a palavra quebrada (D.Teresa e Egas Moniz)



Sobre os Descobrimentos:Fomos grandes fora de nós, sobretudo no Oriente e resta-nos o saudosismo desses tempos gloriosos.Somos um povo trabalhador mas herdeiros de uma tradição guerreira que não incentiva ao trabalho e favorece o parasitismo.


Sobre a Inquisição: o Santo Ofício condiciou o desenvolvimento da filosofia, da ciência e da cultura, obrigando muitos homens sábios a refugiar-se noutros países, contribuindo o nosso declínio e favorecendo o seu florescimento de outros países.


Sobre a República: Nasceu austera com Teófilo Braga, recuperou a ideia de patriotismo mas esteve longe de cumprir as promessas republicanas, atravessada por convulsões internas.




Sobre o Estado Novo: O salazarismo foi uma versão coerente da nossa impotência económica e social, que legou um país pobre atrasado social e económicamente, com taxas de analfabetismo únicas na Europa, obrigando um terço dos poertugueses a emigrar.




Sobre o 25 de Abril: A segunda República repôs a Democracia mas nasceu hávida de promessas e esbanjadora, descurou o sentimento nacional, não conjugando equlibradamente o interesse social e o interesse nacional. Não fomentou a viagem necessária ao desconhecido que somos nós proprios, sobrevalorizando a dimensão internacional e menosprezando o que é nosso.


Sobre o Povo e as elites: Para as nossas elites durante décadas quase tudo o essencial estava em Paris, Londres e Nova York. Há um divórcio entre uma minoria cultivada em estado de guerrilha entre si e o povo anónimo que não participa nesse debate, perpetuando a passividade generalizada dos portugueses.
Breve retrato dos portugueses: Somos um povo de pobres com mentalidade de ricos e eternos provincianos. Persiste o sebastianismo no nosso imaginário e possuimos uma mentalidade milagreira. Lamentamos a pouca sorte que serve de explicação para desastres e insucessos de que somos responsáveis. Temos uma elite muitas vezes ociosa que gosta de ostentar e valorizar a aparência.Rimos de nós próprios e somos pródigos em gracejos e linguagem maledicente.
Desafios para o futuro: Importa superar a desvalia de nós e do que é nosso e acreditar mais nas nossas potencialidades e capacidades. Transformar mentalidades fomentado a cooperação e a partilha, combatendo o individualismo e o egoismo prevalentes.


OBRIGADO EDUARDO LOURENÇO pelo teu precioso contributo para esta viagem necessária e sempre inacabada no interior de nós próprios, condição para construimos identidades individuais e coletivas e reinventarmos o futuro que desejaste para um Portugal mais fraterno, justo e solidário.
Gosto
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, CUIDADO COM O SEMEADOR DE ILUSÕES


VOTAR É UM DEVER E UM DIREITO DE QUE NÃO DEVEMOS PRESCINDIR
Votar é um direito e um dever de cada cidadão consciente e esclarecido. A liberdade conquistada em Abril não pode ser ameaçada votando em quem semeia ódio e pretende minar a Democracia e as suas instituições, explorando as contradições, fragilidades deste sistema democrático que não sendo perfeito admite a livre expressão e a possibilidade de escolhas alternativas.
Com o nosso voto podemos derrotar quem tem saudades da Ditadura e com discusos populistas, algumas mentiras e meias verdades, explora descontentamentos e situações pouco éticas e condenáveis perante a justiça que tarda em punir.
Como provam as investigações jornalísticas a André Ventura e ao Chega a corrupção faz parte da sua estratégia subterrânea de financiamento da sua campanha política e talvez por isso deixou de ser tema e o foco passou a incidir sobre os ciganos e minorias desfavorecidas, esperando colher votos de segmentos do eleitorado.


