Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

APONTAMENTOS SOBRE O CARNAVAL E O ENTRUDO


Desde tempos remotos que se conhecem manifestações festivas neste período do ano, de despedida do período sombrio e frio do Inverno e de anúncio da Primavera, com toda a exuberância da natureza e clima mais ameno a convidar para a folia.
Já os gregos e romanos festejavam intensamente este despertar de forma especial, dando liberdade temporária aos escravos que vestiam como senhores, satirizando os seus amos, chegando a ser servidos por estes à mesa. Era um curto período em que era abolida a diferença entre escravos e cidadãos livres, chegando os romanos a suspender a sua atividade guerreira neste período dedicado às festas saturnais.
Carnaval tal como as festas populares são momentos de transgressão de quotidianos rotineiros, espaço e tempo para o convívio e a recriação cultural através das atividades performativas. São momentos instituintes importantes para a recriação da identidade cultural, ameaçada pela uniformização e a cultura de espetáculo, onde se assiste passivamente aos produtos culturais feitos mediatizados para consumo massificado. 
O Entrudo é um momento ainda mais significativo e exuberante de todas as festividades cíclicas, por desafiar mais a imaginação e ousadia, tendo sido por isso foi proibido na Idade Média pela Igreja e mais tarde consentido, depois verificarem o insucesso dessa tentativa de extinção desta tradição pagã.
No Algarve “o registo do “Carnaval Civilizado de Loulé” declara o ano de 1906, como o marco que assinala a mudança entre o que se define como Entrudo e o que se considera Carnaval.”. Começou como “Batalha de Flores”, com carros alegóricos floridos vindos das várias localidades do concelho, passou por uma fase relativamente agressiva em que os foliões atacavam os visitantes com tintas, ovos podes, sacos de serradura e chegavam mesmo a magoar com arremesso de objetos agressivos.
Evoluiu depois do 25 de Abril para a sátira política e muita sofisticação nos trabalhos de “escultura” , escapelizando figuras relevantes da nossa vida coletiva nacional, internacional e local, onde o desporto, as artes e a cultura não foram esquecidos.
Este ano, como não poderia deixar de ser a Geringonça tem centralidade neste Carnaval de Loulé, 2017, que conta com o desfile de 15 criativos carros alegóricos e muita animação, com centenas de foliões ao ritmo da música de inspiração brasileira.
O Enterro do Entrudo, à meia noite de terça feira ou na quarta feira seguinte, encerra este período que antecede a Quaresma, que por via religiosa recomenda recato e alguma abstinência.
Na Nave do Barão vamos retomar este ano a tradição do Enterro do Entrudo, que promete ser muito animado, misturando a saudade do defunto com muitos choros e imprecações. A partida será pelas 19 horas na Associação “Os Barões” e deixamos o convite para quem quiser associar-se a este divertido cortejo fúnebre.
Recursos bibliográficoa: A Grande “Geringonça” , edição da Câmara Municipal de Loulé e Festividades Cíclicas em Portugal, de Ernesto Veiga de Oliveira, Publicações D. Quixote.







