Uma janela aberta para o mundo


No desafio complexo da comunicação, este blogue pretende ser um observatório do quotidiano de uma aldeia do Barrocal Algarvio, inserida no coração da Serra do Caldeirão, acompanhando os ritmos e ciclos da vida em permanente transformação.
Mas também uma janela aberta para a Aldeia Global mediatizada com os seu prodígios e perplexidades.
São bem vind@s tod@s os visitantes que convidamos a deixar o seu contributo, enriquecendo este espaço de encontro(s) e de partilha com testemunhos, críticas e sugestões.OBRIGADO PELA SUA VISITA! SE TIVER GOSTO E DISPONIBILIDADE DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

ARJAMOLHO-REFEIÇÃO FRESCA PARA DIAS QUENTES

Arjamolho ou Gaspacho à moda da Nave do Barão: (PARA 4 PESSOAS) 3 dentes de alho pequenos, sal grosso, 3 tomates grandes e bem maduros, 1 pimento verde ou vermelho pequeno, 400g de pão tipo alentejano, duro, vinagre, 4 colheres de sopa de azeite, orégãos. Esmague o alho com um pouco de sal grosso e azeite . Coloque esse molho numa travessa funda, junte um pouco de água bem fria, um pouco de miolo de pão esfarelado, orégãos esmagados entre as mãos, azeite e vinagre a gosto. Pique ou corte os tomates , corte o pimento em tiras bem finas e parta o pão em pedaços pequenos. Junte tudo na travessa de forma a cobrir com água os ingredientes. Pode servir com sardinhas assadas, carapaus assados ou fritos. Algumas opções que poderá ainda experimentar: Juntar cubos de gelo. Moer um tomate e juntar ao molho inicial. Tirar as sementes e a pele dos tomates. Moer tudo com a varinha mágica, ficando um género de gaspacho à Andaluz. EXPERIMENTE … VAI ADORAR!

domingo, 18 de agosto de 2013

ALGARVE PLURAL- O FALAR ALGARVIO

Sendo uma província relativamente pequena, o Algarve é muito rico em diversidade geográfica e etnográfica e em dialetos, que se podem identificar ainda hoje em diferentes localidades costeiras ou do interior.À Beira Mar são evidentes as diferenças de sotaque no Sotavento(que vai de Vila Real de Santo António a Faro) dos Cuícas de Monte Gordo,o falar das gentes de Olhão e de Faro, ou no Barlavento (que vai de Faro a Sagres) as pronúncias de Portimão, Lagos ou Vila do Bispo. Mas no Barrocal,a faixa extensa compreendida entre o Litoral e a Serra também tem as suas diferenças linguísticas no modo de dizer e entoação.Ouvindo com atenção um salirense ou baronense e um habitante de Alte, de Messines ou de Silves percebem-se facilmente as diferenças de entoação e até utilização de alguns vocábulos específicos. Mas se formos para a Serra (zona com relevo e vegetação diferente, que se cruza com o Barrocal e faz fronteira com o Alentejo), notam-se as diferenças linguísticas entre Cachopo, Ameixial ou Monchique. Há mesmo alguns termos utilizados numa determinada região que não são reconhecidos noutros lugares. Os lacobrigenses utilizam por exemplo termos como condelipas,que na maior parte do Algarve são conhecidas por conquilhas,ou mochêques quando se referem aos moços. Em Olhos de Água usam adoxo para identificar as covas que ficam cheias de água nas rochas,na Serra riol quer dizer berlinde, os pescadores da Fuzeta usam calças a que chamam avaiós e para manifestar espanto usam Àvai!,os de Olhão mesmo ali ao pé usam Ah! Mãe! em sinal de admiração mas também de negação e Faro que não fica longe Uai! é o seu jeito de exclamar.Em Olhão usam mano para os amigos, salapica para pessoas ruívas sardentas, , em Monchique desmaiar, pode significar a entrada do Maio e encambulhar querendo dizer enganar. Podíamos enumerar muitas outras expressões utilizadas apenas localmente mas a verdade é que existe um imenso vocabulário específico da região algarvia, que se diferencia claramente de outras regiões do país e que figura na sua maioria no Dicionário do Falar Algarvio, da autoria de Eduardo Brazão Gonçalves, editado por Algarve em Foco Editora. Deixamos aqui o registo de alguns dos termos muito frequentes em todo o Algarve, que estão a cair em desuso, mas fazem parte do nosso património cultural:Alcagoita (amendoim) Barimbar (lixar),Dar d'vaia(avisar,saudar),Encambrunhar (enganar), Luzincu (pirilampo), Garofes (coisa nenhuma, comida imaginária),Griséu (ervilha), Marafado (levado da breca),Magana (velhaca), Malino (irrequieto), Nha(minha..), Ondepôs ou Undepôs( há pouco tempo),Papel (cena vergonhosa), Pelgona (mulher ociosa),Punhão ou Porça, (grosseria adocicada),Tarruta (pancada na cabeça),Tração (morte súbita), Rabaceiro (capaz de comer tudo), Zangarreiro (dá com a língua nos dentes), Xerém(farinha de milho), Xoxa (orgão genital feminino................................. Um exemplo do modo de falar dos pescadores de Olhão, extraído do livro Gente de Olhão, de António Algarve (P. 43), retrata bem um estilo linguístico típico:" E entom um dia tava è ccá assentade ó sol, do quental da cadêa, conde vê um pliça, com um gage que falou cómagente, da nossa fala e esse préguntô sê cria falar com o sôr Entoine.O gaje disse quéra do conselade.Iste é cá nam sê o quéra. Pegui em mim e fui com ele. ()Um dia tava ê cá dande de corpe da retrete, tôde descompôste cóme um homem tá conde tá fazendo o service,...".