Quem são os grande financiadores e ilustres apoiantes deste partido de extrema direita?
"Do universo BES ao Banif. Do negócio das armas à aviação. Do imobiliário aos escritórios de advogados. Poderosos interesses têm-se sentado à mesa com André Ventura para apoiar o líder da extrema-direita portuguesa. Vários homens de negócios admitem financiar o Chega", revela Revista Visão.
"O dono da Sodarca, que conta com vários contratos milionários com de fornecimento de armas às forças de segurança e exército portugueses(link is external), e da Helibravo
Miguel Félix da Costa, cuja família representou durante 75 anos a marca de lubrificantes Castrol em Portugal, atual homem forte da Slil(link is external)
Carlos Barbot, dono do império empresarial das Tintas Barbot, e Paulo Mirpuri, ex-dono da falida operadora de aviação Air Luxor, CEO da Mirpuri Investments(link is external)
O advogado João Pedro Gomes da influente sociedade BSGG(link is external), com escritórios em Lisboa, Madeira e Rio de Janeiro
Francisco Sá Nogueira, ex-vice presidente da antiga holding do Grupo Espírito Santo para as atividades de agências de viagens e operador turístico, a Espírito Santo Viagens. Está associado aos escândalos do BANIF(link is external), BES, Vale do Lobo(link is external), “Panamá Papers(link is external)” e à elite angolana(link is external).
Muitos dos encontros de “angariação de fundos” terão decorrido no luxuoso hotel Hotel Palácio, no Estoril. Entre os facilitadores estiveram ainda o histórico militante fascista Jaime Nogueira Pinto e Eduardo Amaral Neto, descendente de um destacado deputado da ditadura do Estado Novo." In Esquerda.net.
O QUE PODEMOS FAZER PARA DERROTAR VENTURA?
. Combatendo a abstenção e exercendo o nosso direito de voto no dia 24 nos outros candidatos.
. Esclarecendo com informação objetiva os amigos e familiares sobre a natureza do Chega e do seu líder.
. Intervir nas redes sociais combatendo com argumentos válidos as postagens apelativas, muitas delas de perfis falsos, oriundas de apoiantes de AV.
. Incentivar o espírito crítico e criar corrente de opinião em defesa da Democracia, defendendo a ética republicana e usando neste combate argumentos verdadeiros e convincentes.



O POPULISMO ALIMENTA-SE DA IGNORÂNCIA COM ARGUMENTOS SIMPLISTAS E REDUTORES QUE NÃO RESISTEM A UMA LEITURA MAIS COMPLEXA DA REALIDADE.
SE CADA UM DE NÓS COLABORAR ATIVAMENTE NESTE COMBATE
O FASCISMO NÃO PASSARÁ!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ADEUS 2020, BEM VINDO 2021

 2020


Não nos deixa saudade
Com tanto confinamento
Roubou-nos a liberdade
causou muito sofrimento

Ninguém imaginaria
Que este ser minimal
Provocasse a pandemia
Uma tragédia mundial

Das bandas do Oriente
Viajou sem passaporte
Não trouxe um presente
Trouxe o medo e a morte

A vida amordaçada
Afetos aprisionados
A sociedade parada
Futuros ameaçados


E sorrisos mascarados
A ternura à distância
Os avós maltratados
Afastados da infância

Afundou a economia
Desemprego disparou
Ofuscou-nos a alegria
E a nossa vida mudou

2021






O Ano Novo e a esperança
Na vacina salvadora
Alimenta a confiança
Numa cura promissora

Que seja ano especial
Com amor e felicidade
Mais justiça social
Saúde e fraternidade






terça-feira, 29 de dezembro de 2020

COVID19- VACINAR OU NÃO VACINAR EIS A QUESTÃO

 PRÓS E CONTRAS

O movimento antivacinacionista começou em 1885 contra a vacina da varíola, apoiado pelo médico Alexander Ross, que soube-se mais tarde se fez vacinar secretamente. Os argumentos de que iriam envenenar o sangue alimetaram o medo que se foi dissipando com o sucesso do processo de vacinação. A contestação à vacinação foi perdendo terreno e recentemente ganhou novos argumentos com a teoria da conspiração que  acusa as vacinas de provocarem autismo e de poderem vir a provocar alterações celulares irreversíveis no ADN. Há ainda quem associe esta pandemia a uma estratégia oculta para favorecer os interesses da indústria farmaceutica e à utilização das vacinas para colocação de ships nos humanos, de forma a poderem ser controlados com a tecnologia 5G.