sábado, 18 de fevereiro de 2017

AMIGOS DE BACO NA NAVE DO BARÃO


A Associação “Os Barões”, vai realizar no próximo dia 18 de Março o 3.º Festival do Vinho na Nave do Barão, onde estarão representadas algumas conceituadas Adegas do Algarve ( Adega da Tôr, Adega do Cantor, Herdade dos Pimenteis, Quinta da Malaca, Cabrita-Quinta da Vinha, Marquês dos Vales Monte da Casteleja, Monte do Além) e vinhos artesanais de viticultores da região. Em simultâneo decorrerá no local uma Feira de Artesanato com artesãos  locais a trabalhar ao vivo.
Do programa consta a prova de vinhos das adegas presentes e vinhos artesanais dos participantes no Concurso de Vinhos do Concelho de Loulé, onde se incluem os vinicultores da Nave do Barão e da região, cuja tradição vinícola remonta  ao Séc. XIII.
O Festival  encerra com Música Tradicional Portuguesa e o cantor-autor Afonso Dias.
Entrada livre.
Programa:
12.00hInauguração do Festival
Prova de Vinhos das adegas representadas e vinhos artesanais da região
Mostra de Artesanato Regional
13.00 hPetiscos e gastronomia regional
15.00hReunião do Júri do Concurso de Vinhos Artesanais
17.00hConferência com Engº Mário de Andrade
Enologia de Qualidade no Algarve”
19.00hSessão de entrega de prémios do    concurso de Vinhos Artesanais
20.00HSerão Musical com Afonso Dias,                       Andanças e Cantorias
NOTA: A Associação “Os Barões”, está situada  à entrada da aldeia da Nave do Barão (Salir/Loulé), a 13 km de Loulé em direção a Salir, na Estrada Municipal 1184, coordenadas N 37º 13’ 20’’ W8º 04’ 8’’. Caso venha pela N124/Messines, deverá seguir a estrada no sentido Paderne/Salir, depois em direção Alte. Passando por Alte chegará a Benafim. Percorra a estrada principal da vila, vire à direita, na 1ª saída para Loulé e siga sempre em frente até encontrar numa subida antes do Alto Fica onde verá a indicação de Nave do Barão. Vire, siga em frente e encontrará o local do Festival perto da saída da localidade.
PARA MAIS INFORMAÇÕES Tel. 962638117

IN ENGLISH
The Association “Os Barões” will be hosting the 3nd Nave do Barão Wine Festival on the 18th March, with free entrance. The event will feature some of the most renowned wineries in the Algarve (Adega da Tôr, Adega do Cantor, Herdade dos Pimenteis, Quinta da Malaca, Quinta da Vinha, Marquês dos Vales, Monte da Casteleja, Monte do Além) and a number of regional winegrowers with their homemade wines. A Handicraft Fair will be held simultaneously with local artisans working on site.
The wine tasting comprises a selection of wines from the participating wineries and the homemade wines from the participants of the Loulé Wine Contest. This contest will include winegrowers from Nave do Barão, whose wine tradition dates back to the 13th century. The Wine Festival closes with Portuguese Traditional Music Group Andanças e Cantorias and singer and songwriter Afonso Dias.
12 h - Opening of the festival
Wine tasting of the Algarve wineries and regional winegrowers
Regional handicraft fair
13 h – Regional food and snacks
15 h – Meeting of the contest jury
17h – Conference “High-quality winemaking in the Algarve” - Engº Mário de Andrade
19 h - Award ceremony
Afonso Dias and Andanças e Cantorias
NOTE: The Association “Os Barões” is located just after the entrance to the village of Nave do Barão (Salir/Loulé) on the right hand side. The GPS coordinates are N 37º 13’20’’ W8º 04’ 8’’. If you are coming from S. Bartolomeu de Messines towards Loulé, you will pass the villages of Alte and Benafim, before turning left before Alto Fica. If you are coming from Boliqueime towards Alte, yoou will have to turn right after Alto Fica. The Association is on the far end of Nave do Barão. Tel. 919749293

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

DIA DE S.VALENTIM

TEMPO DE EROS
Esvoaçam  pétalas de desejo,
ardentes inquietações
insubmissas pulsões
momentos oníricos
de mágicas alquimias.
“Fogo que arde sem se ver”
“Dentro da eternidade a cada instante”
“Não se pode adiar o coração”
“Nessa hora dos mágicos cansaços”
 “Minha estrela da tarde”
“Minha noite alvorecida”
Quotidianos de esperança
de seres frágeis e prodigiosos
efémeros, falíveis, inventivos
semeando imaginários intangíveis
de deuses eternos e perfeitos
com poderes ocultos infinitos.
Desenhamos cenários idílicos
No húmus fecundo da utopia,
perseguimos sonhos impossíveis
convocando  ternas palavras
para um sentimento indizível…
esse“ amor  que foge a dicionários”