sábado, 17 de agosto de 2013

OS ALGARVIOS SÃO MARAFADOS

Folheando o IV volume da Etnografia Portuguesa de Leite de Vasconcelos, descobrimos o retrato psicológico do Algarvio, que ainda hoje parece muito atual. "Os homens (algarvios) são laboriosos, ativos, industriosos....São em geral de boa índole, agasalhadores e hospitaleiros" p.587. "ao contário do Alentejano, tudo o interessa, de tudo fala, agita-se em permanência, com uma vivacidade quase infantil. No Algarve não há o silêncio e a impossibilidade: há o movimento constante, o falar, o cantar..." p.558.
"as mulheres algarvias são espitituosas e engraçadas, ataviam-se com graça;fabricam lindas obras de palma, pita, figo e rendas de linha" p.588 citando Silva Lopes...."no Algarve (...),os naturais não são capazes de estar um minuto calados" p588, citando Oliveira Martins"..." raça muito trabalhadora... de génio alegre, sempre cantando canções vivas e caratacterísticas, que estão em completa harmonia com a alegria da paisagem do Algarve" p.590, citando Tomás Cabreira." O Algarvio, se não fala arrebenta." notas do autor. p.592. Conta-se numa anedota da Mexilhoeira Grande que D. João VI, indo num navio com dois algarvios, prometeu quatro moedas de ouro para eles estarem calados uma hora. Eles estiveram uns minutos e disseram:- Não podemos estar sem falar,Real Senhor. Não queremos cá saber do dinheiro" p.593.
Fotos do jantar de Natal em 2007, na Associação Os Barões.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

COMA AMÊNDOAS PELA SUA SAÚDE

Os miolos de amêndoa são um alimento muito saudável que devemos comer com regularidade. As amêndoas têm grandes quantidades de gordura, mas essa gordura é insaturada, o que significa que beneficia a saúde cardiovascular. Acão anti-inflamatória As amêndoas ajudam a reduzir a inflamação das artérias, que é um sintoma precoce da doença cardíaca. Benefícios do consumo frequente de amêndoa - Ajuda a prevenir doenças cardiovasculares. - Ajuda a baixar o colesterol. - Ajuda a subir o HDL (bom colesterol). - Ajuda a prevenir a diabetes. Outros benefícios Quando comida com pele, o miolo da amêndoa destaca-se do resto dos frutos secos pela quantidade de fibra, por isso tem um maior efeito laxante. As Amêndoas são ricas em: - Vitamina E e Vitaminas do complexo B que têm efeitos antioxidantes. - Magnésio que é um mineral importante no controlo da tensão arterial e dos batimentos cardíacos - Cálcio é importante para o fortalecimento dos ossos. In http://www.maisalgarve.pt

O DECLÍNIO DA AMÊNDOA DO ALGARVE

O cartão de visita do Algarve com amendoeiras em flor foi a imagem de marca do Algarve alguns anos atrás, mas o declínio do pomar de amendoeiras que deixou de ser rentável para os agricultores, conduziu-nos à paradoxal situação de termos que importar amêndoa dos Estados Unidos da América e de Espanha, para satisfazer as necessidades da famosa doçaria algarvia à base de amêndoa. Na Nave do Barão não se verificou uma diminuição significativa do número de amendoeiras e a Várzea continua a apresentar um lindo manto branco no final do inverno,o que faz as delícias não só de residentes mas também dos visitantes que espreitam no alto da Curva da Morte. Contudo este imenso pomar de amendoeiras não foi renovado, está praticamente abandonado e os residentes apanham apenas a amêndoa para consumo caseiro. O custo da mão-de-obra está a crescer, inversamente ao preço do produto, que em 2010 atingiu o valor mais baixo dos últimos 10 anos: 47 cêntimos por quilo. A concorrência de outros mercados, que modernizaram as técnicas de produção e de recolha,apesar da qualidade e do sabor ser claramente inferior, ditaram a extinção desta atividade agrícola que foi durante muitos anos fonte de rendimento para muitas famílias. Se em 1990 o Algarve produzia 13000 toneladas, em cinco anos a produção baixou drasticamente para 1000 toneladas, sendo atualmente residual a produção deste precioso fruto seco algarvio. O que fazer para reabilitar a amêndoa do Algarve? Seria um debate interessante a promover na nossa região, que deveria envolver a Universidade do Algarve, especialistas mas também os produtores interessados em explorar este nicho de mercado. Quem come um miolo de amêndoa está longe de imaginar as voltas que a amêndoa deu para a poder trincar e todo o trabalho necessário para colher, descascar, secar e partir a amêndoa. Para poupar o trabalho paciente de partir amêndoas podemos recorrer ao Sr. Manuel João do Purgatório, junto a Paderne, deixando as amêndoas com casca para depois sair partida e com o miolo quase limpo. Os interessados podem ligar para o número 289367162 ou 966951235 e recolher informação. Dados retirados do livro Valorização do Pomar Tradicional de Sequeiro do Algarve, editado pela Universidade do Algarve.
O ano de 2015 foi um excelente ano para a amêndoa do Algarve, graças a uma conjuntura favorável,,( não choveu durante a floração e os preços de compra são compensadores). a apanha da amêndoa foi muito incentivada aqui na Nave do Barão e noutras zonas do Algarve. Se os preços de compra se mantivessem  será natural que as amendoeiras ganhem um novo alento na nossa província, não só como cartaz turístico mas também como atividade agrícola compensadora.
Mas para contrariar este optimismo, veio o ano de 2016 e devido a uma conjugação de fatores climáticos adversos não há literalmente amêndoas na Nave do Barão nem em toda a região.
Parece infelizmente confirmar-se o mau presságio antigo... Em ano bissexto cabe tudo num sexto. Realmente não houve amêndoas nem uvas, as ameixas e azeitonas escassearam. As alfarrobas e os figos contrariaram este panorama sombrio, mas a maioria das culturas foram escassas este ano. Dos três frutos secos (alfarroba, amêndoa e figo) que eram a grande fonte de rendimento, apenas a alfarroba  continua a merecer a atenção dos produtores. O figo deixou praticamente de ter interesse comercial, sendo apanhado, seco e conservado apenas para consumo familiar ou utilizado nas destilarias para produção de aguardente de figo.