É sabido que as primeiras vacinas resultaram das experiências do médico britânico Edward Jenner que no sec XVIII criou a vacina antivaríoloca, trazendo imunidade a uma doença que afligia a humanidade há milhares de anos e tinha provocado ao longo de séculos centenas de milhões de mortes.

A partir dessa invenção a ciência foi criando vacinas que ajudaram a debelar ou controlar inúmeras doenças e pandemias provocadas pela varíola, sarampo, tuberculose, difetria, tétano, dengue, meningite, poliemielite, febre amarela ... sendo incalculáveis os benefícios para a saúde e a preservação de vidas humanas.


A VACINA ANTI-COVID 19

Em tempo record de poucos meses a comunidade científica e a indústria farmaceutica foram produzindo vacinas contra o vírus, contrariando o que foi praticado em anteriores vacinas que demoraram entre 6 anos e 22 meses a ser ministrados com segurança. A rapidez de procedimentos criou algumas dúvidas sobre a eficácia desta vacina e os especialistas explicam que só foi possível avançar tão depressa porque haviam estudos experimentais com outras variantes deste tipo de vírus e que a técnica do ARN, feita com a intervenção de cientistas portugueses, permitiu acelerar o processo.

Na Europa o Reino Unido foi o primeiro país a iniciar o Plano de Vacinação e a União Europeia deu início no dia 27 de Dezembro ao seu Plano, de acordo com um conjunto de prioridades ajustadas por cada um dos 27 países. A vacinação será gratuíta e universal mas não obrigatória e faseada no tempo, priorizando grupos em função dos riscos e vulnerabilidades. 

QUEM VAI PAGAR A VACINA?

A União Europeia decidiu suportar os custos da vacinação generalizada, num gesto de generosidade excepcional, mas todos sabemos que o Orçamento da UE é suportado pelos impostos dos cidadãos, dos trabalhadores e empresas.Com esta decisão, a UE que ficou fragilizada com a saída do Reino Unido e as divisões internas visíveis na aprovação do Fundo de Recuperação da Crise ecomómica e social,  ganhou credibilidade junto dos países e povos europeus.

A LUZ AO FUNDO DO TÚNEL



Segundo alguns especialistas só conseguiremos sair da crise sanitária no final de 2021 depois da vacinação massiça da população. Outros afirmam que a situação pode conhecer uma forte diminuição dos contágios durante o Verão, quando estiverem vacinados perto de 70% das pessoas.

E o que acontece a quem não se pretende vacinar? 

Trata-se de uma decisão pessoal assumindo cada um a responsabilidade do seu livre arbítrio. No caso dos profissionais de saúde deverão preencher um formulário assumindo a sua responsabilidade por eventuais problemas advindos dessa decisão.

Será previvisível que à medida que for generalizada a vacinação e forem evidentes os resultados positivos, vá dimuindo a resistência à vacinação. Será espetável que vá descendo progressivamente o número de casos a requerer internamento hospitalar e a pressão sobre o SNS vá diminuindo.

Teremos em termos sociais cidadãos imunes e cidadãos vulneráveis e essa condição pode ter reflexos na vida das famílias, dos serviços públicos e das empresas, tendo já alguns empresários afirmado que esse fator pode determinar a aceitação ou rejeição de celebração de contratos de trabalho. Sabendo nós que em Portugal a precariedade tende a crescer esta decisão pode afetar a estabilidade profissional de muitos trabalhadores, que postos perante este dilema acabam por se ver forçados a aceitar a toma da vacina.

O QUE PODEMOS ESPERAR DE 2021? 

Não é necessário sermos especialistas nas áreas da saúde e da economia para prevermos os efeitos da crise sanitária nas nossas vidas e da crise económica na vida das famílias e empresas.

Muitas empresas em dificuldade podem não conseguir sobreviver mesmo com os incentivos financeiros previstos, aumentando o desemprego que cresceu imenso em 2020. A "bazuca" deve ser canalizada sobretudo para investimentos estruturantes que podem criar emprego e incentivar a economia. A dimuição progressiva da pandemia pode gerar algum impulso à atividade económica e criar um clima de confiança favorável ao recrudescimento das atividades sociais e culturais, mas sem atingir os níveis antes da pandemia.