Evocação do amor, dia 14 de fevereiro de 2017

Mesa redonda com Luís de Camões, Vinicius de Moraes, Ramos Rosa, Florbela Espanca, Ary dos Santos, Mia Couto e Drummond de Andrade, moderada por Joaquim Sarmento

sábado, 11 de fevereiro de 2017

BAILE DE CARNAVAL NA NAVE DO BARÃO

O ENTRUDO está à porta e a folia vai andar à solta, pois como reza o ditado Esta vida são dois dias e o Carnaval são três. Sábado dia 25 de fevereiro a noite promete ser animada com Carlos Coelho em mais um Baile de Carnaval, onde não faltará a graça e imaginação dos mascarados que prometem invadir a Associação Os Barões. Este ano, a exemplo do que aconteceu com as Janeiras baronenses e baronezas vão recriar o Enterro do Entrudo, na quarta feira de cinzas, interrompido durante uma década, após o falecimento de uma das grandes animadoras.
A GERINGONÇA vai servir de mote esta ano para o Carnaval de Loulé, com desfiles previstos para as tardes de sábado, domingo e terça feira.Mas Alte não fica atrás como seu carnaval mais caseiro e trapalhão, que irá desfilar nas tardes de domingo e terça. Em Quarteira prepara-se o Carnaval da Flor com desfile no Calçadão, também no sábado, domingo e segunda à tarde.
Esperemos que o Sol do Algarve nos contemple com o seu sorriso e pedir ao S. Pedro para não abra as torneiras nestes dias, que prometem ser muitos animados e de transgressão do quotidiano.Se o S. Pedro aparecer aqui pela Nave vou-lhe oferecer um copito de medronho biológico do João Rafael para não se esquecer de nós...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

MANUEL TEIXEIRA-GOMES E ZEUS (Divindade grega criadora dos deuses e dos homens)

O realizador Paulo Filipe Monteiro surpreendeu com a sua primeira grande metragem Zeus, dedicada a um grande estadista da 1.ª República, Manuel Teixeira-Gomes, homem de grande cultura e autor de prosas de  grande sensualidade e erotismo, eleito Presidente da República, que revelando grande desprendimento pelo poder e descrente do país que o elegeu, decidiu abdicar e embarcar no cargueiro holandês Zeus (deus grego pai dos deuses e dos homens), partindo para um,a viagem se retorno para Argel.
O filme é muito interessante, não só porque nos devolve a memória de um homem comprometido com os ideais humanistas, cruzando o imaginário erótico presente na sua obra literária, com a história da malograda República e os 17 anos de exílio solitário no Norte de África.

BREVE BIOGRAFIA DE MANUEL TEIXEIRA-GOMES
Nasceu num meio burguês rico em 1860, no  dia 27 de maio Portimão, viveu uma parte da infância numa casas espaçosas e confortáveis em Portimão e Ferragudo, frequentou  colégio na sua terra natal, entrou para o Seminário de Coimbra com 10 anos, matriculou-se na Faculdade de Medicina de Coimbra com 17 anos mas viria a desistir do curso contrariando a vontade paterna. Experimentou a vida boémia de Lisboa e integrou-se na vida política e literária convivendo com ilustres figuras republicanas, entre eles Teófilo Braga, João de Deus e Fialho de Almeida.
Após o cumprimento do serviço militar foi viver para o Porto integrando o meio artístico portuense ao lado de Soares dos Reis, Sampaio Bruno, Queirós Veloso. Fez a sua estreia literária com 21 anos na Folha Nova do Porto.  Desafiado pelo pai é encarregado de promover os frutos secos algarvios, especialmente o figo e a amêndoa, no estrangeiro, nomeadamente em França, Bélgica, Holanda aproveitando estas digressões para visitar também o Norte de África e o Médio Oriente. Aos 39 anos fixou-se em Portimão administrando as suas propriedades, casou-se com uma jovem filha de pescadores, dedicando-se à escrita publicando Cartas sem Moral Nenhuma, Agosto Azul, Sabina Freire, obras de grande sensualidade e erotismo. Escreveu também Desenhos e Anedotas de João de Deus e Gente Singular, tendo sido nomeado poucos meses depois da implantação da República ministro de Portugal em Londres, onde defendeu a política colonial portuguesa, ameaçada por ingleses e alemães. Foi demitido e chamado a Lisboa 7 anos depois, sendo detido por ordem de Sidónio Pais na condição de cárcere privado, acusado de ter mudado de posição em relação à I Guerra Mundial. Seria de novo nomeado pelo Governo de José Relvas como ministro em Madrid, tendo chefiado a delegação Portuguesa na Conferência Internacional de Génova em 1922. Um ano depois viria a ser eleito Presidente da República. A sua obra literária foi motivo de chacota e usada como arma de arremesso pelos seus adversários políticos, em diversos contextos sociais e políticos, nomeadamente nos debates parlamentares. Não foi nada fácil o seu desempenho presidencial perante a instabilidade política da República, assumindo a firme defesa do Parlamento e a crítica frontal dos militares que pretendiam ganhar mais relevância política. Gostava de passear anonimamente pelas ruas de Lisboa, de se misturar com o povo, de frequentar livrarias e utilizar o elétrico nas suas idas e voltas para o Palácio de Belém. O sétimo Presidente da República cumpriu apenas dois anos de mandato  renunciando em 1925, partiu no cargueiro Zeus para a Argélia, para um exílio voluntário que se tornou definitivo após a implantação do Fascismo, que se instalou no consolado do Estado Novo. 
No exílio manteve-se atento à evolução política nacional, orientou a reedição de algumas das suas obras, publicou Cartas a Columbano, Niovelas Eróticas e Regressos, Miscelândia e Maria Adelaide, romance que foi proibido pela Censura e os seus exemplares apreendidos. Faleceu em 1941 longe da pátria e um ano depois seria editada a título póstumo  Londres Maravilhosa.



