Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

terça-feira, 23 de maio de 2017

O INSUCESSO ESCOLAR E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA

Um estudo recente veio revelar, o que muitos de nós pressentíamos, os alunos portugueses têm mais insucesso escolar porque têm pior desempenho no domínio da língua materna.
Apesar das campanhas de promoção da leitura a Língua Portuguesa continua a ser um problema com reflexos evidentes nas restantes disciplinas.
Qual a raiz do problema? 
Será porque a nossa língua é muito difícil?
Será que programas de ensino do Português estão inadequados? 
Estarão os professores a usar os melhores método de ensino da língua materna?
Se a nossa língua é difícil não parece um argumento válido, é a língua que temos e se foi construindo ao longo de séculos e constitui o valioso património cultural dos países de língua oficial portuguesa.
Os programas não serão perfeitos e algumas mudanças criaram por vezes descontinuidades indesejáveis e geralmente não foram acompanhadas da necessária formação dos professores.
A raiz do problema está sobretudo nas estratégias pedagógicas predominantes nas escolas, com recurso a métodos antigos de aprendizagem por letras individualizadas e na ideia muito difundida  também de que se aprende a língua materna investido quase exclusivamente na leitura e desprezando a importância da escrita, imprescindível para a expressão de cada aluno e para a estruturação do pensamento dos verdadeiros protagonistas do processo de ensino aprendizagem. A verdade é que podemos tentar formar um bom leitor mas por esta via dificilmente virá a ser ser um bom escritor. Sem desprezar a importância da leitura ( fala social de outros) é fundamental investir no exercício da escrita porque  um bom escritor será sempre um bom leitor.O Movimento da Escola Moderna é um bom exemplo de trabalho persistente nesta pedagogia ativa de aprendizagem da língua materna, recorrendo ao método global, e os resultados dos alunos que experimentam as pedagogias dos professores do MEM não deixam margem para dúvidas.
SOBRE OS MÉTODOS DE APRENDIZAGEM
O MÉTODO ANALÍTICO-SINTÉTICO
Muitos de nós aprendemos a soletrar o alfabeto, letra por letra, depois a juntar letras para formar sílabas que por sua vez viriam a formar palavras.
Trata-se de um método muito moroso e pouco estimulante porque só passado muito tempo chegámos a construir frases, quase sempre distantes das nossas vivências e experiências pessoais.
Esta metodologia usada pela grande maioria dos professores, por vezes com pequenas variantes,  além de não partir do universo próximo das crianças, com todo o potencial afetivo, não valoriza a cultura e a oralidade de que os alunos são portadores e não rentabiliza todas as potencialidades do sincretismo infantil.*
O MÉTODO GLOBAL
Com este método as crianças não começam a aprender as letras ou as sílabas mas têm contacto com as frases a partir de textos significativos para elas, privilegiando as  estórias ou vivências partilhadas.
E é a a partir da leitura oral que vão separando algumas frases que vão memorizando e descobrindo palavras com sentido. A escrita aproxima-se da oralidade corrente vivida e de repente "desatam a ler" passando da apreensão global para uma frase e uma palavra, fazendo a partir deste percurso a descoberta das letras.
Mas é sobretudo a partir da expressão escrita pessoal, inicialmente sem sentido para o adulto e mediado por este, que vai construindo a fala social com sentido.


¨*Sincretismo infantil
Conceito desenvolvido por Henri Wallon (1879-1962) 

O termo se refere à principal característica do pensamento da criança: a ausência de diferenciação entre os elementos - as informações que ela recebe do meio, as experiências pessoais e as fantasias se misturam. O sincretismo corresponde a um momento da evolução do pensamento humano e possui uma lógica própria, diferente daquela observada na fase adulta, que é marcada pela categorização.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

PULO DO LOBO, visita obrigatória





Foi notícia triste pelo trágico desaparecimento de um canonista que descia o Guadiana e terá sido vítima da violência das águas neste lugar mágico, de rara beleza.
Já outros acidentes mortais ocorreram no local o que recomenda a urgente colocação de informação a montante, onde o Guadiana se espreguiça com a calma típica do Alentejo.
Estamos perante 
a maior queda de água do sul de Portugal, e fica situada no rio Guadiana, entre Mértola e Serpa.

As águas caem de mais de 20 metros de altura e, envoltas num mar de espuma descem a garganta rochosa até lá abaixo, desembocando num lago entre as rochas.