ESTAMOS NA ALTURA DO VAREJO

Foto antiga com o Tio José Pires e o seu ajudante de campo. A tradição já não é o que era... Há alguns anos atrás os aldeãos acordavam muito cedo e antes do nascer do sol, ainda lusco fusco, ponham-se a caminho montados nos seus burricos, para ir apanhar amêndoas, alfarrobas e figos no montes que formam o vale cego que bordeja a Várzea de Nave do Barão.Durante a manhã traziam várias carradas com duas ou três sacas, atadas à albarda que vestia o dorso dos burros e machos.Levavam farnel e almoçavam à sombra das árvores,por vezes dormiam a folga abrigados do sol inclemente e voltavam à tarde já com o tempo mais fresco.Quando o varejo e apanha terminavam mais cedo dava para vir almoçar a casa o tradicional arjamolho, que refrescava a alma nestes dias com temperaturas altíssimas.Hoje os burritos desapareceram do quotidiano da aldeia, foram substituídos pelos tratores, as amêndoas e os figos deixaram de ser fonte de rendimento das famílias e o varejo é praticamente só feito para apanha das alfarrobas.O calor abrasador, utilizado para secar os figos e as amêndoas nas açoteias, esse continua a atingir valores muito altos, registando os termómetros talvez dos valores mais elevados de Portugal.Por isso não se vê vivalma nas ruas da Nave do Barão a partir do meio dia e até ao meio da tarde, sendo um período do dia aproveitado para recolher dentro de casa ou para ir refrescar e conviver no Café Barão, onde circula o jornal diário com as novidades da aldeia, por vezes "coloridas" com a imaginação popular e uma pitada de "invenção", para manter a tradição da mentira criativa, pelo qual a Nave é conhecida nas redondezas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

ALGUMAS SUGESTÕES PARA FAZER COM FIGOS

Pizas caseiras combinadas com presunto, queijo e rúcula, sanduíches e tostas com presunto,queijo ou salmão fumado, em iogurtes naturais juntando a gosto um pouco de mel, gelados caseiros, compotas, tartes e bolos, em saladas com diversos tipos de verdura. Experimente e surpreenda a sua família ou os convidados. Pode ainda levar à mesa figos secos flamejados com medronho.À noite e à luz das velas, além de deliciosa sobremesa ou aperitivo, ajuda a criar um ambiente de magia e exotismo. Se não conseguir arranjar figos na praça, porque são frutos muito perecíveis, dê um passeio nas redondezas, descubra algumas figueiras abandonadas, ou fale com os proprietários e peça autorização para colher alguns deliciosos figos maduros.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

CHAMA-LHE UM FIGO

O Figo, fruto generoso típico do Algarve, comido fresco no verão ou seco ao longo de todo o ano, está hoje menos presente devido à diminuição dos pomares de figueiras na região. A Ciência veio dar nova relevância a este fruto da dieta mediterrânea, confirmando as suas propriedades antioxidantes e medicinais (para a tosse, dores de garganta, infeções da boca e combate às baterias orais). Desde sempre foi considerado um fruto muito energético, utilizado pelos atletas no Jogos Olímpicos da Grécia antiga e recomendado a grávidas, mulheres na menopausa, a crianças, a pessoas em convalescença, com anemia ou fadiga, devido ao seu elevado teor em cálcio, ferro, potássio, fósforo e magnésio.
Tem um elevado poder energético mas surpreendentemente também pode ser utilizado para curas de emagrecimento.Comendo dois ou três figos frescos antes da refeição vai reduzir imenso o apetite e como é rico em fibras, protege ainda o intestino e tem uma função laxante. FIGOS COM BICHO? Havia aqui na Nave um ditado antigo muito engraçado... " olha-se para o cu do figo...se o estiver aberto é porque os bichos já saíram e se tiver fechado... é porque ainda não entraram". E dito isto lá iam os figos inteiros sem qualquer hesitação.