Alguns excertos de escrita sensual, para abrir o apetite para a (re)descoberta deste autor português pouco (re)conhecido no nosso panorama literário.

"Despem-se com efeito, entre risos que mal ouvimos. Ambas são trigueiras, conquanto mostrem nos braços uma alvura que os rostos não faziam suspeitar.Diferem consideravelmente na idade.A uma delas alteia-lhe a camisa no peito com exuberâncias de amojo e na outra cai em pregas pelo grácil corpinho abaixo. Riem; riem muito, a porfiar qual delas há-de primeiro despir a camisa.  É a mais nova  que se decide: mostra no torneado tronco dois meios limões agudos onde a outra põe logo os lábios; depois esta abre a camisa, soltando túmidos seios maduros que a outra apalpa. Recrudescem os risos..." in Agosto Azul p.121

"Ali, durante horas evoquei o tesouro inesgotável da sua carne, a começar pelas faces que tinha macieza e o aroma dos alperces maduros, e os lábios perfumados, brandos, que me derretiam na boca melhor que os gomos das laranjas de sangue, até aos pés de deusa, de mármore polido e nevado" in Maria Adelaide, p.130

"O   Gregório ainda não tem vinte anos: é alto, forte bem feito. A cabeça de construção latina, a testa lisa e breve, o cabelo frisado, quase ruivo, os olhos cor de avelã verde e um pouco apartados do nariz. Nem um pelo de barba a pungir-lhe atez pesseguenta; as comissuras dos lábios abertas em cheio na carne e revirados como pequeninas pétalas de rosa. Uma cara que sorri, intrinsecamente luminosa, mas de expressão ambígua, inquietadora até ..."in Cartas sem Moral Nenhuma, p.158

" Fico ardendo em luxúria, e fumando sem cessar entretenho a minha insónia passeando no convés até quase de manhã. Para complicar a situação, a atmosfera de sensualidade intensifica-se com a presença de um marujo que, eu notara de dia, adolescente de expressão felina , imberbe, com a boca de delicado recorte (cujas comissuras comprime sem descanso) se cruza comigo centenas de vezes, na estreita passagem entre a amurada e a parede do salão. O seu olhar floresce, provoca-me, persdegue-me, acaricia-me. " in Novelas Eróticas, p.170

Fontes utilizadas: M. Teixeira-Gomes, o discurso do desejo de Urbano Tavares Rodrigues , edições 70 e  pesquisas diversas na internet
           



