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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A MAGIA DO CANTE ALENTEJANO

Os alentejanos e alentejanas e Portugal estão de parabéns pelo reconhecimento feito pela UNESCO, do CANTE como património imaterial da humanidade.
Não se sabe com rigor qual a origem desta expressão musical da Alma Alentejana, atribuindo alguns a sua origem ao canto gregoriano, introduzido na Idade Média por São Gregório, que por sua vez teria ido inspirar-se no sistema modal dos gregos, criando uma polifonia musical religiosa que teve a sua máxima expressão no século XVI.  Outros explicam a sua provável origem com a forte presença árabe no Sul de Portugal e encontram semelhanças entre este cante e os cantares ainda hoje presentes no Norte de África. Tenha ou não estas raízes o que é certo é que o Cante Alentejano nasceu nas planícies alentejanas em momentos de trabalho de ranchos mistos de homens e mulheres, para aliviar as canseiras do trabalho no campo e espantar as mágoas desta vida dura, muitas vezes sob um Sol inclemente.Com o declínio das práticas tradicionais agrícolas e a mecanização introduzida sobretudo a partir da II Guerra Mundial, os homens transportaram este Cante mágico para as tabernas, nos momentos de lazer, de convívio ou de desocupação por falta de trabalho nos campos.Começaram a proliferar no Alentejo e depois na zonas para onde imigraram muitos alentejanos, os grupos corais, quase sempre de composição masculina.As mulheres que segundo a tradição no Alentejo não frequentam as tabernas, foram ficando de fora deste movimento cultural, mas em algumas localidades criaram por sua iniciativa grupos corais femininos.
O Cante Alentejano, devido ao seu carácter coletivo e às lutas travadas no Alentejo por uma vida melhor, assumiu muitas vezes, durante a ditadura do Estado Novo, a conotação de cânticos de resistência.A Liberdade e a Democracia surgem inevitavelmente associados ao Cante Alentejano, pela escolha feliz da Grândola Vila Morena para senha que deu início ás operações militares libertadoras de um regime que nos oprimiu durante quase meio século. O Cante tem a vida, o amor, a contemplação, o trabalho, o Alentejo, a saudade e a esperança como fontes de inspiração mas a sua força musical está sobretudo no poder vocal do grupo, onde se destacam a solo o "ponto" que inicia e o "alto", secundado pelas "segundas vozes" Como dizia Manuel da Fonseca um alentejano nunca canta sozinho
PARABÉNS A SERPA por ter protagonizado esta candidatura, mas especialmente AOS ALENTEJANOS, que souberam preservar este tesouro da cultura musical portuguesa.
Para estes apontamentos foram consultados os sites www.memoriamedia.net , www.museudafala.com.


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