domingo, 4 de agosto de 2013

JOANA VASCONCELOS- No Palácio da Ajuda

Depois do sucesso da sua exposição em 2012 no Palácio de Versailles, o Palácio Nacional da Ajuda acolheu uma notável exposição desta jovem artista, que, graças à sua fértil imaginação, soube reinventar um percurso artístico singular que cruza habilmente tradição e progresso, inovando a partir de símbolos fortes da nossa cultura, recorrendo a uma diversidade de objetos que fazem parte do nosso quotidiano, conferindo-lhes uma nova dimensão estética que surpreende, deslumbra e inquieta. Sem a qualidade desejável, porque foram tiradas sem flash pelo Miguel Guerreiro, publicamos a seguir algumas das fotos recolhidas. A exposição tem sido um sucesso aproximando-se dos 200 000 visitantes, que constitui um redord notável para uma exposição de autor.
JOANA VASCONCELOS - At the Ajuda National Palace After her successful exhibition in 2012 at the Château de Versailles, the Ajuda National Palace hosted a remarkable exhibition of this young artist, who was able to reinvent a unique artistic journey thanks to her fertile imagination. This display gathers both tradition and progress, thereby showing innovation with key symbols of our culture and resorting to a diversity of objects that belong to our day-to-day, which endows them with a new, surprising, breathtaking and unsettling dimension as far as aeshetics goes. Despite the lack of quality of the photos because they were taken without flash, here are some of the ones we managed to gather.----------------------------------------------------------
- JOANA VASCONCELOS - Au Palais national d'Ajuda Après le grand succès de son exposition en 2012 au Château de Versailles, le Palais National d'Ajuda a accueilli une exposition remarquable de cette jeune artiste, qui, grâce à son imagination fertile, a été capable de réinventer un parcours artistique qui rassemble habilement la tradition avec le progrès. L'innovation de Vasconcelos est bien visible à travers l'utilisation des forts symboles de la culture portugaise et la diversité d'objets de la vie quotidienne, en leur conférant une nouvelle dimension esthétique étonnante, éblouissante et inquiétante. Les photos n'ont pas la qualité souhaitée car elles ont été prises sans flash. Voilà un échantillon des photos recueillies au Palais.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UMA INOVAÇÃO PARA UM MUNDO MELHOR- PLÁSTICO VIRA PETRÓLEO

Sendo o plástico derivado de petróleo, agora podemos inverter! Uma máquina para processar plástico, podendo ser separado em gasolina, óleo diesel ou petróleo. Os sacos plásticos dos supermercados vão valer ouro... O plástico regressa ao petróleo de onde veio. Engenho e perseverança japonesa. Ainda bem que há sempre alguém que consegue inventar algo que ajuda a reparar o que estragamos... O som é todo em japonês. Basta assistir lendo as legendas em inglês. Mesmo para quem não perceber japonês ou inglês, vale a pena ver. Grande descoberta! Ver clicando no endereço ao lado.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

ALFARROBA, o chocolate do Algarve

A alfarrobeira (Ceratonia siliqua):Pensa-se que a alfarrobeira terá sido trazida pelos gregos da Ásia Menor. Existem indícios de que os romanos mastigavam as suas vagens secas, muito apreciadas pelo seu sabor adocicado. Como outras, a planta teria sido levada pelos árabes para o Norte de África, Espanha e Portugal.Pensa-se que as suas sementes foram usadas, no antigo Egipto, para a preparação de múmias; foram, aliás, encontrados vestígios de suas vagens em túmulos. A casca do tronco deve ser colhida em fevereiro-março e com ela se faz uma decoção para fins antidiarreicos. Comer a vagem da alfarroba tem também as mesmas propriedades medicinais.
Do fruto da alfarrobeira tudo pode ser aproveitado, embora a sua excelência esteja ainda ligada à semente, donde é extraída a goma, constituída por hidratos de carbonocomplexos (galactomananos), que têm uma elevada qualidade como espessante,estabilizante, emulsionante e múltiplas utilizações na indústria alimentar, farmacêutica, têxtil e cosmética. Além de nutritivos, os produtos feitos com alfarroba são isentos de lactose, glúten e açúcar, podendo ser consumidos inclusive por quem tem alergia ao leite. in http://arvores-do-sul.blogspot.pt/

ALTE, o paraíso perdido no interior do Algarve

A Fonte Grande, formada com água corrente gue nasce num pegueno buraco gue se chama OLHO DE BOI,transforma-se numa piscina natural muito apetecível.
A Cascata do Vigário é outra maravilha natural de Alte que deslumbra quem a visita.

terça-feira, 30 de julho de 2013

ALGARVIANA - À DESCOBERTA DO ALGARVE INTERIOR

PERCURSOS NA SERRA ALGARVIA-VIA ALGARVIANA

Descrição Geral A Via Algarviana é uma Grande Rota Pedestre (GR13) que liga Alcoutim ao Cabo de S. Vicente, com uma extensão de 300km, na sua maioria instalados na Serra Algarvia. Pretende-se que venha a fazer parte das Rotas Trans-Europeias, ligando-se ao E4 e ao E9. O itinerário atravessa 11 concelhos do Algarve (Alcoutim, Aljezur,Castro Marim, Tavira, S. Brás de Alportel, Loulé, Silves, Monchique, Lagos, Portimão e Vila do Bispo) e cerca de 21 freguesias, sendo que em 2 dos concelhos apenas estão previstas, para já, ligações ao itinerário principal . Em cada freguesia, houve a preocupação de aproximar a via dos locais de maior interesse natural e cultural, bem como de serviços de alojamento e restauração, incluindo empreendimentos de Turismo Rural, aldeias típicas do interior algarvio, etc. Para além do seu valor intrínseco, a Via Algarviana pode ser considerada a “espinha-dorsal” de uma rede de percursos pedestres no Algarve, que a complementam e lhe criam diversas alternativas, ao sabor dos gostos e das capacidades dos caminhantes. Neste sentido, todos os percursos que cruzam com o traçado da Via Algarviana são divulgados e identificados no terreno, bem como aqueles que se liguem a esta. O percurso será segmentado em troços até 30km, que possuem uma ficha interpretativa e de informação disponível no site. Pretende-se divulgar tudo que esteja relacionado com o patrimonio natural e cultural, bem como os alojamentos, restaurantes, serviços de apoio, etc. - See more at: http://www.viaalgarviana.org/index.php/the-track/#sthash.PJFtA8Ph.dpuf

