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domingo, 26 de abril de 2015

ADORAÇÃO DE MARIA- Apontamentos sobre o culto Mariano

MARIA, Nossa Senhora, Mãe de Deus, Imaculada, de Fátima, de Lourdes, dos Remédios, da Boa Viagem, do Cabo, da Piedade, Mãe Soberana, e tantos outros nomes que foi tendo ao longo dos anos, no crescente culto Mariano, que foi ganhando terreno no seio da Igreja Católica.
Como sabemos, nem sempre a Virgem Maria integrou o culto religioso, nem teve a relevância que foi ganhando nos últimos dois séculos.
Nos escritos dos primeiros evangelistas, nomeadamente Mateus e Lucas, Maria surge simplesmente como judia, fiel, obediente aos Dez Mandamentos, "virgem desposada por José", com traços de humanidade pecadora. Não surgem nos escritos de então indícios da superioridade de Maria, que venerava Cristo, seu filho, como outros pecadores.
No Concílio de 431 Maria surge como "Mãe de Deus", reconhecendo a sua virgindade apenas no parto de Jesus, sendo mais tarde o Concílio de Constantinopla, em 553 dC, a reconhecer que Maria foi virgem antes, durante e depois do parto.
É Santo Agostinho o primeiro teólogo a considerar Maria livre da prática do pecado e Santo Agostinho (1225-1274) admitiu, que com a conceção e o nascimento de Cristo a contaminação de Maria teria sido removida por milagre divino.
Maria amamentado Jesus, pintura de Caravaggio

Maria vista por Leonardo da Vinci

A morte de Maria por Di Credi
Pormenor do rosto de Maria em Pietá de Miguel Ângelo



















Não há portanto base bíblica para o culto de Maria, ou para a mariolatria que se exponenciou até os dias de hoje, chegando mesmo a Inquisição no Séc. XVI a proibir que se evocasse a Imaculada Concepção e se difundisse o culto mariano, apesar de um papa ter criado em 1476 a Festa da Imaculada Conceição.O protestantismo viria também a criticar as práticas de devoção de Maria por questionarem a Santíssima Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esta contenção da crescente simpatia da figura de Maria no seio da Igreja Católica viria a ser contrariada por alguns notáveis religiosos, entre eles S, João Eudes que em 1680 fomentou o culto do Coração de Maria e S. Luís Grignion que em 1710 a proclamou Rainha dos Corações.A simpatia crescente da figura de Maria no imaginário popular, onde se difundiram hinos como a Avé-Maria e outras manifestações de fé, foi sendo consagrada no seio da Igreja Católica na Idade Contemporânea, (Séc.XIX e XX) com o Sagrado Coração de Maria, Maria Auxiliadora, Maria Imaculada e criadas inclusivamente as Servas de Maria.
As aparições em Paris, (1830), la Salette, (1846), Lourdes, (1858) e mais recentemente em Fátima, (1917), vieram dar um impulso decisivo para a generalização do culto Mariano, tal como hoje o conhecemos, com o aval da hierarquia católica, como aconteceu com o Papa Pio IX em 1854 e mais recentemente com o papa João Paulo II.
A consagração de Maria foi por isso um percurso histórico longo, após a aceitação dos três dogmas (imaculada, concepção, virgindade) e ganha influência crescente, sendo legítimo interrogar  se a Santíssima Trindade passará a incluir um quarto elemento divino, ou até se Maria, neste impressionante crescendo de fé e de culto, irá a prazo suplantar a triunicidade divina.

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