Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Dia de adeus ao Tio Zé Pires

Faleceu aos 88 anos, após duas operações complicadas, o nosso amigo e vizinho José Pires, que nos habituámos a ver curvado na sua bicicleta, transportando na bagagem a garrafa de água e a enxada, a caminho da vinha ou da horta.Na memória mais antiga que alguns guardam, vemo-lo passar com o seu muar preto, regressando da faina agrícola, sempre com aquela forma tranquila e afável de estar em relação. Apesar da sua avançada idade possuía uma memória fantástica, talvez herança genética do seu avó que era no seu tempo o guardião das memórias e registos de datas e momentos significativos para a Nave do Barão. Alguém que queria saber de partilhas, de confrontações e de outras informações recorríamos à memória fabulosa deste baronense, tal como há um século atrás se ia consultar o seu avó que de memória dizia o dia, o ano e até por vezes a hora, em que fulano ou sicrano tinha nascido, casado, falecido ou enterrado. Perdemos um amigo singular, um vizinho prestável e também o zeloso guardião de memórias da nossa aldeia.
Na sua longa história de vida foi  animador de bailes em dueto com o seu amigo Manuel Batista que tocava banjo, emigrante em França e agricultor dedicado, sábio viticultor e sobretudo um amigo leal e fraterno. À família enlutada o nosso abraço solidário em tempo de dor e despedida. Consternados pela sua partida, fazemos votos para que nesta sua última viagem encontre a Paz eterna.
ATÉ SEMPRE TIO ZÉ PIRES!

PS.Depois de publicarmos esta mensagem, ouvimos diversos testemunhos de pessoas que assistiram ao funeral do tio Zé Pires e foram unânimes na discordância quanto ao comportamento do Sr. Prior da nossa Paróquia, por ter usado o púlpito, neste momento sentido de luto e dor, para hostilizar de novo os residentes da Nave do Barão, retomando de novo a infeliz coincidência da festa da nossa aldeia com a festa da Paróquia. Lamentável, por não respeitar a memória do falecido e sua família e injusta porque lesa todos os cristãos da nossa aldeia. Além de pouco adequado, este comportamento não está de acordo com o espírito de tolerância e de perdão cristão e é manifestamente injusto porque atinge toda a comunidade baronense, quando os promotores do polémico evento se resumem a um pequeno grupo de dirigentes associativos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

FESTA DE VERÃO NA NAVE DO BARÃO

No passado fim de semana, uma aldeia em festa proporcionou felizes momentos de convívio e reencontro, recuperando uma tradição interrompida que continua a ter significado para os residentes na Nave do Barão e aldeias vizinhas. Estão longe os tempos em que a festa era um momento especial para os numerosos emigrantes que vinham a Portugal no mês de Agosto, poderem reviver momentos de fraterno convívio e amizade.
Além dos jogos tradicionais, do baile, da gastronomia e do Raly Paper, desta vez a Festa de Verão contou com a inauguração de uma belíssima exposição Grandes e Pequenas Maravilhas da Natureza da autoria de Alex Morgan, que se recomenda a todos os que querem descobrir um pouco mais sobre a flora da nossa região. Desta vez contou também uma prova de vinhos, onde estiveram representados belíssimos vinhos algarvios da Adega do Cantor e da Quinta do Marquês.
Em jeito de balanço podemos dizer que a festa correu bem, foi muito participada, contrastando com a maioria das festas na região que tiveram fraca adesão. Houve de facto o problema da coincidência no domingo com a Festa de Salir, organizada pela igreja, situação que deverá ser evitada em anos futuros. Tal não justifica no entanto o discurso agressivo do padre Fernando, que na homilia de sábado terá dito que, devido a esta coincidência, recusaria a exéquias fúnebres na Igreja de Salir aos residentes da Nave do Barão que vierem a falecer. Trata-se de um excesso de linguagem que não dignifica o pároco dos fieis cristãos da nossa aldeia.



