domingo, 5 de maio de 2019

ROSA, MINHA MÃE ROSA

Mãe Rosa
Se pudesse voar
No colo do tempo,
Encher-te de beijos e carinhos,
Partilhar a linguagem dos afetos.
Restam-me recordações efémeras
De um tempo outro…
Debruçada na máquina de costura,
Teu rosto tão bonito
Inundado de luz espreitando
Na janela do quintal,
Teus dedos ágeis, delicados
Guiando tecidos e texturas
No sincronismo ritmado
Das agulhas inquietas
E as linhas rodopiando
Alinhavos, bainhas, debruados
Sedas, cambraias, bordados
Com aquele jeito e arte
E a obra nascia por magia
Pão nosso de cada dia.
E eu, com candura e afeição,
Menino  de sua mãe
Ensaiava pontos, chuleava
Para ajudar nas encomendas
Que íamos levar ao Casão Militar.
Hoje em meu peito pulsátil
O tempo esvai-se nas brumas da memória.
Doloroso silêncio, mágoa e vazio
E lavrando no chão dos sentidos
 Trevas, dor e saudade…
Meus dedos dissolvem-se
Na fonte salina dos meus olhos.

Estejas onde estiveres
Hoje quero dar-te um abraço infinito
JOAQUIM A
NTÓNIO

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