Apesar das campanhas de promoção da leitura a Língua Portuguesa continua a ser um problema com reflexos evidentes nas restantes disciplinas.
Qual a raiz do problema?
Será porque a nossa língua é muito difícil?
Será que programas de ensino do Português estão inadequados?
Estarão os professores a usar os melhores método de ensino da língua materna?
Se a nossa língua é difícil não parece um argumento válido, é a língua que temos e se foi construindo ao longo de séculos e constitui o valioso património cultural dos países de língua oficial portuguesa.
Os programas não serão perfeitos e algumas mudanças criaram por vezes descontinuidades indesejáveis e geralmente não foram acompanhadas da necessária formação dos professores.
A raiz do problema está sobretudo nas estratégias pedagógicas predominantes nas escolas, com recurso a métodos antigos de aprendizagem por letras individualizadas e na ideia muito difundida também de que se aprende a língua materna investido quase exclusivamente na leitura e desprezando a importância da escrita, imprescindível para a expressão de cada aluno e para a estruturação do pensamento dos verdadeiros protagonistas do processo de ensino aprendizagem. A verdade é que podemos tentar formar um bom leitor mas por esta via dificilmente virá a ser ser um bom escritor. Sem desprezar a importância da leitura ( fala social de outros) é fundamental investir no exercício da escrita porque um bom escritor será sempre um bom leitor.O Movimento da Escola Moderna é um bom exemplo de trabalho persistente nesta pedagogia ativa de aprendizagem da língua materna, recorrendo ao método global, e os resultados dos alunos que experimentam as pedagogias dos professores do MEM não deixam margem para dúvidas.
SOBRE OS MÉTODOS DE APRENDIZAGEM
O MÉTODO ANALÍTICO-SINTÉTICO
Muitos de nós aprendemos a soletrar o alfabeto, letra por letra, depois a juntar letras para formar sílabas que por sua vez viriam a formar palavras.
Trata-se de um método muito moroso e pouco estimulante porque só passado muito tempo chegámos a construir frases, quase sempre distantes das nossas vivências e experiências pessoais.
Esta metodologia usada pela grande maioria dos professores, por vezes com pequenas variantes, além de não partir do universo próximo das crianças, com todo o potencial afetivo, não valoriza a cultura e a oralidade de que os alunos são portadores e não rentabiliza todas as potencialidades do sincretismo infantil.*
O MÉTODO GLOBAL
Com este método as crianças não começam a aprender as letras ou as sílabas mas têm contacto com as frases a partir de textos significativos para elas, privilegiando as estórias ou vivências partilhadas.
E é a a partir da leitura oral que vão separando algumas frases que vão memorizando e descobrindo palavras com sentido. A escrita aproxima-se da oralidade corrente vivida e de repente "desatam a ler" passando da apreensão global para uma frase e uma palavra, fazendo a partir deste percurso a descoberta das letras.
Mas é sobretudo a partir da expressão escrita pessoal, inicialmente sem sentido para o adulto e mediado por este, que vai construindo a fala social com sentido.
Com este método as crianças não começam a aprender as letras ou as sílabas mas têm contacto com as frases a partir de textos significativos para elas, privilegiando as estórias ou vivências partilhadas.
E é a a partir da leitura oral que vão separando algumas frases que vão memorizando e descobrindo palavras com sentido. A escrita aproxima-se da oralidade corrente vivida e de repente "desatam a ler" passando da apreensão global para uma frase e uma palavra, fazendo a partir deste percurso a descoberta das letras.
Mas é sobretudo a partir da expressão escrita pessoal, inicialmente sem sentido para o adulto e mediado por este, que vai construindo a fala social com sentido.
¨*Sincretismo infantil
Conceito desenvolvido por Henri Wallon (1879-1962)
O termo se refere à principal característica do pensamento da criança: a ausência de diferenciação entre os elementos - as informações que ela recebe do meio, as experiências pessoais e as fantasias se misturam. O sincretismo corresponde a um momento da evolução do pensamento humano e possui uma lógica própria, diferente daquela observada na fase adulta, que é marcada pela categorização.
Conceito desenvolvido por Henri Wallon (1879-1962)
O termo se refere à principal característica do pensamento da criança: a ausência de diferenciação entre os elementos - as informações que ela recebe do meio, as experiências pessoais e as fantasias se misturam. O sincretismo corresponde a um momento da evolução do pensamento humano e possui uma lógica própria, diferente daquela observada na fase adulta, que é marcada pela categorização.