quarta-feira, 30 de julho de 2014

O poder do dinheiro e a corrupção, poema de João de Deus

O grande poeta de Messines, deixou-nos um legado poético e pedagógico inestimável, tesouro guardado na Casa- Museu, escreveu este poema que continua atual nos nossos dias.
Publicado em https://www.facebook.com/confrariados.poetasalgarvios?fref=ufi

O dinheiro é tão bonito,
Tão bonito, o maganão!
Tem tanta graça o maldito,
Tem tanto chiste o ladrão!
O falar, fala de um modo…
Todo ele, aquele todo…
E elas acham-no tão guapo!
Velhinha ou moça que veja,
Por mais esquiva que seja,
Tlim!
Papo.
E a cegueira da justiça
Como ele a tira num ai!
Sem lhe tocar com a pinça;
É só dizer-lhe: -Aí vai…
Operação melindrosa,
Que não é lá qualquer coisa;
Catarata, tome conta!
Pois não faz mais do que isto,
Diz-me um juiz que o tem visto
Tlim!
Pronta.
Nessas espécies de exames
Que a gente faz em rapaz, 
São milagres aos enxames 
O que aquele demo faz! 
Sem saber nem patavina
De gramática latina,
Quer-se um rapaz dali fora! 
Vai ele com tais falinhas, 
Tais gaifonas, tais coisinhas …
Tlim!
Ora…
Aquela fisionomia 
E lábia que o demo tem!
Mas numa secretaria
Aí é que é vê-lo bem! 
Quando ele de grande gala, 
Entra o ministro na sala, 
Aproveita a ocasião: 
“Conhece este amigo antigo?
- Oh meu tão antigo amigo!
(Tlim!)
Pois não!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

FESTA DE VERÃO NA NAVE DO BARÃO

A Associação “Os Barões” vai retomar  a organização da Festa de Verão nos dias 9 e 10 de agosto, com um programa variado que inclui no primeiro dia Jogos Tradicionais (Burro, Bicho e Matraquilhos), inauguração da Exposição do nosso vizinho Alex Morgan, Baile abrilhantado pelo artista Gonçalo Tardão e no segundo dia o Rally Paper seguido de jantar e Serão Cultural, com jovens artistas da nossa aldeia.

É com satisfação que convidamos todos os que desejarem participar neste momento significativo da vida da nossa aldeia para fazer da Festa um momento feliz de encontro e convívio.
Os interessados em participar no Rally Paper devem fazer a sua inscrição no local, a partir das 14 h e 30m, estando incluído no preço por pessoa a t-shirt, o prémio e o jantar com todos os participantes. Haverá também um .prémio surpresa a atribuir por sorteio durante a ágape e opípara refeição.

domingo, 20 de julho de 2014

SALIR DO TEMPO- A História e o espanto

Nas ruas e ruelas de Salir, entre ameias seculares corroídas pelo tempo e pedras que evocam memórias guardadas no Polo Museológico de Salir, deambularam em três noites mágicas milhares de visitantes, entre  tendas e feirantes derramados na encosta, onde não faltou a gastronomia e a animação evocativa de outros tempos e da diversidade cultural com que se teceu a vida dos homens e das mulheres de todos os tempos. As feiras medievais que se tornaram frequentes em localidades históricas são um bom exemplo onde o imaginário se reinventa e se veste de espanto para dar lugar ao deslumbramento, para prazer e fruição de pessoas de todas as idades.
Este desejo de revisitar o passado e ter experiências novas gratificantes tornou-se sustentável economicamente e é uma ocasião excelente para aquisição de bens que não estão disponíveis nas catedrais de consumo a que chamamos Centros Comerciais ou mais pomposamente Fóruns, para sair da rotina e vivenciar ambientes culturais alternativos. A oferta alia rusticidade  e diversidade permitindo aos visitantes novos paladares e odores por preços acessíveis. Ninguém ignora que as ofertas gastronómicas batizados com nomes evocativos do passado, são inverdades históricas porque realmente, na Idade Média o Povo comia pessimamente, não havia regas de higiene, as casas de banho eram inexistentes, na falta de garfos e colheres comia-se com as mãos, não havia guardanapos e as mãos e a boca eram limpos às mangas ou noutras peças de roupa. A diversidade dos géneros alimentares era muito pobre e muitos dos alimentos hoje utilizados na confeção destas "refeições medievais" foram trazidos pelos portugueses de África, da Ásia e da América na grande epopeia dos Descobrimentos. Importa contudo realçar o sucesso destes eventos que nos transportam para outras vivências e nos inebriam com um sentido de festa alternativo aos espetáculos massificados, animados por "estrelas" pagas a peso de ouro em sofisticados cenários martelando sons nos nossos ouvidos.Parabéns à Câmara Municipal de Loulé que impulsionou esta iniciativa, à Junta de Freguesia de Salir e às associações locais que deram o melhor do seu esforço para o sucesso do SALIR DO TEMPO 2014. Para o ano há mais? Esperemos que sim.


