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Ode aos gatos em Janeiro

ESTÁS COM O JANEIRO...
OU ODE AOS GATOS COM CIO...
O cio
deambula nos telhados
em estranhas alquimias
constelações e ternura
de raivosas erupções
nas tertúlias ao luar.
Sombras, vultos,
vagidos lancinantes,
e o amor acontece
entre felinos impulsos
e ternas cumplicidades.
Pétalas trémulas e efémeras
dançam leves, dolentes
salpicando de alvura
a rubra terra pousia
prenha de húmus e brandura.
Novas folhagens
rompem em ventre fecundo.
Sinfonia de trinados
esvoaça do arvoredo
derramando magia
na planície molhada.
E nesta serena contemplação
eclodem dentro de mim
memórias, vivências e sonhos,
pulsáteis inquietações
revisitando tempos e lugares,
pessoas, afetos e mágoas
lembranças menino e moço
de aventuras e cansaços
entre revoadas de saudade,
espanto e deslumbramento...
raro sortilégio estar aqui
nesta Nave do Barão
de Alma e Coração.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

MAIS UMA DESCOBERTA DO GENOMA HUMANO

DESCOBERTO O GENE DA DEPRESSÃO
"Até agora não se tinha encontrado um único gene que fosse catalisador da depressão", afirmou à agência Efe a bióloga Tatiana Axenovitch, professora no Instituto de Citologia e Genética de Novosibirsk, na Sibéria."Por exemplo, com a ajuda do gene poder-se-á investigar mais profundamente o mecanismo que faz aparecer os sintomas depressivos", destacou.
A investigadora afirmou que "as circunstâncias da vida e o stress a que se está sujeito são fatores decisivos" e salientou a dificuldade de fazer um diagnóstico, porque a doença se manifesta com gravidade, intensidade, duração e frequência diferentes
"Por exemplo, com a ajuda do gene poder-se-á investigar mais profundamente o mecanismo que faz aparecer os sintomas depressivos", destacou.
A investigadora afirmou que "as circunstâncias da vida e o stress a que se está sujeito são fatores decisivos" e salientou a dificuldade de fazer um diagnóstico, porque a doença se manifesta com gravidade, intensidade, duração e frequência diferentes.

Esta aventura fascinante do Genoma Humano é um desafio inquietante na busca do conhecimento sobre as características e comportamentos de cada um de nós. Promessa de futuro? Todas as descobertas científicas podem ser utilizadas para fins mais ou menos generosos. A genética não foge à regra mas vale a pena acreditar num devir mais saudável e fraterno.