As margens da queda de água são tão apertadas que, segundo a lenda, até um lobo as conseguiria transpor de um só salto. Daí o nome de Pulo do Lobo.

A paisagem do pulo do lobo é espectacular, o leito do rio após a queda de água, encontra-se todo exposto, em rocha, por entre a qual serpenteia o rio Guadiana, num sulco criado ao longo de milhares de anos.

O acesso ao pulo do lobo pode fazer-se por nascente ou poente. 

A nascente faça um desvio na estrada que liga Serpa a Mértola, o acesso até lá abaixo é contudo difícil e tem que fazer-se a pé, tendo ainda que atravessar o leito rochoso do rio até chegar à queda de água. Recomendamos cautela.

A poente, faça um desvio na estrada que liga Beja a Mértola e siga até à aldeia de Amendoeira da Serra, seguindo as indicações até ao Pulo do Lobo. Chega então à Herdade de Pulo do Lobo, abra a cancela e são cerca de 1000m em estrada de terra até à cascata. O acesso é interdito a veículos pesados.

O acesso à cascata por poente é mais fácil, existindo inclusive uma estrutura para melhor observar a queda de água. 

Se ainda não conhece o Pulo do Lobo programe uma visita, previna-se com chapéu e calçado apropriado e aproveite para visitar Mértola, para usufruir de uma magnífica vista panorâmica e conhecer  o património histórico que ganhou relevância graças ao trabalho fantástico do historiador Cláudio Torres.

terça-feira, 16 de maio de 2017

FESTA DA ESPIGA EM SALIR

A Festa da Espiga realiza-se em três dias, e o programa será dividido em três dias temáticos.
As actividades vão desde os espectáculos de música, desporto, artesanato, animação de rua, iniciativas para crianças e idosos e uma área dedicada à gastronomia com um espaço de tasquinhas de manjares e petiscos serranos. A Associação "Os Barões" lá estará os três dias com serviço de bar e a habitual simpatia baronense. 



terça-feira, 9 de maio de 2017

domingo, 7 de maio de 2017

DIA DA MÃE


Partilho hoje,em jeito de homenagens às mães, um poema 
Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas' , 
que interpreta de forma sublime o sentimento de um 
filho perante trágica perda.
Para Sempre
Por que Deus permite 
que as mães vão-se embora? 
Mãe não tem limite, 
é tempo sem hora, 
luz que não apaga 
quando sopra o vento 
e chuva desaba, 
veludo escondido 
na pele enrugada, 
água pura, ar puro, 
puro pensamento. 
Morrer acontece 
com o que é breve e passa 
sem deixar vestígio. 
Mãe, na sua graça, 
é eternidade. 
Por que Deus se lembra 
— mistério profundo — 
de tirá-la um dia? 
Fosse eu Rei do Mundo, 
baixava uma lei: 
Mãe não morre nunca, 
mãe ficará sempre 
junto de seu filho 
e ele, velho embora, 
será pequenino 
feito grão de milho.

domingo, 16 de abril de 2017

FOLAR SERRANO UMA SABOROSA TRADIÇÃO

Na tradição da Páscoa o Folar continua a estar presente variando os sabores e o modo de fabrico em diversas regiões de Portugal.
Na Nave do Barão o Folar Tradicional feito em forno de lenha está em desuso mas é muito apreciado pelo seu sabor original. Publicamos a receita e os procedimentos e compreendemos que se procurem outras soluções mais fáceis,  mas que não conseguem ter a mesma aparência, o mesmo sabor e textura deste ammassado em alguidar de barro e cozido em forno de lenha.
INGREDIENTES:
5 kg de farinha de trigo extra fina para amassar com 250 g de fermento de padeiro.
3 litros de leite fervido, 2 kg de açúcar amarelo, 2 litros de água morna com 6 a 8 paus de canela, anis estrelado, cascas de limão e erva doce.
6 ovos, uma pitada de sal, um pacote de canela moída, muita energia para amassar com o leite e a água morna e...paciência para esperar 24 horas...para a massa "fintar", crescendo quase o dobro.
As fotos ilustram as diversas fases de produção que termina com a colocação no forno de lenha, quando os tijolos de barro apresentam uma coloração esbranquiçada. Para evitar queimar a base do folar utiliza-se modernamente o papel de alumínio.









