A nível planetário, aos graves problemas provocados pelas fenómenos climáticos extremos, acrescem os efeitos trágicos de uma Pandemia que tenderá a agravar as manchas de pobreza e a fome no Mundo. E perante estes dramas humanos será necessário reforçar a ONU, sob a liderança de Gueterres, para investir mais em missões de solidariedade, esperando que as nefastas políticas de TRUMP sejam revertidas por BIDEM.

2021 não será provavelmente o ano generoso que todos  desejamos mas com o contriburo de cada um de nós e da solidariedade nacional e internacional talvez possamos evitar que seja o ANO HORRIBILIS que vivemos em 2020.

VOTOS DE UM PROMISSOR ANO NOVO

Abraço fraternal do Joaquim António Sarmento








sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

A TRAGÉDIA DE IHOR HOMENYK

 



O HORROR aconteceu no Aeroporto de Lisboa no dia 10 de Março, quando um cidadão ucraniano chegou a Portugal procurando trabalho e encontrou a morte, bárbaramente assassinado por quem era suposto proteger e cumprir os elementares deveres de respeito pela condição humana.

Depois de isolado, algemado, imobilizado com fita cola, torturado e agredido, ficando imobilizado no chão enquanto os três inspetores sairam airosamente sem se preocupar com o estado em que  deixaram a vítima.Os três criminosos voltaram ao local do crime e perante a evidência da tragédia aliciaram uma enfermeira do INEM a atribuir a morte a paragem respiratória, mas a autopsia viria a revelar os verdadeiras causas do falecimento.

Mas isto aconteceu em Portugal? Passados nove meses a esposa deste homem não teve uma justificação ou  palavra de pesar por parte da Diretora SEF? O ministro da tutela não ffez qualquer diligência junto da família e do Estado Ucraniano? O Presidente da República que se mostra tão humanista e fala a propósito de tudo esteve em silêncio nove meses? A indemização à família traz de novo Ihor para perto da esposa e dos filhos?

Imaginemos que IHOR se chamava Manuel, era um emigrante português à procura de trabalho noutro país, e tinha tratamento bárbaro semelhante. Como sentiriamos a tragédia humana e viviamos a indignação por este tratamento desumano?

A demissão da diretora do CEF peca pior tardia e há muito deveria ter sido demitida.

O silêncio do Ministro da Administração interna durante nove meses e a ausência de comunicação com a família da vitima, durante o longo período do inquérito que mandou instaurar, não devem ter consequências políticas?


Como interpretar a intervenção muito crítica e incisiva do frenético Marcelo que teve uma gestação longa de silêncio perante a gravidade deste processo onde esteve silencioso durante esta longa gestação? Faço a minha leitura política e senti que o PR  pretendeu "sacudir a água do capote" para





não prejudicar a sua imagem de candidato presidencial.

E António Costa não deveria ter instado o seu ministro a sair do seu imobilismo cúmplice?

Como portugueses e cidadãos não podemos ficar indiferentes. 

PORTUGAL DEVE ORGULHAR-SE DE DEFENDER VALORES HUMANISTAS UNIVERSAIS.

Que seja feita justiça, se apurem responsabilidades e sejam repensados, como sugere Marcelo, o modelo orgânico do SEF, revistos o perfil e a formação de quem no terreno deve zelar pela segurança e cumprimento das leis da República.

 

