Uma janela aberta para o mundo
No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
O NATAL NA NAVE HÁ 50 ANOS
Solpostinho, lusco-fusco,
adrega-se uma constelação de luzincus
que pisca intermitente,
aninhada no barro rubro
Entre pedras encimadas na parede do forno.
Pela chaminé rendilhada
saem farripas de fumo
e o cheiro a fritos de natal invade a rua,
casando-se com o a aroma da terra molhada.
A zirpada deixou pequenas alvadas,
na vereda pedregosa,
crianças arremedam barragens na lama fresca
vestindo capotes improvisados
com sacas de serapilheira.
Portas abertas dão devaia da charola,
lamparinas de azeite iluminam foscamente
mesa de altar improvisado,
figuras do presépio, santos de cartolina
laranjas, romãs, searas verdejantes,
projetam magia nas paredes caiadas.
Na alvorada do novo dia
a geada desenhou caramelos
nos alguidares que dormiram ao relento.
Os mochécos correm lampeiros ao fumeiro
ali perto das caçoilas tisnadas
assomam suas botitas cardadas
meia dúzia de rebuçados, …
alguma peça de roupa tricotada,
uma bexiga de porco insuflada
fazem a alegria da pequenada.
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