domingo, 22 de janeiro de 2017

A GENÉTICA, O MILAGRE DA CRIAÇÃO, ACESSÍVEL A TODOS

Carolino Monteiro 
Vou partilhar  com o leitor uma síntese da interessante conferência proferida pelo professor e cientista Carolino Monteiro, no dia 19 de janeiro, promovida pela Câmara Municipal de Loulé,que com linguagem simples e rigor científico proporcionou a quatro dezenas de participantes, o deslumbramento com este mundo fascinante da GENÉTICA.
Foi uma viagem fascinante que nos desafiou para um olhar diferente sobre a Vida, conjugando dimensões complementares como  a Filosofia, a História, a Literatura, a Sociologia, a Política a Tecnologia, as Artes, a Cultura, a Ciência e a Ética.
Este mundo mágico dos genes herdado de pais e avós, é não só responsável pela cor dos nossos olhos, dos nosso cabelo, as nossas feições, a nossa sexualidade e o nosso corpo no seu conjunto, está também presente em cada um de nós desde a gestação e nascimento e determina, condiciona ou potencia sentimentos, comportamentos, capacidades, decisões, o nosso projeto de vida, os nossos percursos pessoais e profissionais até ao final da vida singular de cada um de nós. 
Crescemos por num trilema permanente feito de cooperação ou conflito entre a HERANÇA GENÉTICA (o corpinho que temos), a HERANÇA CULTURAL(do meio familiares e social em que fomos criados e educados) e O PERCURSO PESSOAL que cada um de nós,(protagonista único da nossa própria existência) foi fazendo, com as escolhas, os êxitos, os sucessos, as convições e os sonhos que nos animam. Qual será a preponderância destas três dimensões nas nossas vidas não será possível definir com rigor, porque cada pessoa é um ser único, mas pelo contributo do comunicador convidado, de quem tenho o privilégio de ser amigo, ficamos a saber que a GENÉTICA tem um papel muitíssimo relevante nas nossas vidas.
Haverá à partida pessoas boas, pessoas más ou neutras? 
Pelos vistos o nosso código genético inscreveu "genes do bem" que podem favorecer comportamentos sociais, mais fraternos, mais cooperativos, mais propensos a fazer o bem comum mas pode também ter inscrito "genes do mal", que podem potenciar práticas individualistas. anti-sociais e até criminosas.
Será que o nosso genoma guarda "memória" das nossas vivências e as transmite aos descendentes?
Há evidências científicas a partir de estudos complexos de pessoas sujeitas a situações limite, que desenvolveram Doença Traumática Pós-Stress (PTSD), nomeadamente soldados da Guerra do Iraque e sobreviventes do Holocausto, que transmitiram a filhos e netos (Trangeracion), no primeiro caso a associação de perigo ao cheiro do gás mostarda, utilizado no cenário de guerra, no segundo caso com níveis muito baixos de cortizol. As experiências feitas em ratinhos de laboratório, sujeitos a situações traumáticas, comprovaram esta hipótese através do estudo comportamental dos descendentes, que não viveram as experiências dolorosas mas associam o perigo a um determinado cheiro, presente no momento em que os progenitores viveram situações traumáticas, apesar desses ratinhos não estarem sujeitos a essa violência. Há também estudos com fumadores, a comprovar que as moléculas do tabaco introduzem "memórias"genéticas, que se transmitem aos seus descendentes, que manifestam propensão, por exemplo, para a obesidade.
Podem as políticas públicas condicionar o desenvolvimento da diversidade genética e melhorar a HUMANIDADE?
Nesta prodigiosa aventura humana a diversidade genética que se tem exponenciado ao longo de muitos milénios, tem sido uma imensa riqueza e um bem precioso para a nossa capacidade de sobrevivência e de reinvenção do futuro. Parece evidente que as políticas xenófobas e racistas contrariam essa tendência para a crescente diversidade e empobrecem diversidade genética das futuras gerações. Ao invés, a criação do Programa Erasmus por Jacques Delors em 1987, vocacionado para o intercâmbio de estudantes e professores do ensino superior entre os diferentes países europeus, além de promover a partilha de saberes e de culturas, fomentou também o enriquecimento genético europeu, porque muitos jovens desenvolveram relações de amizade e em muitos casos casaram e tiveram filhos. Para termos uma ideia do número de filhos nascidos por apadrinhamento do Erasmus o nosso orador desafiou a plateia a sugerir um número... mas todos estiveram muito longe da realidade... 1000 000 (UM MILHÃO) será o número real dos "FILHOS DO ERASMUS" durante estes 30 anos de relação interuniversitária.
Foram muitos os ensinamentos do professor e investigador mas tornaria demasiado extenso este texto e houve ainda um debate muito participado e interessante, durante perto de uma hora e meia, prolongando-se para além da meia noite sem nínguém arredar pé.
Obrigado Carolino Monteiro pela sementeira fértil em conhecimento e inquietações...que terminou com  o orador convidado a enfatizar a importância da TRANSPARÊNCIA em todos os domínios científicos, defendendo, na sua radicalidade, que seja instituída na comunidade científica e na sociedade a DITADURA DA TRANSPARÊNCIA.







sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

SEXTA FEIRA TREZE, azar ou superstição?

Na mitologia antiga dos povos nórdicos ou mediterrânicos o número 13 aparece associado ao azar à má sorte e esse prenúncio ainda está presente no imaginário coletivo. 
No Tarô a carta número 13 representa a morte e nos povos nórdicos conta-se que houve um banquete com 12 deuses convidados e que, Loki, o espírito do mal, apareceu sem ser convidado, armou zaragata e numa briga terá morto Balder, que era um deus favorito destes povos.
Na última ceia de Cristo terão sido treze os que partilharam a mesma mesa, tendo Cristo sido crucificado e morto num dia 13 do calendário judaico e Judas que o traiu, ter-se-à suicidado.
Foi numa sexta 13 de Outubro de 1307  que o Rei de França, Philip IV, em cumplicidade com o Papa Clemente V, prendeu, torturou e condenou à morte a poderosa ordem militar dos Templários, acusados de traição à Igreja.
Em Portugal o visionário Rei D. Dinis, que deve ter recebido também orientações papais para o extermínio dos Templários, teve a lúcida decisão de transformar, a Ordem do Templo, perseguida na Europa, na Ordem dos "Cavaleiros de Cristo", que foram os grandes impulsionadores dos descobrimentos portugueses.
Apesar desta mística negativa em relação às sexta-feiras 13, algumas localidades promovem celebrações exotéricas neste dia, como acontece de norte a sul de Portugal, em Vinhais, Montalegre, Braga, Porto, Leiria e Loulé.

