O pensamento científico foi evoluindo ao longo de milénios,
confrontou diversas passagens bíblicas e as interpretações judaicas e cristãs
que dela se foram fazendo, evidenciou
alguns erros científicos e quem desocultou essas inverdades foi
perseguido e até eliminado fisicamente, os seus testemunhos censurados e
queimados para não contaminarem os dogmas religiosos.
O momento da criação da humanidade a partir de Adão e Eva,
ele feito de barro vermelho e ela um ser menor, criado a partir de uma costela
de Adão, descrito no Genesis, está claramente e conflito com a ciência, o que
levou a própria Igreja Católica a reconhecer o caracter fantasioso deste ato
criador.
A Bíblia refere explicitamente antes do dilúvio que alguns
homens chegaram a viver 900 anos, atribuindo até a Adão a vetusta idade de 930
anos e Metusalém o record de 969 anos. Deveremos acreditar nesta versão ou
tentamos contorná-la alegando que nesse tempo os anos eram contados a partir
dos ciclos da lua?
A ideia da Terra implícita no testemunho de muitos profetas
é de uma Terra plana, de forma circular como se fosse uma piza gigante, sendo
por isso possível subir ao ponto mais alto para observar todos os reinos do
planeta.
O conceito geocêntrico que coloca a Terra imóvel no centro
do universo foi contestada pela evidência heliocêntrica de Copérnico e são
conhecidas as perseguições de quem ousava contraditar essa verdade
inquestionável.
Estas e outras contradições menos evidentes questionam
a veracidade do texto bíblico que Igreja
Católica tem sabido inteligentemente relativizar, evitando uma interpretação
literal e atribuindo-lhes uma dimensão metafórica.
A própria emergência do culto de Maria, mãe de Jesus é bem
um exemplo dessa capacidade de recuperação de uma pecadora, considerada apenas
pura no ato de nascimento de Cristo, integrando a crescente simpatia popular de
Maria da Concepção, Imaculada..., para aproximação a um público
predominantemente feminino que frequenta o culto religioso mas que é excluído
do sacerdócio.
A concepção bíblica predominante não consegue ocultar o
chauvinismo de um povo que quer ter a exclusividade de um Deus que o defende,
enquanto penaliza os restantes povos de quem foi igualmente criador. Da leitura
da Bíblia, que para muitos é palavra sagrada, ressalta uma ideologia
patriarcal, machista onde geralmente as mulheres estão ausentes ou são tratadas
como seres menores e por vezes perversos, começar pela Eva que é responsável
pela expulsão do Éden.
Certamente que haverá episódios bíblicos que a história reconhece
e a ciência tem vindo a comprovar, mas devemos reconhecer as limitações do
texto sagrado, que continuará ser uma referência inquestionável para os crentes
e um documento de leitura obrigatória para os não crentes como eu.
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