Faleceu aos 88 anos, após duas operações complicadas, o nosso amigo e vizinho José Pires, que nos habituámos a ver curvado na sua bicicleta, transportando na bagagem a garrafa de água e a enxada, a caminho da vinha ou da horta.Na memória mais antiga que alguns guardam, vemo-lo passar com o seu muar preto, regressando da faina agrícola, sempre com aquela forma tranquila e afável de estar em relação. Apesar da sua avançada idade possuía uma memória fantástica, talvez herança genética do seu avó que era no seu tempo o guardião das memórias e registos de datas e momentos significativos para a Nave do Barão. Alguém que queria saber de partilhas, de confrontações e de outras informações recorríamos à memória fabulosa deste baronense, tal como há um século atrás se ia consultar o seu avó que de memória dizia o dia, o ano e até por vezes a hora, em que fulano ou sicrano tinha nascido, casado, falecido ou enterrado. Perdemos um amigo singular, um vizinho prestável e também o zeloso guardião de memórias da nossa aldeia.
Na sua longa história de vida foi animador de bailes em dueto com o seu amigo Manuel Batista que tocava banjo, emigrante em França e agricultor dedicado, sábio viticultor e sobretudo um amigo leal e fraterno. À família enlutada o nosso abraço solidário em tempo de dor e despedida. Consternados pela sua partida, fazemos votos para que nesta sua última viagem encontre a Paz eterna.
ATÉ SEMPRE TIO ZÉ PIRES!
PS.Depois de publicarmos esta mensagem, ouvimos diversos testemunhos de pessoas que assistiram ao funeral do tio Zé Pires e foram unânimes na discordância quanto ao comportamento do Sr. Prior da nossa Paróquia, por ter usado o púlpito, neste momento sentido de luto e dor, para hostilizar de novo os residentes da Nave do Barão, retomando de novo a infeliz coincidência da festa da nossa aldeia com a festa da Paróquia. Lamentável, por não respeitar a memória do falecido e sua família e injusta porque lesa todos os cristãos da nossa aldeia. Além de pouco adequado, este comportamento não está de acordo com o espírito de tolerância e de perdão cristão e é manifestamente injusto porque atinge toda a comunidade baronense, quando os promotores do polémico evento se resumem a um pequeno grupo de dirigentes associativos.