Para quem acredita nestes maus presságios alguns acontecimentos aumentam essa crença, como
foi queda do avião que levava a equipa uruguaia de rúgbi nos Andes, foi numa sexta-feira treze de 1972
e ainda recentemente em Paris ocorreu também numa sexta-feira treze de Novembro os ataques
terroristas que mataram 130 pessoas e feriram cerca de 400.
Mas porque surge o pobre gato preto associado a esta mística malfazeja?
O gato preto, desde tempos remotos, está associado a uma simbologia maléfica, conotado com
feitiçaria, sendo mesmo um dos símbolos da bruxaria. Durante a Idade Média os gatos pretos
chegaram a figurar na lista negra da Inquisição, por serem considerados, imagine-se... hereges.
E os pobres gatos foram mesmo alvo de perseguição e extermínio.







domingo, 8 de janeiro de 2017

CASA DA TITA - Espaço acolhedor de Turismo Rural na Nave do Barão


"Se deseja descansar em local calmo, aprazível, em estreita relação com a Natureza… 
Se procura fugir das rotinas da cidade e experimentar os ritmos e ciclos próprios do mundo rural… Se quer descobrir as maravilhas do Algarve interior, conhecer o seu património natural, histórico e cultural… Visite a nossa página, explore os nossos espaços interiores e exteriores, conheça os serviços disponíveis e as atividades que podemos proporcionar. Se escolher o nosso alojamento local, pode contar com acolhimento e hospitalidade familiar e atendimento personalizado de qualidade."
Localizada no coração do Algarve Central, num vale circundado por montes verdejantes, a cerca de 10 km de Loulé e a 20 km do litoral, situada entre as Paisagens Protegidas da Rocha da Pena e da Fonte Benémola, beneficia do ambiente natural da paisagem típica do barrocal, do agradável clima e luminosidade do Algarve.

Nave do Barão is a small village located in the central region of the Algarve, about 10 km from the town of Loulé and 20 km from the south coast. The Protected Landscapes of the Rocha da Pena and the Fonte Benémola are the main natural attractions in the surrounding area. The village lies in a valley that is surrounded by verdant hills whilst it takes advantage of the natural environment present in the region’s typical landscape and the Algarve’s pleasant and sunny weather.


Adicionar legenda
Nave do Barão, situé en plein cœur de l’Algarve Central dans une vallée entourée des monts verdoyants, se trouve à environ 10 km de Loulé et 20 km du littoral. Le village, placé entre les Paysages Protégés de Rocha da Pena et de Fonte Benémola, profite d’un environnement naturel et typique de la paysage de la région, du climat agréable et ensoleillé de l’Algarve.





Actividades possíveis
Saberes e sabores tradicionais
Ateliers
Figos recheados com amêndoas
Duração: 30 m.
Doçaria tradicional
Queijos de figo, bolos com amêndoa, salame de alfarroba
Duração: 30 m.
Licores tradicionais
Licor de alfarroba, de plantas aromáticas e frutos da época
Duração: 30 m.
Plantas aromáticas (Fitoterapia)
Visita guiada ao jardim de aromáticas e recolha
para  infusões, decoções e xaropes
Duração: 60 m.
Agricultura Biológica Visita guiada à horta biológica
sementeira, plantações e colheita 
Duração: 60m