domingo, 6 de julho de 2014

LEONARDO VIEGAS, músico e poeta de Salir

Quem se lembra dos bailes de antigamente, que começavam ao lusco fusco e acabavam às tantas da noite? Muitos bailes na região eram animados pela música que fluía do acordeão do Leonardo, sentado na sua cadeira e assessorado pela sua inseparável companheira. Durante a noite lá vinha a música das tabletes e os moços eram "convidados" a oferecer pelo menos um presente ao seu par, quando se aproximava alguém a mandado do dono do estabelecimento, com uma caixinha de chocolates. Alguns rapazes, nem sempre bem abonados, ficavam à coca para fugir a esta surpresa, mas as moças ficavam todas contentes e exibiam com orgulho um ou mais troféus conseguidos e quando o baile parava lá iam ter com as mães para dar a guardar o precioso tesouro.
Hoje sem a fescura de outrora mas com a maturidade dos anos vividos, o Leonardo dedicou-se mais à poesia e já editou, desde o início deste novo milénio três livros: A voz do poeta pede justiça (2000), A sorte que me foi madrasta (2003) e Fantasias do Poeta (2005). Num gesto de amizade e solidariedade, um grupo de amigos do músico e poeta participou em 2007 numa coletânea, reunindo setenta poetas e poetisas, sob o título "Os amigos de Leonardo".
Hoje publicamos um poema engraçado que ele dedicou ao galo da sua capoeira.

Leonardo Carmo Viegas
O MEU DESPERTADOR

Tenho um galo cantador,
Com a crista avermelhada.
É o meu despertador,
Às cinco da madrugada.

Acorda logo preparado,
P'ra me fazer uma canção.
Mas se eu lhe digo que não,
Fica triste e amuado.

Canta muito engalanado,
Parece um compositor.
Ele é um grande tenor,
Tem uma boa garganta,
Por vezes até encanta,
O meu galo cantador.

Está sempre bem preparado,
é de raça especializada.
tem uma hora marcada,
Para dar as galadelas.
Dorme no galinheiro com elas,
Tem a crista avermelhada.

Já mo quiseram comprar,
Mas eu não o quis vender.
Eu sei que a minha mulher,
Nunca me iria perdoar.

Ficava triste a chorar,
Porque lhe tem um grande amor.
Dá-lhe comida a rigor,
Até lhe satisfazer a vontade,
Gosta dele de verdade,
É o meu despertador.




segunda-feira, 30 de junho de 2014

SALIR DO TEMPO- O REGRESSO AO PASSADO

A zona histórica de Salir, junto ao castelo, transforma-se de novo numa vila medieval , nos dias 11, 12 e 13 de julho, revisitando memórias e imaginários das feiras da Idade Média. São três dias mágicos com musica e danças da época, cavaleiros e damas passeando entre ruelas com história, onde não faltará a gastronomia e cenas evocativas do quotidiano medieval.
Afinal  as notícias difundidas na net prometendo são as entradas livres não são verdadeiras. tal como em edições anteriores as entradas custam 3 € por adulto ou 5 € com caneca inculída. No primeiro dia as entradas no recinto começam às 19 horas e no sábado e domingo iniciam-se a partir das 14 horas.


domingo, 22 de junho de 2014

"História do quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro"

