ROSINHA, Minha Mãe
Olhas-me com
ternura
Nesse teu olhar
de enlevo
Com esse
jeito de doçura
Afagas-me o
cabelo loiro
Enquanto me
ensaboas
Na água
tépida do alguidar
De barro
pousado no chão
De ladrilhos
de barro antigos.
Depois levas-me
ao colo
Envolves-me
na toalha de linho
Deitas-me no
leito de ferro
Ao lado da vossa cama de casal.
Beijas-me na
testa e sorris
Com
felicidade radiante
De quem
semeia amor
Entre
paredes caiadas.
Os raios de
sol espreitam
No postigo entreaberto
E uma
estranha magia
Invade o
quarto modesto.
E é transbordante
a alegria
São tantas
as emoções
Que por
momentos sentia
Bater nossos
corações.
Quem me dera
regressar
A esse tempo
passado
Para te
poder abraçar
E sentir-te
ao meu lado.
Memórias de
ternura
Tinha então
quatro anos.
Hoje beijo-te
com saudade
Sessenta e
cinco anos depois.
A
Rosinha faria hoje 88 anos...
Joaquim
António
Teu único filho