Hoje ao ler no Faceboock a publicação do professor Galopim de Carvalho sobre a origem de alguns nomes de localidades portuguesas, entre elas Nave do Barão, (a aldeia onde nasci e resido atualmente), fiz uma pesquisa e partilho algumas descobertas convosco no blogue da Nave do Barão. Hoje tratamos da palavra Nave, deixando o termo Barão para outra ocasião.
Começando pelo texto do sábio professor, geólogo, cientista, nascido em Évora, que tantos contributos deu para o Museu de História Natural e para museologizar nomeadamente as pegadas dos dinossauros de Querenque e a Pedreira do Galinha:
"De nave no sentido de planura cercada por montanhas, (...) A Nave do Barão é uma depressão cársica, de fundo plano (polje), no concelho de Loulé".
Consultando a Wikipédia podemos ler que o termo nave terá a sua origem grega vinda de naos e do latim navis.
Este termo originalmente utilizado na navegação marítima, (navio, nave, navegação), passou a ser usado pelos geógrafos e também para designar a ala central das igrejas e catedrais .
Vista panorâmica no inverno |
A Lagoa da Nave sendo a zona mais baixa da várzea acumula água no inverno, formando um grande lençol de água que se mantém até à chegada do verão, desaparecendo geralmente por evaporação em junho, mantendo-se ainda por algum tempo, na zona central mais funda a que chamamos lagoão.
Vista panorâmica com amendoeiras em flor |
vista panorâmica no verão |
Mas a Nave do Barão tem a singularidade de formar um polje com cerca de 4km de comprimento com uma largura variável entre 500 a 1000 metros, sendo em alguns estudos académicos considerado o maior do país.
Ainda sobre a Nave do Barão a Via Algarviana, no interessante desafio de dar a conhecer o Algarve interior publicou um texto bastante interessante que vala a pena ler:
"A Nave do Barão é uma monumental arquibancada com 100
metros de altura, 4 quilómetros de comprimento e 1 quilómetro de largura.
Trata-se de um “polje” ou vale cego, localmente conhecido por nave (de “nava”,
vocábulo pré-romano que designa planura) e que terá resultado do De carro: Pafundamento
do maciço calcário do Jurássico ao longo de uma falha geológica, talvez devido
à grande quantidade de fendas, cavidades e grutas subjacentes. No chão da Nave
foi-se acumulando, ao longo de milénios, a “terrarossa”, solo argiloso e
vermelho, produto da ação da água das chuvas sobre o calcário. Neste local
convergem todas as águas do vale, uma vez que não existe nenhuma outra
possibilidade de escoamento superficial, formando uma lagoa cuja profundidade
varia de ano para ano, consoante a pluviosidade. Há testemunhos de invernos em
que o nível de água chegou à ruína de uma casa perto da lagoa que está junto à
estrada principal que vai até à aldeia da Nave do Barão, mas desde o rompimento
do chão da lagoa por dois furos, efetuado nos anos 80 pelos serviços
hidráulicos, nunca mais tal aconteceu, encontrando-se a lagoa, na época
estival, totalmente seca ou reduzida a pequenos charcos. Um antigo tanque, um
poço com roda e outro provido de curiosa construção subterrânea onde se alojava
um motor, são testemunhos do labor agrícola de outrora, hoje perpetuado pela
presença da vinha. As aves aquáticas tentam fazer pouso na lagoa mas falta a
muitas delas uma cobertura de vegetação suficiente para se sentirem seguras. Em
contrapartida, este é um local de excelência para a reprodução de várias
espécies de anfíbios, estando também classificado, a nível da legislação
europeia, como habitat prioritário (charcos temporários mediterrânicos). No
resto do vale, entre azinheiras, sobreiros e alfarrobeiras, instalaram-se as
amendoeiras que, em pleno inverno, cobrem a Nave com os seus farrapos de neve
mediterrânica.
Sobre o segundo termo BARÃO, fica a promessa de que após algumas consultas na Biblioteca Municipal de Loulé e a ajuda de alguns estudiosos da história local, tentaremos satisfazer a vossa curiosidade. Agradecemos a quem tiver elementos úteis que nos façam chegar os vossos contributos.