A LENDA DO FOLAR DA PÁSCOA
Entre as lendas que povoam o imaginário popular conta-se que numa aldeia portuguesa uma jovem chamada Mariana, teria dois pretendentes entre eles um lavrador pobre e outro rico. Nesta disputa pela mão da donzela haveria iminente um conflito entre os dois pretendentes, com previsível desfecho trágico.
Mariana terá pedido ajuda a Santa Catarina levando-lhe flores ao altar e esta terá correspondido fazendo surgir três bolos com um ovo, na casa da pretendida e dos dois homens. Mariana terá decidido ir oferecer o seu bolo ao proprietário rico e pelo caminho encontrou Amaro, o lavrador pobre que também levava outro bolo para ela, mas resolveram ir a casa do mais abastado (que teria colocado como data limite para a decisão Domingo de Ramos),  com os bolos, talvez para pacificar o ânimos. Neste dilema Mariana acabou por escolher o mais pobre...e viveram felizes para sempre. Este bolo com ovo, um dos símbolos da Páscoa, viria a chama-se folar inspirado nas flores que Maria terá oferecido à Santa, uma vez que na idade média flor se diria folore e daí a viria a palavra FOLAR.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

ALGARVE CULTURAL-VAI ACONTECER

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Festa Grande da Mãe Soberana em Loulé

Festa da Espiga em Salir
Os meses de Abril e Maio são muito ricos em eventos culturais no coração do Algarve Central, conjugando a energia do Sol, o inigualável azul celeste com a alegria festiva, evocando lendas muito antigas e tradições populares de cariz etnográfico, evocando a arte e o jeito de viver no Algarve rural interior.
Entre as inúmeras manifestações culturais, destacamos quatro delas imperdíveis, pelo seu simbolismo e riqueza cultural. Estamos a falar da Festa das Tochas Floridas em S. Brás (dia 16 de Abril), com ruas decoradas com tapetes de flores e centenas de homens desfilando com as suas tochas floridas, evocando o gesto heróico contra os invasores. A Festa Grande da Mãe Soberana (30 de abril) de inegável fervor religioso, onde os homens do andor se tornaram uma espécie de super-heróis.
Destacamos o Dia de Maio na Lagoa da Nave do Barão, local de piquenique no magnífico polje que serve de cenário para gratificantes momentos de festa e convívio. A não perder também a Festa da Espiga em Salir, no dia 25 de maio, com desfile etnográfico, que este ano comemora meio século de existência.
Festa das tochas Floridas em S. Brás de Alportel

8-9 de abril – 12ª Mostra do Folar de Paderne
- 15 de abril – 2º Trail Running e 8º Passeio de BTT – Rota das Estevas (Monte Ruivo-Alte)
- 16 de abril – Festa Pequena da Mãe Soberana em Loulé
- 16 de abril – Festa das Tochas Floridas de S. Brás de Alportel
- 25 de abril-1 de maio – XXIII Semana Cultural de Alte
- 28 de abril-1 de maio – 5º Walking Festival Ameixial – Festival de Caminhadas do Algarve
- 30 de abril – Festa Grande da Mãe Soberana em Loulé
- 1 de maio – Festa do 1º Maio de “Os Barões” na Nave do Barão
- 5-7 de maio – 3º Algarve Nature Week – Mostra de Natureza – Tavira
- 25-27 de maio – 50ª Festa da Espiga de Salir

sábado, 25 de março de 2017

BAILE DA PINHA NA NAVE DO BARÃO

O Baile da Pinha ou da Pinhata é uma tradição cristã muito antiga, acontece geralmente a meio da Quaresma e pretende celebrar a alegria da ressurreição de Cristo na Páscoa. Trata-se de uma tradição Ibérica que se espalhou para outras partes do Mundo.Esta festa acontece no nosso hemisfério no início da Primavera, tempo de renascimento e de fertilidade simbolizada pela Pinha, que guarda dezenas de pinhões que no Verão, com o calor se abre projetando como uma granada as sementes que irão dar origem a novas árvores.
Cada terra organiza apenas uma Baile na Quaresma, período de jejum e de recato, podendo no entanto os mais foliões deslocar-se a localidades vizinhas para festejar e dançar. O rei e a rainha são também um elemento importante, sendo a sorte a ditar quem vai puxar a fita mágica que irá abri a pinha.
Na Nave do Barão o engenhoqueiro da pinha foi o Alberto Gomes e no ano passado foram bafejados pela sorte a Isabel e o Arménio, a quem compete este ano abrir o Baile da Pinha. no dia 1 de Abril e passar o testemunho ao novo rei e rainha de 2017.