TRADITIONAL FLAUVOURS AND KNOWLEDGE
WORKSHOPS
Dry figs filled with almonds
Estimadet time: 30 minutes
Traditional pasty
Fig cake,  almond cake, carob salami
Estimadet time: 30 minutes
Traditional Liquer
Estimadet time: 30 minutes
Aromatic plants and seasonal fruit liquer
Estimadet time: 30 minutes
Aromatic plants (Phytotherapy)
Guided tour to de aromatic garden end plant gatherin
for uinfusion, decoction and syrup production
Estimadet time: 60 minutes
Organic Farming guided tour to de biologic garden
(seedbed, plantations and crops)
Estimadet time: 60 minutes
Vinicultura
Provas de vinhos artesanais locais
Visitas Adega da Tôr e Adega do Cantor (Guia)
Vindima e produção de vinho artesanal
1ª quinzena de setembro
Atividades no pomar tradicional
Varejo, apanha e processamento
de alfarroba, figos secos e amêndoa (
agosto e setembro
Varejo e apanha da azeitona
Visita a lagar - troco da azeitona por azeite virgem
Fabrico de pão artesanal
Amassar, levedar e coser em forno de lenha



  • Nave do Barão Cx.P. 106 S
  • 8100 - 188, Salir - Algarve
  • Tel.: +351 289 102 051
  • Cell.: +351 962 638 117
  • Cell2.: +351 932 703 932
  •                                                                                                         Email: casadatita@gmail.com                                                                                                                              www,casadatita.pt
    Quartos confortáveis


    Tradição e modernidade

    Rocha da Pena- excelente para caminhada e escalada
    Casa principal de raiz tradicional

    Fonte Benémola- paraíso no coração do Algarve

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

CANTAR AS JANEIRAS... A tradição voltou à Nave do Barão


A tradição das Janeiras foi recriada em vésperas de Reis, por duas dezenas de cantadores que visitaram as casas da Nave do Barão, foram até Salir, à Pena, à Beirada, ao Borno e à Taipa...e se não contemplaram mais casas e lugares foi porque se aproximava a hora da Cinderela e não quiseram acordar os vizinhos... porque o dia de Reis seria dia de trabalho para muitos... Foi grande a receptividade dos particulares e estabelecimentos comerciais (Casa da Tita, Cafés Os Barões e Porto do Doce, Churrasqueira Papagaio Doirado e Bar da Beirada), que abriram as portas  para oferecer bebida, bolos e doces, para afinar a garganta e aconchegar o estômago aos janeireiros.. Mas a festa continua dia 20 de janeiro com os janeireiros e convidados, graças à generosidade dos proprietários que ofereceram chouriças, ovos, vinho. doces e um bom pé-de-meia para as despesas do ágape e opíparo jantar..













 E o canto ecoava no noite fria ....

Quem são os três cavaleiros
Que fazem sombra no ,mar?
São os reis do oriente
Que Cristo vêm adorar.

E terminava
Estamos aqui à sua porta
Encostados ao seu portão:
Viva a patroa de casa
Viva também o patrão.

e as portas iam-se abrindo com os residentes em pijama, mandando entrar o grupo que agradecia aquelas atmosferas aquecidas pelas lareiras e pelo calor humano e hospitaleiro.
Uma noite bem passada ... para o ano há mais, se houver vida e saúde...




domingo, 1 de janeiro de 2017

ESTE ANO VAMOS CANTAR AS JANEIRAS

Uma tradição muito antiga de grupos de crianças ou adultos que iam de casa em casa, perguntando "canta-se ou reza-se" ... e lá soava a toada de vozes na noite fria, dando vivas aos residentes e evocando o nascimento do Menino ou cantado os Reis do Oriente e desejando um Novo Ano com muita saúde e boas sementeiras.
As portas abriam-se e as ofertas iam enchendo as alcofas ou os alforges... ajudando famílias mais desfavorecidas ou grupos de janeireiros que faziam a seguir uma refeição coletiva com as ofertas conseguidas.
Este ano vamos reeditar a tradição no dia 6 de janeiro, Dia de Reis. Juntamo-nos pelas 17 horas na Associação "Os Barões" para um pequeno ensaio e crianças e adultos iremos percorrer as ruas da Nave do Barão e de localidades vizinhas. A Sofia Pintassilgo será a coordenadora mas ainda não temos acompanhamento musical. Será bem vindo que se queira associar à recriação desta tradição.
Sábado faremos a Festa com os géneros conseguidos neste Canto de Reis.


RECEITA DE ANO NOVO, de Carlos Drummond de Andrade

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumadas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade , "Receita de Ano Novo". Ed