Manuel Domingos Louzeiro o famoso ladrão de Salir

O meu avô Joaquim Guerreiro contou-me há muitos anos a história do famoso Manuel Domingos Louzeiro, famoso ladrão em Salir, que era acusado de imensos roubos na região, que chegavam a ocorrer simultâneamente em locais distantes.O famoso lampião acabou por ser preso mas apesar da sua prisão continuaram a ocorrer os roubos na região. António Aleixo contou a sua história em verso e muitos anos mais tarde Adriano Correia de Oliveira, com a sua voz notável e música de José Niza, eternizou em disco a canção que poderá ouvir na publicação acima.
Poderá acompanhar a canção lendo as quadras cheias de talento com a ironia subtil do famoso poeta, de que o atual presidente da Câmara Municipal de Loulé é neto. 

Adriano Correia de Oliveira
António Aleixo
MOTE

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

GLOSA
Meus senhores vão ouvir
A história do quadrilheiro
Manuel Domingos Louzeiro,
Que foi a pena cumprir,
Enquanto alguém de Salir,
Num primor de descrição,
Lhe chama até "Lampeão";
Mas, salirenses honrados,
Podeis dormir descansados,
Que lá foi preso o ladrão.

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

Pelas coisas que o povo diz,
Para uns, terrível bandido
Para outros, grande infeliz.
Mas eu, sem querer ser juiz,
Vi que ele se despedia
Da mulher com quem vivia
Numa amizade sincera
E não vi nele a tal fera
Que em toda a parte aparecia.

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

Desse rei dos criminosos
Direi aos que o conheceram,
Poucos crimes apareceram
E poucos são os queixosos;
Apenas alguns medrosos
Terrível fama lhe dão;
Para a justiça só são
Os seus crimes dois ou três,
Mas coisas que ele não fez
Contam-se mais de um milhão.

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

Por alguns sítios passava,
Onde há só gente honradinha,
Que roubava à vontadinha
E que ninguém acusava;
Tudo Domingos pagava,
E ele às vezes nem sabia
Que à sua sombra vivia
Gente que passa por justa,
Fazendo crimes à custa
Dos roubos que ele fazia.
Gente que passa por justa,
Fazendo crimes à custa
Dos roubos que ele fazia.

sábado, 7 de junho de 2014

A FESTA DA ESPIGA EM SALIR

A artesã Cremilde disse presente
De novo Salir encheu-se de visitantes, a tradição passeou-se em carros alegóricos, a animação durou três dias. Aqui ficam algumas imagens recolhidas e as quadras que não couberam no "tempo de antena"da Nave do Barão.
Cestaria tradicional

Fado com sevilhanas, o casamento perfeito
A graciosidade das danças infantis
Foi boa ideia inventar
A Festa da Espiga em Salir
Para nos podermos expressar
E às autoridades exigir
A tasquinha DOS BARÕES


E  aqui estamos de novo
Com muita satisfação
Mostrando a arte do povo
O Miguel e o Paulo
E uma velha tradição



 Desta antiga tradição
Um segredo bem guardado
O Vinho da Nave do Barão
A Sónia e o Miguel
 Por reis muito apreciado.

Na história ficou então
No foral que se tornou lei
O vinho da Nave do Barão
Para ir à mesa do rei.

Este vinho sobe à cabeça
A expressividade da Rita
E provoca “ almareação”,
Mas deste mal eu padeça
E nunca do coração.
Alex Jones
Bailarinas da Olga
Muitas vezes aqui viemos
Rosas da Madalena
Nas antigas edições;
Promessas que aqui ouvimos
Não passaram de intenções.

Veio com Abril a liberdade
Progresso e livre expressão,
Estrada, água e eletricidade
Camioneta e a  associação.
O Bernardino também lá esteve
Os frutos secos não faltaram à festa

Da junta, o sr. Presidente
Mandou colocar um placard,
E mais  recentemente 
Os bancos para nos sentar.
Espiguinhas muito animadas
Música tradicional portuguesa
Associações e agentes locais










E o camarada Arménio patrocinado pela...
Na Câmara e no novo edil
Depositamos muitas esperanças
De ter um parque infantil
Para bem das nossas crianças.