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A LENDA DA MOURA ENCANTADA DO CASTELO DE SALIR

Uma lenda local afirma que a povoação deve o seu nome à filha do alcaide mouro de Castalar, Aben-Fabilla. Ameaçado pelas tropas de D. Afonso III, fugiu do castelo, tendo antes enterrado o seu tesouro, planejando retornar mais tarde para resgatá-lo. Quando os cristãos abordaram o castelo, encontraram-no abandonado, ocupado apenas pela jovem filha do alcaide, que rezava com fervor. Interpelada, explicou aos seus captores que havia preferido ficar no castelo a “salir”. Do alto de um monte vizinho, Aben-Fabilla avistou a filha cativa dos cristãos e, com a mão direita, traçou no ar o signo de Salomão, enquanto proferia uma fórmula mágica. Nesse momento, o cavaleiro D. Gonçalo Peres, que falava com a moura, viu-a transformar-se numa estátua de pedra. A notícia da moura encantada espalhou-se e, um dia, a estátua desapareceu. Em memória desse estranho sucesso ficou aquela terra conhecida por Salir, em homenagem à coragem da jovem moura. Ainda hoje se acredita que, em certas noites, a moura encantada aparece no Castelo de Salir.

domingo, 28 de julho de 2013

Polo museológico do Castelo de Salir

O CASTELO DE SALIR

Salir (Selir em árabe) é referido, entre os documentos compilados no Portugaliae Monumenta Historica, como o local onde as forças sob o comando do Mestre D. Paio Peres Correia aguardaram a chegada das de D. Afonso III (1248-1279) para, em conjunto, empreenderem a conquista dos últimos focos de resistência muçulmana no Algarve. A fortificação de Salir desempenhou, nesse contexto, papel estratégico. Posteriormente, o castelo foi incendiado e reconstruído por duas vezes, restando-nos atualmente apenas as ruínas de seus antigos muros.

SELEÇÃO MUSICAL

sábado, 27 de julho de 2013

ROSA ALBARDEIRA - AINDA EXISTE NA NAVE DO BARÃO

A Rosa Albardeira é uma planta ornamental, da família ranunculaceae, com um período curto de duração da flor, no início da Primavera. Cresce nos lugares pedregosos e sombrios do barrocal algarvio e na zona de Monchique, pode atingir 40 cm de altura, tem flores cor lindíssima de rosa púrpura e estames numerosos e amarelos ao centro. Devido às alterações do habitat, nomeadamente o abandono do pomar típico do barrocal à base de alfarrobeira, amendoeira, figueira e oliveira corre o risco de figurar entre as espécies autóctones em vias de extinção. É uma planta medicinal com propriedades anti-espamódicas e vasoconstitoras. Utilizavam-se as raízes e a flor mas não era aconselhável a mulheres grávidas. As sementes são venenosas. Na Nave do Barão ainda há alguns nichos cada vez mais raros, na vertente sul, menos exposta do sol e geralmente debaixo de alfarrobeiras e azinheiras. Antigamente era também utilizada para fins decorativos mas desde que foi considerada uma planta em extinção,o residentes deixaram de ter essas práticas. Para eventuais visitantes estrangeiros publicamos o texto equivalente em Inglês. Western Iberian Peony Plant from the Ranunculaceae Fammily. Plant till 40 com high. It,s vry ornamental but with a short duration of the flower. It blooms from March till June. It gnows in stony places of the barrocal and Monchique. Adaptação do livro Plantas do Algarve, edições Afrontamento

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A LUA TERÁ INFLUÊNCIA NO SONO? SERÁ MAIS DIFÍCIL OU MAIS FÁCIL DORMIR NA LUA CHEIA?

São conhecidas as recomendações do Borda D’Água para que se tenham em conta as fases da Lua para certas atividades agrícolas : cortes e podas de árvores, tosquias de animais devem feitas no quarto minguante e para algumas sementeiras e plantações recomenda-se o quarto crescente. Não havia no entanto evidências científicas de que a Lua teria influência no sono. Muito recentemente alguns cientistas fizeram estudos e acreditam que quando a Lua se apresenta cheia há uma maior dificuldade em adormecer. Segundo o estudo realizado numa universidade Suíça com 33 voluntários há uma relação direta entre o sono e as fases da Lua. O fenómeno deve-se à existência de um "relógio circalunar" no corpo humano. "O ciclo lunar parece influenciar o sono humano, mesmo quando não se vê a lua e quando não se tem consciência da fase lunar atual", explica Christian Cajohen, co-autor do estudo, da Universidade de Basel, na Suíça . Para este biólogo, os resultados da investigação da sua equipa, publicados na edição deste mês da Current Biology, podem provar a existência de um "relógio circalunar". Este relógio, que funciona como um relógio biológico interno programado nos genes dos humanos, faz com que as pessoas demorem mais tempo a adormecer quando a lua se apresenta cheia e, quando finalmente conseguem, o sono revela-se mais leve - o que significa que dormimos menos. Esta investigação analisou os padrões de sono de 33 voluntários: verificou-se que com a lua cheia os participantes mostraram uma redução de 30% de actividade cerebral relacionada com o sono profundo. Artigo publicado em: http://visao.sapo.pt/e-mais-dificil-dormir-quando-esta-lua-cheia=f742895#ixzz2aA7ue3Se

O CASAMENTO PERFEITO ENTRE O BIO E O VEGETARIANO

FORMAÇÃO EM COZINHA BIOVEGETARIANA MÓDULO I - 21 Setembro 9h00 Módulo I - Primeiros passos na Alimentação Vegetariana Sábado 21 de Setembro - Horário: 9h às 17h Destinatários: público em geral Conteúdos programáticos: •Principais nutrientes para uma vida saudável; •Proteína padrão e fontes de origem vegetal; •Pirâmide alimentar; •Composição e confecção de uma refeição ovo-lacto-vegetariana, completa e saudável. Condições de participação Inscrição por módulo – 30,00 € Se efectuar uma inscrição nos quatro módulos de Cozinha Biovegetariana terá um preço total especial de 100 €. Em todos os módulos a organização assegura o almoço e o lanche. pode fazer inscrição no site Inlocoque faz parte dos recomendados neste blogue.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

