Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
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domingo, 22 de janeiro de 2017

A GENÉTICA, O MILAGRE DA CRIAÇÃO, ACESSÍVEL A TODOS

Carolino Monteiro 
Vou partilhar  com o leitor uma síntese da interessante conferência proferida pelo professor e cientista Carolino Monteiro, no dia 19 de janeiro, promovida pela Câmara Municipal de Loulé,que com linguagem simples e rigor científico proporcionou a quatro dezenas de participantes, o deslumbramento com este mundo fascinante da GENÉTICA.
Foi uma viagem fascinante que nos desafiou para um olhar diferente sobre a Vida, conjugando dimensões complementares como  a Filosofia, a História, a Literatura, a Sociologia, a Política a Tecnologia, as Artes, a Cultura, a Ciência e a Ética.
Este mundo mágico dos genes herdado de pais e avós, é não só responsável pela cor dos nossos olhos, dos nosso cabelo, as nossas feições, a nossa sexualidade e o nosso corpo no seu conjunto, está também presente em cada um de nós desde a gestação e nascimento e determina, condiciona ou potencia sentimentos, comportamentos, capacidades, decisões, o nosso projeto de vida, os nossos percursos pessoais e profissionais até ao final da vida singular de cada um de nós. 
Crescemos por num trilema permanente feito de cooperação ou conflito entre a HERANÇA GENÉTICA (o corpinho que temos), a HERANÇA CULTURAL(do meio familiares e social em que fomos criados e educados) e O PERCURSO PESSOAL que cada um de nós,(protagonista único da nossa própria existência) foi fazendo, com as escolhas, os êxitos, os sucessos, as convições e os sonhos que nos animam. Qual será a preponderância destas três dimensões nas nossas vidas não será possível definir com rigor, porque cada pessoa é um ser único, mas pelo contributo do comunicador convidado, de quem tenho o privilégio de ser amigo, ficamos a saber que a GENÉTICA tem um papel muitíssimo relevante nas nossas vidas.
Haverá à partida pessoas boas, pessoas más ou neutras? 
Pelos vistos o nosso código genético inscreveu "genes do bem" que podem favorecer comportamentos sociais, mais fraternos, mais cooperativos, mais propensos a fazer o bem comum mas pode também ter inscrito "genes do mal", que podem potenciar práticas individualistas. anti-sociais e até criminosas.
Será que o nosso genoma guarda "memória" das nossas vivências e as transmite aos descendentes?
Há evidências científicas a partir de estudos complexos de pessoas sujeitas a situações limite, que desenvolveram Doença Traumática Pós-Stress (PTSD), nomeadamente soldados da Guerra do Iraque e sobreviventes do Holocausto, que transmitiram a filhos e netos (Trangeracion), no primeiro caso a associação de perigo ao cheiro do gás mostarda, utilizado no cenário de guerra, no segundo caso com níveis muito baixos de cortizol. As experiências feitas em ratinhos de laboratório, sujeitos a situações traumáticas, comprovaram esta hipótese através do estudo comportamental dos descendentes, que não viveram as experiências dolorosas mas associam o perigo a um determinado cheiro, presente no momento em que os progenitores viveram situações traumáticas, apesar desses ratinhos não estarem sujeitos a essa violência. Há também estudos com fumadores, a comprovar que as moléculas do tabaco introduzem "memórias"genéticas, que se transmitem aos seus descendentes, que manifestam propensão, por exemplo, para a obesidade.
Podem as políticas públicas condicionar o desenvolvimento da diversidade genética e melhorar a HUMANIDADE?
Nesta prodigiosa aventura humana a diversidade genética que se tem exponenciado ao longo de muitos milénios, tem sido uma imensa riqueza e um bem precioso para a nossa capacidade de sobrevivência e de reinvenção do futuro. Parece evidente que as políticas xenófobas e racistas contrariam essa tendência para a crescente diversidade e empobrecem diversidade genética das futuras gerações. Ao invés, a criação do Programa Erasmus por Jacques Delors em 1987, vocacionado para o intercâmbio de estudantes e professores do ensino superior entre os diferentes países europeus, além de promover a partilha de saberes e de culturas, fomentou também o enriquecimento genético europeu, porque muitos jovens desenvolveram relações de amizade e em muitos casos casaram e tiveram filhos. Para termos uma ideia do número de filhos nascidos por apadrinhamento do Erasmus o nosso orador desafiou a plateia a sugerir um número... mas todos estiveram muito longe da realidade... 1000 000 (UM MILHÃO) será o número real dos "FILHOS DO ERASMUS" durante estes 30 anos de relação interuniversitária.
Foram muitos os ensinamentos do professor e investigador mas tornaria demasiado extenso este texto e houve ainda um debate muito participado e interessante, durante perto de uma hora e meia, prolongando-se para além da meia noite sem nínguém arredar pé.
Obrigado Carolino Monteiro pela sementeira fértil em conhecimento e inquietações...que terminou com  o orador convidado a enfatizar a importância da TRANSPARÊNCIA em todos os domínios científicos, defendendo, na sua radicalidade, que seja instituída na comunidade científica e na sociedade a DITADURA DA TRANSPARÊNCIA.







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