Dia 365.
Termina o ano comum.
Termina o ano como
um outro qualquer. Amei
cada um dos dias que gastei.
E gostei de os gastar. De os
gostar. E degustei as horas,
as semanas, os meses. Fui
sábio umas vezes, outras,
impaciente. Pedi-te:
dá-me a tua canção,
canta-a com os teus olhos,
os olhos do coração
irmãos da terra, irmãos
da sombra, da cal,
do sisal e do azul. Mal
me bastam as mil razões
do mel para sorrir e
para bater à porta de
cada página, procurando
no reverso, os versos da
ternura. Afago a pele
dos dias, a carne aflita
da distância. Quem é
que quer dar outro nome
às coisas que sempre
se chamaram assim,
e que assim se cantam
porque, agora, os dias
serão prova exaustiva
de coragem?
*
in ANO COMUM, 2.ª Ed.
Editora Edições Esgotadas,
2013.
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