Gratos pela vossa atenção
Não vos queremos maçar,
Em nome da Nave do Barão
A todos queremos saudar.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

VALE A PENA VISITAR SALIR NA FESTA DA ESPIGA

A Festa da Espiga é celebrada em todo o país de acordo com o calendário litúrgico cristão, na Quinta Feira da Ascenção, evocando a subida de Jesus Cristo ao Céu, sendo dia feriado no concelho de Loulé.No Sul de Portugal é tradição as pessoas irem para o campo para apanhar a "espiga", formando um ramo composto por espigas de trigo (a abundância), um ramo de oliveira (a paz), decorado com papiolas, malmequeres ou pampilhos ou outras flores campestres(simbolizando a beleza e a festa). Chegados a casa penduram o ramo dentro geralmente na parede da cozinha ou da sala, sendo substituído por outro ramo no ano seguinte  Este ano o Dia da Espiga será no dia 29 de maio. Salir e as aldeias vizinhas comemoram este dia com uma festa lindíssima, de cariz etnográfico, desfilando em carros alegóricos, evocando a memória do passado e as atividades agrícolas da freguesia.
Esta festa realizou-se pela primeira vez em 23/05/1968 por iniciativa do então presidente da Junta de Freguesia, o Sr. José Viegas Gregório, que trouxe a Salir as mais altas individualidades de Loulé e do distrito de Faro para assistir ao cortejo.Nas várias edições, antes e depois do 25 de Abril, as diferentes localidades aproveitam a presença dos responsáveis políticos para fazer os seus pedidos de melhoramentos para suas localidades, muitas vezes esquecidas pelo poder político.
Nos últimos anos o programa foi bastante enriquecido, prolongando-se durante três dias, com momentos de convívio e animação.
Este ano, além do desfile etnográfico durante a tarde de quinta feira, dia 29 de maio, haverá também a Noite da Espiga com folclore e outras intervenções musicais. a Noite Popular na sexta feira e a Noite da Juventude no sábado, contam com  espetáculos musicais e animação de rua, não faltando as iniciativas para crianças jovem e idosos e a gastronomia típica da região, nas tasquinhas montadas na Rua José Viegas Gregório.
Durante três dias Salir sai da sua pacatez, ganha outra alma e recebe em festa milhares de visitantes portugueses e estrangeiros. A Festa da Espiga em Salir é um momento único de arte e tradição popular, vale a pena visitar.

domingo, 25 de maio de 2014

MOTARDS de SALIR à moda antiga

A Associação Cultural de Salir organizou pela 3.ª vez, no passado dia 17 de Maio, uma reunião  de aficionados das motorizadas antigas, juntando neste evento perto de duas centenas de participantes.
Visitaram várias localidades da Freguesia de Salir e estiveram na Associação "Os Barões", que os recebeu com simpatia.O Almoço convívio decorreu no Campo de Futebol de Salir  e foi muito animado.. Foi uma iniciativa muito interessante que deu para matar saudades e reencontrar velhos amigos. Parabéns aos organizadores. Para o ano há mais...
Este ajuntamento de motorizadas evoca a concentração de antigamente à porta dos bailes na região, animados por acordeonistas.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O VINHO- uma dádiva dos deuses

Não se sabe ao certo onde de onde é originária a vinha nem como surgiu o vinho, considerado uma uma "dádiva dos deuses" e a "essência da própria vida", mas supõe-se que possa ter surgido na Ásia Central, na região compreendida pela Arménia e antiga Pérsia. Admite-se que o vinho tenha resultado da fermentação ocasional de uvas que faziam parte do regime alimentar dos povos primitivos e o primeiros registos que dão conta da utilização de vinho para rituais religiosos, foram encontrados no antigo Egipto, o que indicia a existência de vinhas e de produção vinícícola, naquela região,  provavelmente há cerca cinco mil anos.
Na Península Ibérica os pioneiros da vinha e do vinho terão sido os Tartessos, povo que habitava na região da actual Andaluzia, a desenvolver há cerca de 4000 anos a viticultura, para consumo próprio, mas sobretudo para fins comerciais na região do Mediterrâneo.
Foram mais tarde os Fenícios que viriam a apoderar-se da atividade comercial dos Tartessos, incluindo naturalmente o nétar dos deuses.
Sabe-se que nos Gregos, no Séc. VII a. C., instalaram-se na Península Ibérica e desenvolveram a arte de produzir vinho. Os Celtas que também por cá estiveram e tinha familiaridade com a atividade vinícula, terão trazido novas castas e introduziram a técnica da tanoaria, onde o vinho era guardado para ser consumido ao longo do ano.
Região dos Tartessos