sábado, 5 de dezembro de 2020

AS MORTES DE SÁ CARNEIRO E SAMORA MACHEL ESTÃO POR ESCLARECER




Partilho aqui dois casos de buçalidade humana que revelam a falta de cultura, de bom senso e de respeito pela condição humana.
Na noite em que se soube da morte de Sá Carneiro estava com um grupo de alfabetização no Clube Águias do Rato no Laranjeiro e achei estranho ter sido lançado um foguete e ouvi festejos . Desci ao Bar e estava um grupo de homens a festejar a morte de Sá Carneiro. Indignei-me e disse-lhes para terem juizo porque uma coisa é desejar a derrota política outra bem diferente é desejar a morte física dos adversários. Em sentido contrário também me irritei com o dono do supermercado Somer em Almada porque estava a oferecer bolos e champanhe para festejar a morte de Samora Machel. Interpelei-o e disse-lhe para ter vergonha por festejar a morte de um homem. Ele respondeu que estava a festejar a morte de um macaco...nunca mais lá fui fazer compras.
Foram ambos vítimas de acidentes ou atentados, despertaram emoções e sentimentos a favor e contra e cada um à sua maneira morreram a defender as causas em que acreditavam. Estou convencido que estes dois políticos foram vítimas de atentado, não de desleixo ou avaria, mas em ambos os casos não foram apuradas responsabilidades pelo provável crime de que foram vítimas.


Tu, Martin Maria Deolinda, Milton Figueiredo e 9 outras pessoas

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Adeus António José Rita



Depois de um longo período de problemas respiratórios devido a poeiras de carvão acumuladas nos pulmões, herança terrível dos muitos anos a trabalhar numa mina de carvão em França, partiu o vizinho, o amigo, o homem bom que no regresso a Portugal se tornou empresário da construção civil, atividade que deixou devido às fragilidades que se foram fazendo sentir. À esposa, aos filhos, netos, nora e genro as sentidas condolências de vizinhos e amigos.
ADEUS ANTÓNIO JOSÉ! Guardaremos na nossa memória o amigo leal, sincero e solidário.





 

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

DESCOBERTO UM MONSTRO CARNÍVORO NA ROCHA DA PENA

 Não se assuste leitor porque a salamandra gigante que designaram Metoposauros Algarvensis viveu num antigo lago perto da Penina (Salir) há 220 milhões de anos e deveria ser na altura um predador terrível, mas agora resta o esqueleto bem conservado e guardado religiosamente pela equipa de investigação que o descobriu.

Esta descoberta inspirou a ideia de candidatura à Unesco de um Geoparque envolvendo os municípios de Loulé, Silves e Albufeira que esperam com esta iniciativa revalorizar o património geológico, histórico e cultural com a espetativa de que possa vir a incentivar o turismo nesta região do interior.

O geoparque terá como polos de interesse a cultura e o património local, as áreas protegidas da Fonte Benémola e da Rocha da Pena, a aldeia cultural de Alte, a água e as fontes naturais, as ribeiras de Algibre,do Cadoiço e de Quarteira, o Castelo de Paderne, o património histórico e geológico de Silves.

No âmbito desta candidatura a Geioparque Mundial a Câmara Municipal de Loulé adjudicou um projecto artístico de uma Salamandra gigante a fazer o "pino" que está em fase de conclusão na rotunda à entrada de Salir, quando vimos de Benafim. Esta obra mereceu alguma contestação da Junta de Freguesia de Salir que tinha planeado ali colocar um outro projeto com oliveiras centenárias, mas posteriormente viria a mercer também o acolhimento desta junta de freguesia. Segundo consta a escultura em betão terá orçado os 137 500 mil euros mais IVA, da autoria do artista     Nuno Luis Basto da Silva. A obra não esteve a concurso público, como de resto vem sendo habitual no município de Loulé. Mesmo que o Geoparque, improvavelmente, não tenha a benção da UNESCO a região e Salir passam a contar com um interessante trabalho artístico que eterniza a presença destes anfíbios carnívoros,



que povoaram a região até serem extintos no final do Trásico. Salir que recria o passado com o Salir do Tempo, tem assim um novo encanto convidando para mais esta viagem no tempo.


sábado, 31 de outubro de 2020

ATÉ SEMPRE TIA ANTÓNIA BATISTA


Deixou-nos aos 97 anos esta amiga generosa, com uma memória fabulosa e uma longa história de vida de trabalho, testemunho de tempos difíceis de lutas e cansaços.
Dela não falarão os telejornais nem será noticia na comunicação social. Em sua memória partilho uma parte da entrevista que me concedeu no dia 16 de junho de 2019. 
  