O Gonçalo Tardão, jovem estudante de medicina e descendente de naturais da Nave do Barão, vai abrilhantar  este ano o Baile da Pinha na Nave do Barão. Fica aqui o convite a quem quiser reviver esta tradição e passar um agradável serão no dia das mentiras.

quarta-feira, 22 de março de 2017

OS BONS VINHOS DO ALGARVE FIZERAM SUCESSO NA NAVE DO BARÃO


A pacata aldeia, no dia 18 de março, tornou-se a capital do vinho do Algarve e foram muitas centenas de visitantes nacionais e estrangeiros que aqui confluíram para degustar vinhos brancos, tintos e rosés de nove conceituadas adegas da nossa província (Adega do Cantor, Quinta da Tôr, Herdade dos Pimenteis, Cabrita-Quinta da Vinha, Quinta da Malaca, Monte da Casteleja, Monte do Além e Marquês dos Vales e Marchalégua), e ainda doze vinhos artesanais. Nesta terceira edição do Festival do Vinho o artesanato regional esteve representado com sete artesãos, a gastronomia do barrocal foi acompanhada por vinhos de excelência ao som do cante alentejano pelo grupo coral Cada do Alentejo de Albufeira, num dia agradável de convívio na sede da Associação “Os Barões”.
O Concurso de Vinhos Artesanais contou apenas com doze vitivinicultores do concelho de Loulé, devido a uma quebra nas vinhas da região, foi dirigido por um júri composto por um enólogo formador Mário de Andrade, em representação da Comissão de Vitivinícola do Algarve, pelo escanção Paulo Monteiro em representação da Associação de Escanções de Portugal e foi presidido por Andreia Branco, estudante de viticultura e enologia.Desta vez concorreram apenas com dois vinicultores da Nave do Barão e os primeiros classificados dos vinhos artesanais foram Manuel Avelino Costa da Cortelha, João Luís Cavaco de Salir e Olímpio Simão de Vale Judeu.
O festival encerrou com serão musical animado por Afonso Dias e Teresa Silva e por um grupo de dança contemporânea juvenil da Alte.
O Festival foi muito concorrido pelos políticos locais, contou com presença do senhor Presidente da Câmara de Loulé, dos presidentes das juntas de Freguesia de Salir, de Ameixial, de S. Clemente, de São Sebastião, da União de Freguesias, da União de Freguesias de Benafim, Querença e Tôr e de diversos autarcas do PS, PSD, CDU e BE.
Tratou-se de um evento promovido por uma associação local, com recurso a duas dezenas de colaboradores em regime de voluntariado, que souberam acolher com hospitalidade baronense e muita dedicação, oferecendo aos participantes agradáveis momentos gratificantes, não ficando atrás de outros eventos realizados com gestão profissional e outros meios técnicos e financeiros.
A avaliar pela satisfação dos participantes, certamente influenciados e almareados pelos néctares do nosso Algarve, com elevado grau alcoólico, podemos concluir que o III Festival do Vinho na Nave do Barão foi um sucesso e recomenda-se a sua reedição no próximo ano. O vinho foi rei da festa com todo o seu potencial anímico e o milagroso resveratrol, que tantos benefícios traz para a nossa saúde…desde que bebido com moderação…
Bom vinho, má cabeça,
Já lá dizia o refrão;
Mas desse mal eu padeça
E nunca do coração.
AGRADECIMENTOS:
+Algarve, no seu meritório objetivo de divulgação do que de melhor se faz na região, esteve presente e produziu gratuitamente um excelente vídeo para a posteridade, que pode ser visitado no site: www.maisalgarve.pt ou no YouTube em https://youtu.be/Y22alsU12Fs.
Para o êxito deste festival foi muito importante ajuda dos patrocinadores a quem agradecemos a preciosa colaboração. Muito obrigado à Câmara Municipal de Loulé, Junta de Freguesia de Salir, Junta de Freguesia de Alte, Junta de Freguesia do Ameixial, Junta de Freguesia de S. Clemente, Junta de Freguesia de S. Sebastião, União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim, Cafés Delta, Visacar e João Rafael com o  seu famoso medronho biológico.
A destacar também a colaboração da Comissão Vitivinícola do Algarve e da Associação de Escanções de Portugal, que se fizeram representar por dois conceituados especialistas, a imprensa regional com relevância para a Voz de Loulé, a Rádio FM total e a Rádio Sagres, que ajudaram a amplificar a divulgação junto da comunidade algarvia e de muitos residentes e visitantes estrangeiros.
Os vinhos do Algarve, que graças à valorização e investimento na qualidade, estão a conquistar inúmeros prémios nacionais e internacionais, devem merecem mais atenção e visibilidade de todos nós.
 






