Grego bebendo 
Moeda Fenícia
Atribui-se ainda aos Romanos a modernização da vinha, através do o aperfeiçoamento o cultivo da vinha recorrendo a novas variedades e aplicando a técnica da poda nas videiras então existentes.
Com as invasões Árabes as atividades agrícolas, onde se incluíam as vinhas, foram incentivadas, sendo o vinho o principal produto exportado. A atividade vinícula deverá ter sofrido algum recuo nos séculos XI e XII, com o domínio dos Almorávidas e Almoadas,que levavam mais a peito os preceitos do Corão, que proibia o consumo do vinho.
Com a fundação de Portugal e a conquista definitiva do Algarve, alargaram-se as áreas de produção vinícola e vinho era um dos principais produtos exportados, tendo particular destaque no período dos descobrimentos e da expansão portuguesa, seguindo o vinho nos convés das naus acomodadas em toneis, sendo muito apreciado o vinho "torna viagem" devido ao seu aperfeiçoamento ao longo das demoradas viagens marítimas.
Os romanos e o vinho

Reconquista cristã
Cavalaria Árabe
D. Dinis, o lavrador
No século XVIII, com o impulso de Marquês de Pombal, a vitivinicultura ganhou maior relevância, sobretudo com os investimentos na Região do Douro e a produção do famoso vinho do Porto.
O vinho teve ao longo da história de Portugal uma enorme importância nas exportações mas no final do Século XIX, a vinha sofreu um revés ao ser atacada pela praga da "filoxera", importada de França e só viria a recuperar no início do Século XX, com a introdução de castas mais resistentes e a aplicação de caldas preventivas.
O vinho é omnipresente na poesia popular que lhe dedica imensas preciosidades, inspirou escritores (Fialho de Almeida," O País da Uvas", Miguel Torga, "As vindimas", Alves Redol uma triologia "Horizonte serrado", "Os Homens e as Sombras" e "Vindima de Sangue" e diversos poetas, entre eles Luís de Camões do qual reproduzimos um poema.
Com as recentes descobertas da importância do vinho para a saúde humana, nomeadamente por conter resveratol (presente sobretudo na pele e grainhas das uvas vermelhas), poderoso antioxidante e antiinflamatório, que atua conjuntamente com os genes. retardando o processo de envelhecimento cerebral, muscular e cardíaco.
No vinho como quase tudo na vida, devemos evitar os excessos porque o alcoolismo tem efeitos negativos provocando algumas doenças  no estômago, fígado e instestino.
A ciência vem no entanto dar aos que dedicaram odes ao vinho, cantaram as suas qualidades e o classificaram como uma "dádiva divina". Até Jesus Cristo, inspirando-se certamente nos antigos cultos egípcios, o tornou obrigatório nas práticas religiosas cristãs. Maomé não teria a mesma opinião, talvez por observar os efeitos negativos que o consumo excessivo de vinho provocava entre os muçulmanos.
Nau Portuguesa

Marquês de Pombal



Cada vez que vejo vir
Barcos à meia ladeira,
Lembram-me as moças de Cuba
E o vinho da Vidigueira.

Quinze e quinze são trinta.
São trinta! Não há vinho como o da Quinta.

É falar no escusado
Meter a mulher a caminho.
Provaste já o novo vinho?

Era no seco tempo que nas eiras
Ceres o fruto deixa aos lavradores:
Entra em anstreia o sol, no mês de Agosto;
Bago das uvas tira o doce mosto.

Luís Vaz de Camões