Este modesto artigo feito a partir de estudos científicos disponíveis na net não pretende tomar posição mas ser um contributo para reflexão sobre esta planta considerada "maldita" por uns e "endeusada" por outros.
Sabe-se que a utilização da Cannabis sativa (uma das três variedades da espécie) terá tido início há cerca de 5000 anos na Ásia, explorando as suas propriedades psico-activas geradora da sensação de euforia, prazer e descontração.
Trata-se de uma droga que cria dependência e incentiva o consumo crescente devido ao seu princípio ativo, o tetrahidrocanabinol (THC).
Os riscos da dependência são também partilhados nomeadamente pela heroína, cocaína, tabaco e álcool, sendo o consumo destas duas últimas drogas legal e socialmente aceite e integrado como atividade económica.
Será a cannabis uma droga mais perigosa quer o álcool e o tabaco?
Os estudos cientificos dizem que não como se pode observar no gráfico publicado no jornal The Lancet:
Em alguns países e estados americanos as suas propriedades medicinais têm servido de base para a legalização da Cannabis. Quais são as mais valias reconhecidas cientificamente para uso medicinal desta droga?
Sabe-se que estimula o apetite, alivia dores crónicas, diminui o risco de glaucoma, tem efeitos anti-tumorais em alguns tipos de cancro, estimula o apetite e poderá ter potencial terapêutico no tratamento de doenças como a Alzheimer.
Existem estudos científicos conclusivos que comprovem estas potencialidades terapéuticas?
Os estudos disponíveis, com recurso a amostras relativamente restritas, parecem comprovar as propriedades terapêuticas desta droga leve mas há muito por esclarecer sobre os seus efeitos a longo prazo, nomeadamente sobre as alterações neurológicas que pode provocar. Enquanto não existirem evidências científicas sobre as consequências do consumo regular da Cannabis, parece acertado não legalizar a sua comercialização para utilização corrente, mas torna-se evidente que o seu uso medicinal terá vantagens comprovadas cientificamente. Uma decisão prudente seria a legalização da Cannabis para fins medicinais, sendo o seu consumo devidamente regulado e os locais de venda limitados a estabelecimentos comerciais credenciados para o efeito, onde as farmácias serão claramente o local mais indicado, por terem assessoria técnica e científica qualificada.
Será recomendável que este debate seja alargado à sociedade portuguesa sem preconceitos e tabus, antes de que seja tomada qualquer decisão legislativa sobre o assunto.