ANTÓNIO ALEIXO,O POETA POPULAR NA NAVE DO BARÃO

Como sabem António Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António em 18702/1899 mas foi em Loulé que viveu e com as dificuldades da vida desenvolveu os seus dotes poéticos, deixando-nos um espólio publicado neste Livro que vos deixo e mais tarde em Inéditos, que ainda hoje mantém atualidade. Morreu em Loulé com 50 anos, no dia 16 de Novembro de 1949. Teve uma vida muito difícil, tentou vários modos de sobrevivência e de sustento da família, andava nas feiras a declamar as suas poesias muitas delas de improviso e vinha às aldeias do interior fazer serões, a troco de produtos agrícolas que lhe ofereciam os agricultores. Esteve na Nave do Barão animando alguns desses serões e pernoitou em casa da família Valente, que eram as pessoas mais ricas da Nave do Barão. Declamava com mestria quadras e improvisava a pedido das pessoas que o ouviam. Numa dessas ocasiões alguém lhe disse que havia uma mulher na plateia que dava "assistência" a vários homens solteiros, casados e viúvos e ele improvisou assim: Pelo que acabam de me dizer, Valha-me Deus, Espírito Santo; Nunca havia de morrer Uma mulher que dá para tanto. Seguiu-se risota geral com os olhos postos na dita senhora, que tão bem conheci mas não digo o nome porque respeito a sua memória.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

AS PRAGAS DE ALVÔR

Os habitantes de Alvôr com a sua fértil imaginação, produziram um conjunto fantástico de pagas que constituem um património cultural inestimável do Algarve. Vale a pena ler e reler e rir, rir ... Selecionámos apenas dez entre muitas, escritas com o sotaque caraterístico. Ah maldeçoade! Que tevesses uma dor de barriga tã grande, tã grande, que te desse pra correr, que cande más corresses más te doesse e que cande parasses arrebentasses. . Oh maldeçoade, só queria que tevesses sem um tostão ferade na alzebêra, que visses uma cartêra cheia de notas caída na rua e quando te fosses abaixar pr’á apanhar te caísse a tampa do peito. . Oh maldeçoade havia de te crescer um par de cornos tão grandes e tão pequenos, que dois cucos a cantarem, cada um na sua ponta, não se ouvissem um ao outro. . Amaldeçoade môce, havia de te dar uma dor tã grande, tã grande, que só te passasse com o sumo de pedra. . Ah moça marafada, havias de apanhar tante sol, tante sol, que t’aderretesses toda e fosse preciso apanhar-te às colheres como a banha. . Que te desse uma traçã no beraco desse cu, que tevesses sem cagar oito dias e quando cagasses só cagasses figos de pita inteiros. . Ah marafada, havias de fecar tão magra, tão magra, que passasses po beraco duma agulha de braços abertos. . Havia de lhe dar uma febre tã grande, e tão pequena, que lhe derretesse a fevela do cinte e os betons da farda. . Permita Dês que toda a comida que hoje quemeres, amanhã a vás cagar ao cemitério já de olhos fechados. . Oh maldeçoado moce, havias de ter uma dor tã grande, tã grande, que te desse p’andar. Mas que andasses tante, tante, que gastasses as pernas até aos joelhe.

NO VERÃO APETECE MESMO ARJAMOLHO

Na Nave do Barão como em toda a Serra do Caldeirão, no verão geralmente ao almoço come-se com frequência o Arjamolho que no Alentejo aparece como Gaspacho. Modernamente com o aparecimento do frigorífico utilizam-se cubos de gelo, mas antigamente era com água fresquinha dos cântaros ou enfusas de barro. Acompanha-se geralmente com sardinha ou carapau assados ou fritos. Ingredientes: Para 4 pessoas Receita adaptada de inhttp://palavrasdapipoca.blogs.sapo.pt/ • 300 grs de tomates maduros ; • 3 dentes de alho ; • 1 cebola • 1 pimento verde ; • 1 dl de azeite ; • 2 cls de vinagre ; • 200 grs de pão caseiro duro ; • oregãos q.b. ; • sal grosso q.b. Confecção: Descasque os dentes de alho e pise com sal. Tire os pés aos tomates,corte em bocados pequenos. Limpe o pimento e corte, também, em bocados pequenos ou tiras. Num recipiente, deite o azeite, os oregãos, água fria e o vinagre. Junte os dentes de alho,pique a cebola, o sal e os tomates. Corte o pão em fatias pequenas e adicione. Mexa e sirva bem frio. Conselho: Utilize vinagre de vinho. Bom Apetite!!!

terça-feira, 23 de julho de 2013

COMO REFRESCAR A MELANCIA SEM COLOCAR NO FRIGORÍFICO?

Parece mentira mas é verdade. Como não haviam frigoríficos as pessoas do Barrocal Algarvio cortavam a melancia às fatias e colocavam-nas ao sol. Passado algum tempo a melancia ficava mais fresca devido à evaporação da água. Se ainda tem dúvidas experimente.

