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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O DRAMA DA EMIGRAÇÃO JUVENIL-Portugal empobrece para enriquecer os países mais ricos

O mês de agosto foi desde há muitos anos nas aldeias portuguesas tempo de festa e de reencontro com os emigrantes que partiram em busca de uma vida melhor.
A nova realidade que vivemos com o preocupante empobrecimento e o imenso desemprego, impostos por uma receita neoliberal, colocou os mais pobres a pagar os desmandos e fraudes da alta finança especulativa, obrigou de novo muitos portugueses a procurar noutros países o que era negado na sua pátria.
Ainda nos custa a aceitar esta verdade amarga de ver eleitos para governar países aqueles que foram cúmplices do descalabro financeiro mundial, que eclodiu  nos EUA em 2008 e depois tenham inventado o conceito de Dívida Soberana, juntando Dívida Pública, diminuta em comparação com uma  exorbitante Dívida Privada, fazendo-nos pagar os custos da crise e ainda por cima os juros de empéstimos contraídos para salvar a pele de representantes da alta finança.
Mas depois deste desabafo voltemos ao nosso tema e os números não enganam, a emigração cresceu nos últimos quatro anos 155%, dos quais quase meio milhão são jovens entre os 15 e os 29 anos.
Perante as dificuldades e minguada a esperança no futuro, a maioria dos jovens entrevistados, num estudo recentemente realizado, são claros na sua intenção de abandonar Portugal à procura de destinos mais promissores.Foi de resto o primeiro ministro Passos Coelho que exortou a juventude a emigrar, que todos sabemos ser a geração mais habilitada que alguma vez tivemos. Este êxodo juvenil, além de dramático para cada jovem e respetivas famílias, compromete inevitavelmente o futuro de um país que ficou mais pobre e envelhecido, contribuindo curiosamente com este capital humano, para tornar mais prósperos os países mais ricos da Europa.

UMA FAMÍLIA EMIGRANTE EXEMPLAR, QUATRO HISTÓRIAS DE VIDA

Num destes domingos encalorados de agosto, que na Nave do Barão são escaldantes,tivemos na Associação "Os Barões" a simpática visita dos nossos conterrâneos Faísca e esposo Valério e da sua elegante filha Sandrine. Este casal de emigrantes partiu nos anos sessenta para França, por lá tiveram dois filhos  (o Tierri e a Sandrine) e com muito trabalho e sacrifícios, conseguiu realizar os seus projectos de uma vida melhor.Regressaram a Portugal, acalentando a esperança de que os seus filhos aqui pudessem singrar e ser felizes. O Tierri terminou os seus estudos superiores, veio antes do regresso dos pais experimentar a sua integração na pátria paterna, mas depois de alguns anos e de várias experiências profissionais insatisfatórias regressou a França, onde conseguiu o reconhecimento profissional dos seus méritos. A Sandrine veio mais tarde com os pais, completou os seus estudos secundários e superiores em Portugal, mas tal como o irmão, foi em França e depois na Alemanha que conquistou por mérito próprio o merecido prestígio profissional.
Estes e outros exemplos e histórias de vida dos nossos emigrantes, que nas terras de adopção foram excelentes trabalhadores e deixaram saudades, deve ajudar-nos a repensar o país que somos e o país que queremos.O futuro da Pátria, a que talvez devessemos chamar Mátria, como sugeriu Natália Correia, não está dependente de intervenções milagrosas, nem de iluminados salvadores, mas do trabalho criador de riqueza, da consciência e da cultura individual e coletiva e da nossa vontade para intervir e reinventar o destino da nossa RE(S)PÚBLICA.
Neste desafio complexo  e aliciante todos somos imprescindíveis, todos somos importantes.
Como dizia o revolucionário Marat, citado de cor, "Os grandes só nos parecem maiores porque estamos de joelhos. Ergamo-nos!"
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