Revejo no desfiar das memórias, sentados à no Café Central em Setúbal, um trio de conspiradores pela liberdade... Eu, a amiga e colega Glicínia e o Zeca envolvido nos seus pensamentos...ambos já partiram deste mundo...
Partiu a Glicínia uma mulher extraordinária e lutadora , foi porventura encontrar-se com o Zeca... algures no imaginário celestial destino ou com mais certeza ficaram eternizados no espírito de Abril, na utopia de uma tempo novo e da cidade sem muros e ameias, cidade de irmãos onde vamos de mãos dadas semear o amor...
É pá hoje tenho que fazer a mala...
A mala Zeca, vais de viagem?...
Quem me dera... vou ter a Pide à porta para me vir buscar hoje à noite...
Então porquê?
Amanhã é o 18 de Janeiro e devem querer evitar que vá cantar numa sessão comemorativa... é habitual não se preocupem...passo lá um dia ou dois e depois volto...
E soube que esta rotina era habitual em datas como o 1.º de Maio, o 31 de Janeiro...
Ó Zeca porque deixaste de ser professor?
Gostava muito mas não me deixam... concorro para as escolas e liceus ...o diretor aceita-me como professor...começo a trabalhar... passadas duas semanas vem o ordem do Ministério para me mandarem embora...estou na lista negra...
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