A MAGIA DA MELANCIA

Melancia (Citrullus lanatus) é o nome de uma planta da família Cucurbitaceae e do seu fruto. Trata-se de uma erva trepadeira e rastejante originária da África. Foi no tempo dos descobrimentos que os portugueses descobriram este fruto apetioso na costa ocidental de África, podendo ter polpa vermelha, amarelada ou branca. Rica em açúcar, amido, água e sais minerais lipocromas, vitaminas A, C, B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B6, B12, niacina, ácido fólico e biotina. Para os árabes e turcos tem propriedades purificadoras do corpo e, faz desaparecer as doenças. Nos Estados Unidos costuma-se fazer picles com a casca da melancia. Na Índia faz-se pão de farinha de semente de melancia; no Médio Oriente comem-se as sementes assadas. SUMO DE MELANCIA In http://receitaslightmissslim.blogspot.pt Ingredientes: . 1 copo de água mineral . 4 a 5 copos de cubos de melancia em pedaços, sem casca e sem sementes . Sumo de meio limão ou lima (coloquei sumo de 1 limão inteiro) . Imenso gelo . Podem adoçar com Frutose ou adoçante natural, eu não coloquei qualquer tipo de adoçante, para mim o doce da fruta basta. (eu não adoço com nada, a fruta já por si é doce e eu gosto assim) Bater tudo no liquidificador e já está. Colocar bastante gelo e servir. Super fácil, rápida, muito refrescante, saciante, nutritivo, pouco calórico, diurético, antioxidante natural, possui muitas fibras e pode prevenir diversos tipos de cancro. Excelente opção para refrescar nos dias de calor. E para quem tem retenção de liquidos então é fenomenal

segunda-feira, 22 de julho de 2013

CRENÇAS, DITOS E MEZINHAS

DENTE MOURÃO Quando caia um dente de leite era tradição as crianças ficarem de costas para o telhado e atiravam o dente de leite para trás das costas dizendo: Dente, dente mourão, Toma lá o meu dente podre e dá cá o meu são. DE UM CABELO NASCIA UMA COBRA Havia uma crença dos mais antigos muito estranha. Acreditavam que se déssemos um nó num cabelo e o deitássemos dentro de um pia com água, passado algum tempo nasceria uma cobra. O SOL DA MOSCA Assim se chamava o Sol do meio dia, talvez porque a partir daí as moscas começavam a chatear, atraídas pelo suor e muitas vezes era hora de voltar para casa para almoçar. AS REFEIÇÕES TROCADAS De manhã tomava-se o Almoço. Ao fim da manhã era o Jantar E ao fim do dia vinha a Ceia. A "DAROEIRA" MILAGROSA Quando andavam nos montes e tinham sede, procuravam uma pia com água no meio das pedras calcárias, geralmente à sombra de uma alfarrobeira, cortavam um ramo de Aroeira que metiam dentro de água deixando um lastro visível que se espalhava à superfície.Só depois deste procedimento é que saciavam sede. PENSOS ECOLÓGICOS Quando havia uma ferida era usual cortar um ramo de lentrisco ou trovisco, dele retirar a pele e com terra húmida fazer uma aplicação no local da ferida.

terça-feira, 16 de julho de 2013

NA ASSOCIAÇÃO DA NAVE DO BARÃO

O jogo de cartas com mesas de jogadores para homens e mulheres é uma tradição muito antiga na Nave do Barão. Mas desta vez o fotógrafo foi encontrar um caso raro com um homem a jogar na mesa com mulheres. Será que a tradição já não é o que era ou que o machismo está a perder terreno?

SALIR DO TEMPO

Salir transfigurou-se, recuou no tempo e foi visitada durante dois dias por muito milhares de visitantes para assistir a mais uma edição de Salir do Tempo, neste ano de 2013 da graça de Jesus Cristo. Bem hajam a Junta de Freguesia de Salir e a Câmara Municipal de Loulé que proporcionaram esta interessante recriação tendo como fonte de inspiração o antigo castelo de Salir.

domingo, 31 de março de 2013

A LAGOA DA NAVE DO BARÃO

A Lagoa da Nave formada pela acumulação de água num vale cego ladeado por dois montes, preenche uma vasta zona de fundo plano durante o inverno, prolongando a forma lacunar até ao final da Primavera, variando a quantidade de água com a intensidade das chuvas. Este ano o inverno foi bastante chuvoso e o mês de março com precipitações fora do normal, segundo as estatísticas há 40 anos que não chovia no mês da primavera, a Lagoa da Nave está com muita água, dando à paisagem uma beleza ainda maior. O terreno impermeável não permite uma drenagem para o lençol de água subterrânea que dizem ser o maior aquífero de água doce do Algarve, que se estende desde Querença a Algoz.

LAGOA DA NAVE

O FOLAR DA PÁSCOA SERRANO

RECEITA DO FOLAR DA PÁSCOA À MODA ANTIGA Prepara-se o gosto tradicional fervendo em leite paus de canela, anis estrelado, cascas de limão e manteiga derretida e reserva-se. Em alguidar amassar a farinha com leite morno, juntando o fermento de padeiro açúcar e erva doce que se irá desfazer na massa. Deixa-se a massa de um dia para o outro a levedar, fazendo o sinal da cruz e tapando com pano branco. No dia seguinte moldam-se em forma de bolo, colocam-se os ovos cozidos no cimo dos bolos e presos com tiras de massa. Os folares vão ao forno de lenha e quando estiverem quase cozidos tiram-se para fora, pincelam-se com ovos batidos para voltarem de novo ao forno para ficarem louros e brilhantes. Depois... fazem as delícias das famílias com o verdadeiro sabor dos folares da Serra do Caldeirão. NA NAVE DO BARÃO AINDA MUITAS MULHERES UTILIZAM ESTAS TÉCNICAS TRADICIONAIS. Fui fotografar a minha tia Teresa nesta labuta e publico algumas fotos no blogue. Quem compra nos hipermercados os folares de produção industrial,fica decepcionado com o sabor e com a textura da massa.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Para quem não é algarvio

tradução vocabular: Solpostinho- Ao por do sol Lusco fusco – Ao escurecer Adregar- Ver Luzincus – Pirilampos Zirpada – Aguaceiro forte e repentino Alvadas – Corrente de água Arremedam -Imitam Dardevaia – Dar notícia Charola – Presépio Caramelo- Película de gelo Mochécos – Crianças Lampeiros- Ligeiros Assomar- Espreitar Caçoila- Caçarola Bexiga de porco insuflada- equivalente a um balão

