Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

APONTAMENTOS SOBRE O CARNAVAL E O ENTRUDO


Desde tempos remotos que se conhecem manifestações festivas neste período do ano, de despedida do período sombrio e frio do Inverno e de anúncio da Primavera, com toda a exuberância da natureza e clima mais ameno a convidar para a folia.
Já os gregos e romanos festejavam intensamente este despertar de forma especial, dando liberdade temporária aos escravos que vestiam como senhores, satirizando os seus amos, chegando a ser servidos por estes à mesa. Era um curto período em que era abolida a diferença entre escravos e cidadãos livres, chegando os romanos a suspender a sua atividade guerreira neste período dedicado às festas saturnais.
Carnaval tal como as festas populares são momentos de transgressão de quotidianos rotineiros, espaço e tempo para o convívio e a recriação cultural através das atividades performativas. São momentos instituintes importantes para a recriação da identidade cultural, ameaçada pela uniformização e a cultura de espetáculo, onde se assiste passivamente aos produtos culturais feitos mediatizados para consumo massificado. 
O Entrudo é um momento ainda mais significativo e exuberante de todas as festividades cíclicas, por desafiar mais a imaginação e ousadia, tendo sido por isso foi proibido na Idade Média pela Igreja e mais tarde consentido, depois verificarem o insucesso dessa tentativa de extinção desta tradição pagã.
No Algarve “o registo do “Carnaval Civilizado de Loulé” declara o ano de 1906, como o marco que assinala a mudança entre o que se define como Entrudo e o que se considera Carnaval.”. Começou como “Batalha de Flores”, com carros alegóricos floridos vindos das várias localidades do concelho, passou por uma fase relativamente agressiva em que os foliões atacavam os visitantes com tintas, ovos podes, sacos de serradura e chegavam mesmo a magoar com arremesso de objetos agressivos.
Evoluiu depois do 25 de Abril para a sátira política e muita sofisticação nos trabalhos de “escultura” , escapelizando figuras relevantes da nossa vida coletiva nacional, internacional e local, onde o desporto, as artes e a cultura não foram esquecidos.
Este ano, como não poderia deixar de ser a Geringonça tem centralidade neste Carnaval de Loulé, 2017, que conta com o desfile de 15 criativos carros alegóricos e muita animação, com centenas de foliões ao ritmo da música de inspiração brasileira.
O Enterro do Entrudo, à meia noite de terça feira ou na quarta feira seguinte, encerra este período que antecede a Quaresma, que por via religiosa recomenda recato e alguma abstinência.
Na Nave do Barão vamos retomar este ano a tradição do Enterro do Entrudo, que promete ser muito animado, misturando a saudade do defunto com muitos choros e imprecações. A partida será pelas 19 horas na Associação “Os Barões” e deixamos o convite para quem quiser associar-se a este divertido cortejo fúnebre.
Recursos bibliográficoa: A Grande “Geringonça” , edição da Câmara Municipal de Loulé e Festividades Cíclicas em Portugal, de Ernesto Veiga de Oliveira, Publicações D. Quixote.







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