Nas ruas e ruelas de Salir, entre ameias seculares corroídas pelo tempo e pedras que evocam memórias guardadas no Polo Museológico de Salir, deambularam em três noites mágicas milhares de visitantes, entre tendas e feirantes derramados na encosta, onde não faltou a gastronomia e a animação evocativa de outros tempos e da diversidade cultural com que se teceu a vida dos homens e das mulheres de todos os tempos. As feiras medievais que se tornaram frequentes em localidades históricas são um bom exemplo onde o imaginário se reinventa e se veste de espanto para dar lugar ao deslumbramento, para prazer e fruição de pessoas de todas as idades.
Este desejo de revisitar o passado e ter experiências novas gratificantes tornou-se sustentável economicamente e é uma ocasião excelente para aquisição de bens que não estão disponíveis nas catedrais de consumo a que chamamos Centros Comerciais ou mais pomposamente Fóruns, para sair da rotina e vivenciar ambientes culturais alternativos. A oferta alia rusticidade e diversidade permitindo aos visitantes novos paladares e odores por preços acessíveis. Ninguém ignora que as ofertas gastronómicas batizados com nomes evocativos do passado, são inverdades históricas porque realmente, na Idade Média o Povo comia pessimamente, não havia regas de higiene, as casas de banho eram inexistentes, na falta de garfos e colheres comia-se com as mãos, não havia guardanapos e as mãos e a boca eram limpos às mangas ou noutras peças de roupa. A diversidade dos géneros alimentares era muito pobre e muitos dos alimentos hoje utilizados na confeção destas "refeições medievais" foram trazidos pelos portugueses de África, da Ásia e da América na grande epopeia dos Descobrimentos. Importa contudo realçar o sucesso destes eventos que nos transportam para outras vivências e nos inebriam com um sentido de festa alternativo aos espetáculos massificados, animados por "estrelas" pagas a peso de ouro em sofisticados cenários martelando sons nos nossos ouvidos.Parabéns à Câmara Municipal de Loulé que impulsionou esta iniciativa, à Junta de Freguesia de Salir e às associações locais que deram o melhor do seu esforço para o sucesso do SALIR DO TEMPO 2014. Para o ano há mais? Esperemos que sim.
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