O NATAL NA NAVE HÁ 50 ANOS

Solpostinho, lusco-fusco, adrega-se uma constelação de luzincus que pisca intermitente, aninhada no barro rubro Entre pedras encimadas na parede do forno. Pela chaminé rendilhada saem farripas de fumo e o cheiro a fritos de natal invade a rua, casando-se com o a aroma da terra molhada. A zirpada deixou pequenas alvadas, na vereda pedregosa, crianças arremedam barragens na lama fresca vestindo capotes improvisados com sacas de serapilheira. Portas abertas dão devaia da charola, lamparinas de azeite iluminam foscamente mesa de altar improvisado, figuras do presépio, santos de cartolina laranjas, romãs, searas verdejantes, projetam magia nas paredes caiadas. Na alvorada do novo dia a geada desenhou caramelos nos alguidares que dormiram ao relento. Os mochécos correm lampeiros ao fumeiro ali perto das caçoilas tisnadas assomam suas botitas cardadas meia dúzia de rebuçados, … alguma peça de roupa tricotada, uma bexiga de porco insuflada fazem a alegria da pequenada.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ADEUS TIA CHICA...

FALECEU A TIA CHICA

Era a mulher mais velha da Nave, ia fazer 102 no dia 24 de Abril e faleceu no passado dia 19 de Fevereiro.
Foi muito bonita a festa que o seu neto Sérgio e a família lhe fez, para assinalar o 100º aniversário. Nessa altura ainda conhecia as pessoas e dizia coisas com sentido.
Nos últimos tempos perdeu a lucidez, viajava num mundo imaginário e cantava com frequência as melodias do seu tempo.
Foi inaugurar o novo espaço no Cemitério de Salir onde deixou de ser deitada terra sobre o caixão que é metido numa caixa de cimento, coberto por uma enorme placa de mármore selada com cola, evitando assim os cheiros da decomposição.
Era no seu tempo a única mulher da Nave que sabia nadar.
Aprendeu a nadar ainda menina na Ribeira que passa na Aldeia da Tor, onde nasceu.
Recordo-me dela em Quarteira, a nadar ao meu lado, era eu então um adolescente.


Adeus Tia Chica...
Obrigada pelo seu exemplo e testemunho de uma vida inteira de trabalho e amizade...

Descanse em paz!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

TIA MARIA NAIÇA


Os mais novos não conheceram mas os mais velhos ainda se lembram desta mulher simples e lutadora, que durante 28 anos foi buscar o correio a Salir e garantia a distribuição porta a porta das cartas vindas de longe, trazendo notícias do mundo e dos muitos emigrantes que partiram em busca de uma vida melhor.
Substituiu o marido nesta função e percorreu mais de 200 mil quilómetros, ao serviço dos Correios de Portugal, a troco de uns tostões (3$00 por dia), que se juntaram a partir de 1971 à pensão de viuvez.
Atravessou o serro, caminhando veredas e atalhos até ao Caminho da Fonte, tantas vezes ao frio e à chuva, até que num acidente de percurso, no dia 1 de Julho de 1983, partiu uma perna. Foi então o seu filho Firmino que assegurou este serviço para que não fosse interrompido.
Por ingratidão dos Correios para com esta funcionária, que tão diligentemente os serviu, não recebeu qualquer pensão por invalidez, porque para esta instituição a Ti Mari'Náiça nunca existiu, apesar de lhe terem pago o seu trabalho durante quase três décadas.
Para memória futura e como símbolo de gratidão da Nave do Barão, aqui fica este apontamento mais que merecido a esta mulher lutadora, simples e generosa.
TI MARI'NAIÇA , esteja onde estiver quem a conheceu não a esquecerá.

sábado, 7 de janeiro de 2012

VAMOS CANTAR AS JANEIRAS

Há muitos anos atrás grupos de janeireiros percorriam as casas da Nave, por vezes a altas horas da noite, para cantar as janeiras e desejar um bom ano aos moradores.
Lembro-me ainda gaiato de ir com os moços da minha idade de porta em porta perguntar: Canta-se ou reza-se?

Estou aqui à sua porta,
Encostado ao seu portão;
Viva a patroa de casa,
Viva também o patrão

Quando vinha lá em baixo,
Tropecei numa cortiça;
Logo o meu camarada disse
Que esta casa dava chouriça.

Estou aqui à sua porta,
Não é por pão nem leite,
é por aquelas coisinhas
Que de frigem no azeite.

E lá vinha o refrão:

Janeiró, Janeiró
Venho o prato da filhó
Uma para mim
Outra prá minha avó

E agradecíamos:

Fique com Deus senhora,
Que com Deus me vou andando
Sua casa fica em paz,
E os anjos nos vão guiando.

Ou se não estavam em casa e não respondiam
lá vinha a chacota:

Arregota, arregota
Venha-nos dar a esmola
Senão cagamos à porta...

Havia grupos de homens e por vezes mulheres,
com cantos mais elaborados e com instrumentos musicais.
O que tinha sempre muitas esmola era o do Manuel Candeias
dos Montes de Cima, que penetrava mais fundo no coração
das pessoas.

Começava assim:

Acordai se estás dormindo
Nesse sono tão profundo,
Acordai e venha ouvir
As almas do outro mundo.