Mãe Rosa
Se pudesse
voar
No colo do
tempo,
Encher-te de
beijos e carinhos,
Partilhar a
linguagem dos afetos.
Restam-me recordações
efémeras
De um tempo
outro…
Debruçada na
máquina de costura,
Teu rosto
tão bonito
Inundado de
luz espreitando
Na janela do
quintal,
Teus dedos
ágeis, delicados
Guiando
tecidos e texturas
No
sincronismo ritmado
Das agulhas inquietas
E as linhas
rodopiando
Alinhavos,
bainhas, debruados
Sedas,
cambraias, bordados
Com aquele
jeito e arte
E a obra
nascia por magia
Pão nosso de
cada dia.
E eu, com
candura e afeição,
Menino de sua mãe
Ensaiava
pontos, chuleava
Para ajudar
nas encomendas
Que íamos
levar ao Casão Militar.
Hoje em meu
peito pulsátil
O tempo
esvai-se nas brumas da memória.
Doloroso
silêncio, mágoa e vazio
E lavrando
no chão dos sentidos
Trevas, dor e saudade…
Meus dedos
dissolvem-se
Na fonte
salina dos meus olhos.
Estejas onde
estiveres
Hoje
quero dar-te um abraço infinitoJOAQUIM A
NTÓNIO
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