quarta-feira, 8 de março de 2017

MULHER, ESPERANÇA

PARA TI MULHER
Não sei o que te diga
Que tu já não saibas
Com esse teu jeito de ser
Sensibilidade e afeição
Pulsátil razão e emoção,
Que tua subtil intuição
Não apreenda ou desvende.
Falar-te da história?
Dessa longa caminhada
Por direitos e reconhecimento?
Falar-te do presente, inexistente?
Porque se aconteceu, já é passado,
Se é porvir será futuro.
Futuro que por reinventar
Em manhãs floridas multicores
Em momentos voláteis de ternura
Com a rebeldia e a inquietação
De quem ousa sonhar e lutar
Pela cidade da Utopia.
Como cantava o Zeca
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
E irmos…
Maiores que o pensamento
Nesta apaixonante aventura,
De mãos dadas semear o amor
8 de março de 2017
JA

mulheres de Júlio Pomar


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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

APONTAMENTOS SOBRE O CARNAVAL E O ENTRUDO


Desde tempos remotos que se conhecem manifestações festivas neste período do ano, de despedida do período sombrio e frio do Inverno e de anúncio da Primavera, com toda a exuberância da natureza e clima mais ameno a convidar para a folia.
Já os gregos e romanos festejavam intensamente este despertar de forma especial, dando liberdade temporária aos escravos que vestiam como senhores, satirizando os seus amos, chegando a ser servidos por estes à mesa. Era um curto período em que era abolida a diferença entre escravos e cidadãos livres, chegando os romanos a suspender a sua atividade guerreira neste período dedicado às festas saturnais.
Carnaval tal como as festas populares são momentos de transgressão de quotidianos rotineiros, espaço e tempo para o convívio e a recriação cultural através das atividades performativas. São momentos instituintes importantes para a recriação da identidade cultural, ameaçada pela uniformização e a cultura de espetáculo, onde se assiste passivamente aos produtos culturais feitos mediatizados para consumo massificado. 
O Entrudo é um momento ainda mais significativo e exuberante de todas as festividades cíclicas, por desafiar mais a imaginação e ousadia, tendo sido por isso foi proibido na Idade Média pela Igreja e mais tarde consentido, depois verificarem o insucesso dessa tentativa de extinção desta tradição pagã.
No Algarve “o registo do “Carnaval Civilizado de Loulé” declara o ano de 1906, como o marco que assinala a mudança entre o que se define como Entrudo e o que se considera Carnaval.”. Começou como “Batalha de Flores”, com carros alegóricos floridos vindos das várias localidades do concelho, passou por uma fase relativamente agressiva em que os foliões atacavam os visitantes com tintas, ovos podes, sacos de serradura e chegavam mesmo a magoar com arremesso de objetos agressivos.
Evoluiu depois do 25 de Abril para a sátira política e muita sofisticação nos trabalhos de “escultura” , escapelizando figuras relevantes da nossa vida coletiva nacional, internacional e local, onde o desporto, as artes e a cultura não foram esquecidos.
Este ano, como não poderia deixar de ser a Geringonça tem centralidade neste Carnaval de Loulé, 2017, que conta com o desfile de 15 criativos carros alegóricos e muita animação, com centenas de foliões ao ritmo da música de inspiração brasileira.
O Enterro do Entrudo, à meia noite de terça feira ou na quarta feira seguinte, encerra este período que antecede a Quaresma, que por via religiosa recomenda recato e alguma abstinência.
Na Nave do Barão vamos retomar este ano a tradição do Enterro do Entrudo, que promete ser muito animado, misturando a saudade do defunto com muitos choros e imprecações. A partida será pelas 19 horas na Associação “Os Barões” e deixamos o convite para quem quiser associar-se a este divertido cortejo fúnebre.
Recursos bibliográficoa: A Grande “Geringonça” , edição da Câmara Municipal de Loulé e Festividades Cíclicas em Portugal, de Ernesto Veiga de Oliveira, Publicações D. Quixote.