A MONDA DO ARROZ, DO TRIGO E A CEIFA NO ALENTEJO

Fui um ano à monda do arroz no Alentejo, perto de Alcácer do Sal. Havia um homem na Tôr, o Armando que arranjava o grupo e fui eu, a minha filha Vitalina com quinze anos e a Tia Teresa Maia. Deixei a Belinha, que devia ter uns três anitos, com a avó, a tia Rosalina. Levámos xerém, grãos e feijão para as refeições e mantas. Íamos com água até aos joelhos, usávamos umas meias altas sem pés para andarmos descalças e íamos em grupo mondar o arroz na lama e dos mosquitos.

Havia sempre uma mulher que fazia o comer para todos em panelas de barro no campo e fogueira a lenha.

À noite dormíamos no chão do armazém, em cima de capachas e embrulhadas nas mantas que levávamos.

Eu já tinha ido com o meu marido à ceifa no Alentejo, e deixei a Vitalina com a avó, mas depois da monda do arroz disse para mim que preferia comer pedras a voltar a ir à monda do arroz e nunca mais fui.

A VIDA ANTIGA ERA MUITO DURA

Trabalhei muito para criar as minhas moças e o meu homem era um moiro de trabalho.

Com as raízes e cepas dos carrascos que arrancava fazia carvoeiras pondo a lenha em covas, ateando fogo e depois cobrindo a lenha a arder com terra.

Ia vender o carvão a Loulé em sacas de abuano no burro, dentro das gorpelhas. Passava pelas Adegas, ia a corta mato, passava à Carronca, atravessava a ribeira, saía aos armazéns da Pardalinha na Cruz da Assumada e em Loulé íamos vender pelas casas. Com o dinheiro que arranjávamos comprávamos batata doce, couves e outros avios.

Criávamos porcos e partíamos de madrugada com uma porca e os filhos, que podiam chegar a oito ou nove numa ninhada. E lá ia eu a pé com a porca e os bacorinhos à frente até ao mercado em Loulé, que ficava fora de Loulé no sítio da Barreira. Vendíamos os porcos que não davam avondo para tanta procura.

O pai do meu homem morreu em França no fundo de uma mina de carvão no norte de França e ele era ainda pequeno e foi a avó que tomou conta dele.

NO TEMPO DO RACIONAMENTO (1940-44)

Uma ocasião encomendei milho de contrabando à tia Mariana das Dores, que morava perto do Lagar. Lembro-me que cheguei lá estava a bater 6 horas no sino da igreja de Salir. Carregámos os meio alqueires de milho nos talegos no canto da gorpelha e lá vinha com medo de ser apanhada.

Noutra ocasião fui comprar farinha no moinho na Cabeça da Areia, a meio da noite, a cavalo do burro, porque era proibido na altura vender farinha. O moleiro veio espreitar com a candeia acesa e lá me vendeu uma saca de farinha e eu vim a pé monte abaixo a baixo, com o burro pela arreata.

O CASAMENTO

No outro tempo faziam uns arcos por cima da rua com biscoitos e flores e os convidados e os noivos passavam por baixo montados nos muares e iam apanhando os biscoitos e comendo.

Jogávamos flores para cima dos noivos quando eles passavam.

Eu estava grávida de sete meses e queria-me casar com o meu homem que vivia com a avó e eu com os meus pais. Fui a Salir no carro de besta do tio Luz, fui-me confessar ao padre “pequenino”, que era da Carrapateira. Ele olhou para mim e disse-me “ó minha filha estás mais que confessada” e mandou-me embora.


A Arte em tempo de Pandemia

 Jacob Krynauw nasceu na África do Sul, especialista nas novas Tecnologias da Informação, durante muitos anos trabalhou como designer gráfico, aposentou-se e veio morar na pacata aldeia  da Nave do Barão onde começou a dar largas à sua fértil imaginação e criatividade.



Para dar visibilidade à sua obra peculiar a Associação "Os Barões" convidou o artista residente para a sua primeira exposição neste tempo ameaçador de crescente ameaça pandémica.



A exposição está programada para decorrer na sede social da associação entre 7 de Novembro e 7 de Dezembro, mas como todos os eventos culturais está sujeita às regras aprovadas pela Direção Geral de Saúde e aguardamos o parecer favorável para dar lugar ao deslumbramento e povoar de arte a "galeria" improvisada no salão de festas dos "Barões".